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13 - Câmara dos Deputados

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Abril de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira <strong>13</strong> 93<strong>13</strong><br />

o SR. RENATO JOHNSSON (PMDB- PRo<br />

Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,<br />

Srs. Constituintes, sob a alegação de disciplinar<br />

a distribuição de deriva<strong>dos</strong> de petróleo e álcool<br />

carburante, foram apresentadas várias emendas<br />

ao art 207 do Projeto de Constituição da Comissão<br />

de Sistematização.<br />

O artigo em si gerou intensa polêmica pois<br />

estabeleceu o monopóho da distribuição <strong>dos</strong> deriva<strong>dos</strong><br />

de petróleo. Consultada a Petrobrás pretensamente<br />

a pnncipal interessada nesse monopólio,<br />

umavez quejá o detém no que respeita à pesquisa<br />

e exploração, manifestou-se seu Presidente contrariamente.<br />

Entende a Petrobrás que a livre concorrência<br />

na distribuição é salutar à eficiência.<br />

Por outro lado, o País necessita de novos investimentos<br />

para estimular a economia e a aquisição<br />

das distribuidoras estrangeiras não geraria novas<br />

riquezas, empregos, tributos, etc.<br />

Mas não bastasse esse fato, algumas emendas<br />

estabelecem uma mjustificável reserva de mercado.<br />

É o caso da emenda que beneficia os TRRs<br />

(Transportadoras - Revendedoras - Retalhistas),<br />

atribuindo-lhes além da venda domiciliar, o<br />

retalho a pequenos consumidores industriais, o<br />

suprimento a grande consumidores industriais inclusive<br />

empresas aéreas e de navegação que envolvem<br />

vultuosos investimentos.<br />

Num pais com escassez de recursos e alto índice<br />

de desemprega<strong>dos</strong> novamente iremos aplicar<br />

dinheiro não em novos investimentos mas na estruturação<br />

de um setor que já está organizado.<br />

Essa emenda, inclusive, deixou de lado a estrutura<br />

<strong>dos</strong> postos revendedores, que no Brasil são mais<br />

de 20.000 e, que sem qualquer outro investimento,<br />

poderiam assumir, se fosse o caso, perfeitamente<br />

o suprimento <strong>dos</strong> pequenos e médios consumidores<br />

industriais, e inclusive alguns grandes<br />

consumidores.<br />

Esta sim, seria uma medida racional que viria<br />

ao encontro <strong>dos</strong> interesses nacionais. To<strong>dos</strong> sabemos<br />

que o Brasil hoje dispõe de uma rede<br />

de postos revendedores de combustível superior<br />

a 20.000 unidades espalha<strong>dos</strong>por todo o território<br />

nacional em sua grande maioria operando abaixo<br />

da Iitragem prevista e, portanto, com ociosidade.<br />

Apenas, para exemplificar, em meu Estado, o<br />

Paraná, existem mais de 2.000 postos revendedores<br />

e apenas 49 TRRs. Ora, proibir as distribuidoras<br />

de suprir os grandes consumidores transferindo<br />

esta atribuição para 49 TRRs seria fixaruma<br />

reserva de mercado indevida com investimentos<br />

improdutivos pois não gerarão produção.<br />

Em verdade essa matéria nunca deveria ser<br />

tratada a nível constitucional. Caso, entretanto,<br />

assim não seja entendido é fundamental que através<br />

do instituto da fusão sejam reunidas várias<br />

emendas para que se racionalize o assunto.<br />

Há, Srs. Constituintes, que se levar em consideração<br />

o interesse majoritário da Nação ao se deliberarsobre<br />

a supressão ou alteração às atividades<br />

das empresas de distribuição de deriva<strong>dos</strong> de petróleo.<br />

(Muito bem!)<br />

O SR. JALLES FONTOURA (PFL - GO.<br />

Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,<br />

Srs. Constituintes, quero unir minha voz ao coro<br />

que se levanta, em Goiânia, contra a última medida<br />

predatória, adotada pelo governo do Estado,<br />

que praticamente, doou umaimensaárea pública,<br />

situada quase no coração da cidade, para uma<br />

empresa particular construir um Shopping Center.<br />

Somos a favor do progresso e somos a favor<br />

de investimentos vin<strong>dos</strong> de outros Esta<strong>dos</strong>, como<br />

