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13 - Câmara dos Deputados

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Abril de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira <strong>13</strong> 9347<br />

identificarem, várias funcionárias confirmaram<br />

que haviam sido obrigadas a assinar a carta.<br />

o SR. VALMIR CAMPELO (PFL - DF. Pronuncia<br />

o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,<br />

Srs. Constituintes:<br />

Um <strong>dos</strong> mais graves problemas que o País enfrenta<br />

na atualidade é o assustador aumento <strong>dos</strong><br />

índices de violência, tanto nas cidades como no<br />

campo, gerando a intranqüilidade, o medo e o<br />

pânico no seio da família brasileira.<br />

O fenômeno assume maiores proporções nos<br />

grandes centros urbanos, inclusive em nossa outrora<br />

pacata Brasília, que diariamente assiste, atônita,aos<br />

mais varia<strong>dos</strong> e audazes casos de assassinatos,<br />

latrocínios, agressões e atenta<strong>dos</strong> à integridade<br />

fisica <strong>dos</strong> cidadãos e ao patrimônio público<br />

e particular.<br />

Entre as causas geralmente apontadas como<br />

responsáveis pelo recrudescimento da violência,<br />

destacam-se as crescentes dificuldades das camadas<br />

mais carentes da população, a falta ou<br />

insuficiência 'de'medidas policiais preventivas e<br />

repressivas e a írnpunídade <strong>dos</strong> criminosos e malfeitores,<br />

que atuam com espantosa desenvoltura.<br />

Associa<strong>dos</strong> à onda de violência que assola o<br />

Pais, encontramos a expansão do consumo e do<br />

tráfico de drogas e do crime organizado, através<br />

de quadrilhas especializadas em determina<strong>dos</strong> tipos<br />

de ações que não medem consequêncías<br />

paraobtervantagensilícitas,à custa da exploração<br />

e até da vida de vítimas inocentes e do patrimônio<br />

alheio.<br />

A verdade, Sr. Presidente, Srs. Constítuíntes, é<br />

que não podemos ficar de braços cruza<strong>dos</strong>, enquanto<br />

não atingimos os níveis de educação, de<br />

relacionamento social e de distribuição de renda<br />

desejáveis, capazes, por si sós, de atenuar o problema.<br />

A sociedade há de ter um mínimo de paz e<br />

segurança, cuja garantia cabe ao Estado, em primeiro<br />

lugar. Para tanto, as estruturas policiais e<br />

judiciárias devem ser adequadamente equipadas<br />

e aparelhadas com recursos humanos e materiais<br />

indispensáveis ao eficiente e rápido cumprimento<br />

de suas nobres mas difíceis missões. Somente<br />

assim readquirirão a credibilidade e a confiança<br />

popular, além de intimidar e desestimular os criminosos<br />

e contraventores, que hoje atuam praticamente<br />

impunes por todo o Brasil. (Muitobem!)<br />

O SR. JOSÉ GENOINO (PT - SP. Sem<br />

revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI'"' e Srs,<br />

Constituintes:<br />

Em primeiro lugar, um comunicado ao Plenário.<br />

Na semana passada ocorreu um episódio envolvendo<br />

a censura em alguns quadros de uma<br />

exposíção.que se está realizando nesta Casa, no<br />

corredor que liga o plenário ao Anexo 11. Afirmei<br />

