13 - Câmara dos Deputados

9346 Quarta-feira 13 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmUINTE Abril de 1988
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OUTRAS IRREGU1..ARIDADES
Além da coação e repressão contra as mulheres,
muitas outras irregularidades correm soltas
na Iberplás. Essa empresinha, como podemos
perceber, é o tipo de "boca de porco" que só
dá canseira no pessoal.
As seqüências de abusos passam principalmente
pelas más condições de trabalho onde mulheres
grávidas, por exemplo, são.obrigadas a trabalhar
com solventes. As horas extras, aliás, eles
costumam obrigar o pessoal a fazê-Ias, são pagas
por fora, ou seja, não são anotadas no hollerith.
Equiparação salarial: essa é uma das necessidades
mais sentidas pelo pessoal uma vez que
existe muito trabalho igual com salários diferenciados.
Irregularidades, como vemos, não falta na Iberplás.
Nem mesmo o vale-transporte eles pagam;
E mais e mais enrolações e irregularidades dessa
empresa. Agora, o pior mesmo fica por conta
das ofensas morais às companheiras trabalhadoras
que os jagunços do patrão desferem:
Tudo isso s6 tem um jeito companheiros:
união, organização e luta para acabar com tantos
abusos. Então, mãos à obra e vamos à luta.
MULHERES DIZEM QUE lNDÚSlRlA DEMITE
GRÁVIDAS
São Paulo - Cerca de 100 pessoas reuniramse,
ontem de manhã, em uma manifestação em
frente à empresa Iberplás, fabricante de peças
em acrílíco,na Mooca, Zona Leste da capital paulista.A
manifestação protestava contra uma carta
que as funcionárias afirmam terem sido obrigadas
a assinar dia 25 de março, sob ameaça de perda
do emprego, assumindo o compromisso de que
pediriam demissão caso ficassem grávidas.
"Venhopor meio desta solicitara minha demissão,
em caráter irrevogável, por motivo de estar
grávida e solicito a dispensa do cumprimento do
avisoprévio",diziaa carta, batida em papel sulfite,
sem o timbre da empresa. Abaixo da assinatura
e funcionária, em letras maiúsculas, está a palavra
"Candidata". "Além de fazer isso com as fun­
-cionárias, eles também querem que todas as cano
didatas a empregona empresaassinem essacarta
no contrato de trabalho. E uma forma de coerção.
Q..Ierem jogar a opinião pública contra os 120
dias de licença-maternidade aprovado na Constituinte",
reclamou Francisco Chagas Francelino,
diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas indústrias
de MaterialPlásticoe nas Indústriasde Produção
de Laminados.
Todas - Segundo Salete Anísio da Silva, exfuncionária
da empresa, demitida oito dias depois
de ter assinado a carta, todas as funcionárias foram
chamadas a comparecer ao escritório da indústria
e obrigadas a assinar o documento. "Chegaram
com a carta pronta para gente assinar,
falando que a gente ia ser mandada embora se
não assinasse. Disseram que agora tinha essa
lei e que já estava correndo essa carta em todas
as empresas para assinar", contou. Salete havia
sido contratada um mês e meio antes e só foi
demitida, segundo José Hemández Picô, um dos
sócios da empresa, porque a empresa parou de
receber pedidos e teve que cortar pessoal.
Segundo Hemández, isso não aconteceu. A
Iberplás tem 70 funcionários, dos quais 27 são
mulheres. Hemández Pic6 negou que a empresa
demita mulheres por temerumapossívelgravidez.
Mas concordou que, confirmada na Constituinte
a licença-maternidade de 120 dias, "provavelmente
pararei de contratar mulheres, mas não
escrevi carta nenhuma", disse. Depois sem se