ocorre neste caso específico, mas somos, também,<br />

a favor da preservação das áreas verdes,<br />

da manutenção do equilíbrio ecológico, do planejamento<br />

organizado.<br />

Winston Churchill já dizia: "Pode-se enganar<br />

a mutos durante pouco tempo, e a poucos durante<br />

muito tempo. Mas ninguém engana a to<strong>dos</strong><br />

durante todo o tempo". Será que estão tão engana<strong>dos</strong><br />

os presidentes de significativas entidades<br />

goianas, que vêm protestando heroicamente contra<br />

a medida? Será que os presidentes da Câmara<br />

Municipal, da Assembléia Legislativa, do Tribunal<br />

de Justiça, do Conselho Regional de Engenharia,<br />

Arquitetura e Agronomia; do Instituto de Arquitetos<br />

do Brasil (Seção Goiás), do Sindicato <strong>dos</strong><br />

Engenheiros, das Associações <strong>dos</strong> Engenheiros<br />

Agrônomos, Engenheiros Estruturais, e Geólogos<br />

- será que em Goiás to<strong>dos</strong> esses dirigentes são<br />

pessoas tão despreparadas, que não conseguem<br />

ver o alcance das medidas decididas pelo governador?<br />

Será que todo o povo de Goiânia está<br />

errado, ao se posicionar contra a -medida, e só<br />

o govemador Henrique Santillo está certo?<br />

Damos as boas vindas aos proprietários do<br />

Shopping Eldorado, de São Paulo, que querem<br />

abrir uma filialem Goiânia. Damos as boas vindas<br />

a to<strong>dos</strong> os empresários que queiram investir em<br />

nossa capital e em nosso Estado. Mas é preciso<br />

que se instalem em locais apropria<strong>dos</strong>.<br />

Não podemos compactuar com o que os especialistas<br />

consideram "um atentado contra o desenvolvimento<br />

humanizado de Goiânia". Quando<br />

pessoas especializadas nos afirmam que o que<br />

se pretende é uma "dilapidação de uma área pública,<br />

queterá reflexos sérios no futuro dessa cidade",<br />

lembramo-nos, preocupa<strong>dos</strong>, de uma tri}gédia<br />

que, há menos de um ano, ultrapassou as<br />

fronteiras de Goiás, para escandalizar o mundo.<br />

O acidente com o césio-<strong>13</strong>7 não teria ocorrido<br />

se as autoridades competentes e os responsáveis<br />

pelo equipamento nuclear tivessem tratado o assunto<br />

com a seriedade que este merecia.<br />

Sr. Presidente, meus senhores e minhas senhoras,<br />

quem achar que uma tragédia ecológica está<br />

muito aquém de um acidente nuclear, poderá<br />

pagar um preço muito caro, para descobrir que<br />

se enganara.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. OSVALDOBENDER (PDS -RS. Pronuncia<br />