da tribuna que, caso o artista trouxesse esses quadros,<br />

eu assumiria a inteira responsabilidade de<br />

colocá-los no corredor. E isto aconteceu hoje,<br />

os quadros estão lá, como um sinal de que o<br />

artista fora impedido de incorporá-los à exposição<br />

no seu plano original. Os quadros foram coloca<strong>dos</strong><br />

hoje, sob a minha responsabilidade, e ao fazer<br />

este comunicado solicito à Mesa da Câmara <strong>dos</strong><br />

Deputa<strong>dos</strong>, que afirmou publicamente que não<br />

tinha nada a ver com qualquer censura naquele<br />

momento realizada, garanta a permanência desses<br />

quadros na exposição do corredor que liga<br />

o plenário ao Anexo U. Outra questão que focalizo,<br />

Sr. Presidente, decorre do fato de que na data<br />

de hoje, há 16 anos, tinha início no Brasil um<br />

movimento do qual participei, um movimento<br />

muito importante: resistência armada do sul do<br />

Pará, conhecido como a Guerrilha do Sul do Pará.<br />

! _Independente de uma avaliação criteriosa que<br />

tenhamos que fazer desse movimento, quero,<br />

nesta oportunidade, prestar uma homenagem a<br />

to<strong>dos</strong> os que deram a vida, a to<strong>dos</strong> os que tombaram<br />

naquele movimento, e manifestar o meu<br />

apoio e a minhasolidariedade à luta <strong>dos</strong>familiares<br />

que até hoje pleiteiam naJustiça o paradeiro <strong>dos</strong><br />

seus filhos, <strong>dos</strong> seus irmãos, <strong>dos</strong> seus esposos<br />

e parentes, e até hoje não têm nenhuma resposta.<br />

Também, Sr. Presidente, quero destacar que,<br />

independente de uma avaliação que possamos<br />

fazer, aquele movimento se constitui, sem dúvida,<br />

na História do Brasil, num <strong>dos</strong> mais importantes<br />

da luta do nosso povo.<br />

Faço este registro, nesta data, por ser de significação<br />

muito grande esse episódio histórico, não<br />

apenas olhando o passado como, principalmente,<br />

tirando as grandes lições positivas parao presente<br />

e para o futuro, da luta libertadora do nosso povo,<br />

da luta pelo socialismo. (Muito bem!)<br />

O SR. FARABWNI JáNlOR (PTB - SP.<br />

Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs.<br />

Constituintes, volto a insistir neste tema, eis que<br />

se trata de matéria da mais alta importância, e<br />

diz respeito à segurança pública.<br />

Tenho estado, nesta Casa, em inúmeras oportunidades,<br />

para falar a respeito de segurança.<br />

Apresentei vários projetos para permitir à sociedade<br />

brasileira maior e melhor tranqüilidade.<br />

Pela manhã, Sr. Presidente e Srs. Constituintes,<br />

votamos o texto que se relaciona com o Ministério<br />

Público. Foi uma votação brilhante. Houve uma<br />

fusão de emendas que deu ao Ministério Público,<br />

realmente, o de que ele precisava: independência,<br />

independência que, na verdade, se caracteriza no<br />

âmbito funcional e administrativo, e outras prerrogativas.<br />

Agora, Sr. Presidente, votada a Magistratura, votado<br />

o Ministério Público, cumpre verificar, com<br />

consciência, o problema <strong>dos</strong> delega<strong>dos</strong> de polícia.<br />

