13 - Câmara dos Deputados
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Abril de 1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta·feira <strong>13</strong> 9345<br />
Fisc:alização e Controle <strong>dos</strong> Senhores Eduardo<br />
da RochaAzevedo, Presidente da Bolsade Valores<br />
de São Paulo, e Geraldo Forbes, Diretor da Fínacorpo<br />
Outro argumento tomou como base as ações<br />
preferenciais. Por que não vendê-Ias, já que a<br />
transferência de ações ordinárias é dificultada pelo<br />
alegado acordo de acionistas? Em dezembro<br />
de 1987 as ações preferenciais de propriedade<br />
do BNDES correspondiam a 1,46% das ações<br />
ordinárias, pelo que se pode afirmar que sua venda<br />
proporcionaria 2,3 mais recursos do que os<br />
proporcina<strong>dos</strong> pela venda de 26% das ações ordinárias<br />
daquele banco.<br />
Ponto também que tem causado estranheza<br />
refere-se à obtenção de parte do capital requerido<br />
pela ampliação da Companhia, através da conversão<br />
da divida externa sem deságio. Sabendo-se<br />
que, em operação recente da conversão, o Governo<br />
brasileiro absorveu um deságio equivalente<br />
a 28% do valor convertido, essa é uma fórmula<br />
que dificilmente será aceita pela opinião pública.<br />
Em suma: a venda das ações pertencentes ao<br />
BNDES da Companhia Aracruz de Celulose não<br />
só não é urgente como tem sido objeto de sérias<br />
irregularidades. Nossa proposta é, portanto, de<br />
que se suspenda o leilão previsto para o dia 3<br />
de maio de 1988, deixando-se a fixação de nova<br />
datapara o momento em que a operação estiver<br />
melhor preparada (com seu ajustamento às normas<br />
supra-referidas) e as dúvidas levantadas tenham<br />
sido adequadamente esclarecidas. (Muito<br />
bemll<br />
o SR. EDUARDO JORGE (PT - SP. Pronuncia<br />
o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,<br />
Sr""e Srs. Constituintes:<br />
Está em curso em todo o País uma campanha<br />
das entidades empresariais para, no 2° turno de<br />
votação, serem derrubadas as poucas conquistas<br />
reais que a classe trabalhadora conseguiu inserir<br />
no texto aprovado no primeiro turno de votação<br />
no plenário do Congresso Constituinte.<br />
A campanha é agressiva e tem ampla acolhida<br />
nos meios de comunicação, monopoliza<strong>dos</strong> por<br />
um pequeno grupo de capitalistas em íntima assocíeção<br />
com o Governo Federal.<br />
É comum se ver o Sr. Antônio Ermírio de Moraes,<br />
por exemplo, na lV, rádios ou jomais, falando<br />
contra a jornada máxima de 6 horas para o<br />
trabalho em turnos ininterruptos.<br />
Essa postura intransigente e agressiva tem tido<br />
conseqüências imediatas no relacionamento entre<br />
patrões e trabalhadores no dia-a-dia.<br />
E com essa fundamentação que quero trazer<br />
aqui ao Congresso Constituinte uma denúncia<br />
de corno esses avanços limita<strong>dos</strong> estão sendo<br />
ataca<strong>dos</strong> pelos capitalistas.<br />
Em São Paulo uma empresa do setor plástico<br />
na zona leste da capital, a Iberplás, vem submetendoas<br />
operáriasa constrangimentose pressões<br />
verdadeiramente criminosos! A pretexto de não<br />
suportar os 120 dias de licença-maternidade<br />
aprova<strong>dos</strong> na Constituinte, vem demitindo operárias;<br />
e mais, obrigaasoperárias a assinarem documento<br />
que diz: "venho por meio deste solicitar<br />
a minha demissão, em caráter irrevogável, por<br />
motivo de estar grávida e solicito a dispensa do<br />
cumprimento do aviso prévio".<br />
Várias operárias foram demitidas e as que permaneceram<br />
na empresa foram obrigadas a assinar<br />
tal documento.<br />
Neste momento quero fazer a denúncia no<br />
Congresso Constituinte, pedir transcrição do jornal<br />
do Sindicato <strong>dos</strong>Plásticos e encaminharcópia<br />
para o Ministério do Trabalho tomar as providências<br />
necessárias.<br />
DOCUMENTO A QUE SE REFERE O<br />
ORADOR:<br />
IBERPI.ÁS: {IM CRIME<br />
Coação e pressão contra as mulheres<br />
Um crime. Essa é uma das formas de como<br />
podemos encarar a medida adotada pela direção<br />
dessa empresa contra as companheiras trabalhadorasque,<br />
sobcoaçãoe pressão, foram obrigadas<br />
a assinar um documento onde pediam demissão<br />
em caráter irrevogável e ainda com dispensa do<br />
cumprimento de aviso prévio por estar grávida.<br />
Tamanho desrespeito tinha e tem como objetivo,<br />
além da repressão clara e deslavada contras<br />
as mulheres, implementar uma visão na opinião<br />
pública contra a licença-maternidade de 120dias<br />
que foi aprovada no projeto da futura Constituição.<br />
Mauexmeplo<br />
Esse tipo de mau exemplo, aliás, está sendo<br />
seguido por diversas outras fábricas de diferentes<br />
categorias profissionais que, se não adotam a<br />
mesma medida, já começam a redobrar os mecanismos<br />
de discriminação contra a mão-de-obra<br />
feminina.<br />
Atitudes desse tipo são reflexos diretos do comportamento<br />
de um empresariado atrasado, reacionário<br />
e mesquinho que não consegue, sequer,<br />
encararconquistas mínimas<strong>dos</strong> trabalhadores no<br />
camposocial. É a prática do chamadocapitalismo<br />
selvagem que, como qualquer outro, massacra<br />
milhões em função <strong>dos</strong> privilégios de uns poucos.<br />
Para intimidar<br />
Mas,voltando ao casolberplás, a empresa, além<br />
dessa safada atitude, ainda procurou arrumar formas<br />
para intimidar as trabalhadoras. E, logo de<br />
cara, dernitiram umacompanheiragrávida e, pouco<br />
tempo depois, outras cinco; tudo para dar um<br />
ar de validade e importânciaa essetal documento.<br />
Dá para perceber, com tais medidas, que a<br />
intenção, ou melhor, a completa má intenção da<br />
direção da Iberplás busca objetivos como o clima<br />
de terror na empresa contra as mulheres e, conforme<br />
já dissemos, formalizar junto à opinião pública<br />
uma posição contrária à licença-maternidade<br />
de 120 dias.<br />
Vamos responder<br />
Diante de tantos absur<strong>dos</strong> e safadezas, o Sindicato<br />
se mobilizou para pôr fim a essa medida<br />
e ainda chama a atenção de to<strong>dos</strong> para quetamanha<br />
aberração não se alastre. É um momento<br />
de total solidariedade com as companheira da<br />
Iberplás.<br />
Éclaro quenãobasta o Sindicato chiar sozinho;<br />
tem que está todo mundo nessa luta. Portanto,<br />
vamos juntos exigir a readmissão das companheiras<br />
demitidas e a imediata destruição pública<br />
desses documentos de pedido de demissão em<br />
caso de gravidez que foram assina<strong>dos</strong>.