o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,<br />

Srs. Constituintes, há poucos dias o Presidente<br />

Samey assinou um decreto com a finalidade de<br />

reduzir o Imposto de Produtos Industrializa<strong>dos</strong> ­<br />

IPI- paraveículos populares, automóveis de baixo<br />

custo. Tal medidaseria louvável se fosse abranger<br />

pelo menos um tipo de veiculo produzido<br />

pelas tradicionais fábricas, para que assim as pessoas<br />

que necessitassem de automóvel para seu<br />

trabalho pudessem, então, conseguir esse carro<br />

por menor preço. O preço do carro novo torna<br />

impossível ao trabalhador ter acesso ao mesmo<br />

e, emborasejasuaferramenta de trabalho, precisa<br />

sujeitar-se a um veículo usado, muitas vezes correndo<br />

o risco de sofrer um acidente.<br />

A intenção, nos parece, não era beneficiar a<br />

camada mais pobre da população para adquirir<br />

seu veículo, muitas vezes indispensável ao exercício<br />

de sua profissão. O intuito era, sim, beneficiar<br />

apenas uma indústria, que tem uma produção<br />

mínima, sem condições de atender aos milhares<br />

e milhares de brasileiros que necessitam de automóvel<br />

popular, isento do exagerado IPI, que representa<br />

45% (quarenta e cinco por cento) do valor<br />

do carro. Houve por bem, então, o Govemo fixar<br />

em 5% (cinco por cento) o IPI do veículo Gurgel,<br />

única marca considerada popular. Nada teria que<br />

opor a esta decisão, caso essa fábrica tivesseprodução<br />

suficiente para atender a demanda. Trata-se<br />

de uma fábrica pequena e que não tem<br />

condição de resolver o problema <strong>dos</strong> usuários<br />

e necessita<strong>dos</strong> de carro para o desempenho de<br />

suas funções.<br />

É humanamente impossível ao representante<br />

comercial adquirir um veículo novo. A correção<br />

que incide sobre determina<strong>dos</strong> produtos, desde<br />

o plano cruzado, é inadmissível: o veículo é um<br />

deles. Se não vejamos: em fevereiro de 1987,<br />

um Chevette custou Cz$ 70.000,00 (setenta mil<br />

cruza<strong>dos</strong>; hoje, pouco mais de um ano, custa<br />

Cz$ 940.000,00 (novecentos e quarenta mil cruza<strong>dos</strong>)!<br />

Dobrou o preço, nada menos, do que 12<br />

(doze) vezes, enquanto que durante este periodo<br />

o salário subíu apenas 8,5 (oíto vezes e meia),<br />

isto baseado no mínimo que na época era de<br />

Cz$ 840,00 e hoje está em Cz$ 7.200,00<br />

Se analisarmos salários maiores, daqueles que<br />

têm condições de ter um automóvel, veremos<br />

que apenas tiveram neste período, em relação<br />

a correção <strong>dos</strong> veículos, seus salános reajusta<strong>dos</strong><br />

em 50%. Portanto, hoje a dificuldade para comprar<br />

um automóvel é o dobro do que em fevereiro,<br />

ou em todo o tempo anterior aos últimos anos.<br />

Isto sem falarmos da díffcíl SItuação econômica<br />

que parou este País, parou com o desenvolvimento,<br />

com os novos investimentos; os negócios<br />

se tomaram difíceis justamente pela grande diferença<br />

do desequilíbrio e da desigualdade que se<br />

instalou e se oficializou pela diferença de ganhos<br />

de uns e do monopólio organizado de outros.<br />

O que venho proporàs autoridades é que reexaminem<br />

o referido decreto. Não podemos permitir<br />

o favorecimento de incentivos fiscais a uma única<br />

indústria, com benefícios apenas a um pequeno<br />

número que vai ter o privilégio de conseguir um<br />

automóvel Gurgel. A grande beneficiada será a<br />

indústria, pois ainda não sabemos se, realmente,<br />

este desconto serátransferido para o consumidor,<br />

e se for, pouco ou nada vai adiantar, devido à<br />

sua pequena produção. Que seja selecionado um<br />

tipo de automóvel para todas as fábricas, <strong>dos</strong> que<br />

já estão em fabricação, que se crie um modelo<br />

novo, popular, a ser fabricado por todas. Que a<br />

diferença <strong>dos</strong> 40% sejam transferi<strong>dos</strong> na totalidade<br />

aos compradores. Que tenha preferência<br />

para aquisição deste carro popular, aquele 'que<br />

realmente necessita de um automóvel para o seu<br />

trabalho. Sugerimos que seja dado prioridade para<br />

os representantes comerciais, uma das classes<br />

que mais sofrem com o desequilibrio que se instalou.<br />

Preferência também aos taxistas, que com<br />

esta medida não precisariam mais reivindicar<br />

isenção de IPI, o tipo do carrojá seria determinado, .<br />

o que obviamente não precisa ser um carro de<br />

luxo, como acontece com as isenções específicas<br />

para o táxi atualmente. Não seria uma isenção<br />

geral e sim uma isenção de estímulo ao trabalho<br />

e desenvolvimento. Só teria direito à aquisição

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