Verifico, Sr. Presidente, que nesta Casa há um<br />

entendimento que-não-corresponde à realidade,<br />

em face aos delega<strong>dos</strong> de policia.<br />

Inúmeros deputa<strong>dos</strong> ilustres vêem, assim, reficentes,<br />

a figura do delegado. Vêem o magistrado,<br />

mesmo a distância, e até o veneram tantas vezes.<br />

Vêem o promotorpúblico com o mesmocarinho,<br />

como defensores do Direito, representantes da<br />

sociedade, a quem se permite o equilíbrio para<br />

que haja maior tranqüilidade no seio de nossa<br />

família. E o delegado? O delegado - converso<br />

aqui e acolá com deputa<strong>dos</strong> e verifico que há<br />

certa reticência-, é preciso que nos conscientizemos<br />

de que a composição real é Magistratura:<br />

juis; Ministério Público: promotor público e delegado<br />

de polícia.<br />

Não podemos, de forma alguma, deixar de entender<br />

que o delegado de polícia exercita, no seio<br />

da sociedade e dentro do seu trabalho, o que<br />

há de mais importante, enquanto ele próprio preside<br />

o inquérito policial.<br />

Esta Casa consaqrou o inquérito policial como<br />

estrutura fundamental, e o presidente desse inquérito<br />

é o delegado de polícia, tão afeito à responsabilidade<br />

e ao trabalho diutumo. Sim, é diuturno,<br />

Sr. Presidente e Srs. Constituintes. O delegado<br />

de policia dispensa integral; tem a consciência<br />

de que o seu trabalho exige de si a pertinácia,<br />

o destemor, e mais: até a própria vida ele<br />

a dispõe para proteger a sociedade diante do bandido,<br />

diante desses contumazes esqúestradores,<br />

estupradores e assaltantes à mão armada, que<br />

levam, tantas vezes, a vida do delegado a correr<br />

riscos, e sérios.<br />

Por que este Constituinte está na tribuna para<br />

falar tudo aquilo que to<strong>dos</strong> conhecem? É que<br />

esta Assembléia Nacional Constituinte não pretende<br />

- percebo - estabelecer a eqüidade, a<br />

paridade em face <strong>dos</strong> vencimentos. Também não<br />

pretende dar ao delegado de polícia autonomia<br />

funcional e administrativa.<br />

São dois pontos de honra, para que estabeleçamos<br />

aqui o melhor trabalho, em face da segurança,<br />

da defesa do Estado e da sociedade. Pagarse<br />

ao delegado de polícia migalhas não tem cabimento,<br />

Sr. Presidente. Temos de equiparar vencimentos.<br />

Temos de dar os mesmos vencimentos,<br />

estabelecendo, no princípio da isonomia, o que<br />

deve ser feito realmente: pagar igualmente ao delegado<br />

o tanto que se paga ao promotor e dar-lhe<br />

autonomia funcional e administrativa, para que<br />

haja o verdadeiro equilíbrio.<br />

Esta é a mensagem aos Srs. Constituintes que<br />

me ouvem agora, aqui, ou trabalhando em seus<br />

gabinetes: que se apercebam desta realidade e,<br />

no devido tempo, apóiem essas medidas em favor<br />

dessa categoria que serve realmente à sociedade<br />

eà Nação.<br />

O SR. GUMERCINDO MILHOMEM (PT ­<br />

SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Srs. Constituintes, há poucos dias, fIZ um pronunciamento<br />

aqui, dando conta de que, segundo célculos<br />

da Central Única <strong>dos</strong> Trabalhadores, um<br />

trabalhador que ganhe 50 mil cruza<strong>dos</strong> por mês,<br />

nos dois primeiros meses de congelamento da<br />

URPterá um prejuízo de 11 mil cruza<strong>dos</strong>.<br />

Tirar 11 mil cruza<strong>dos</strong> do bolso de um trabalhador<br />

que ganha 50 mil cruza<strong>dos</strong> por mês ­<br />

disse na ocasião - é um verdadeiro roubo, e<br />

disse também, naquela oportunidade. que muitas<br />

pessoas poderiam dizer: ahl, mas o Ministro está<br />

fazendo isso em benefício próprio. E eu disse:<br />

ele representa interesses da agiotagem nacional<br />

e internacional que está enfiando a mão no bolso<br />

do trabalhador. 1;o trabalhador assim pensa, este<br />

é um dado objetivo. Ele está sendo roubado.<br />

Pois bem, Sr. Presidente, Srs. Constituintes, no<br />

dia 2 de março passado, na primeira página do<br />

Jornal da Tarde, que fazia a cobertura do movimento<br />

de greve <strong>dos</strong> professores de São Paulo,<br />

foi publicada a foto da professora Susi Rocha<br />

Ribeiro. que portava um cartaz com os seguintes<br />

dizeres: "Esclarecimento à população: Quércia é<br />

um ladrão!".<br />

Era uma manifestação pública de professores<br />

grevistas e, sem dúvida, milhares e milhares, porque<br />

eram dezenas de milhares de manifestantes,<br />

milhares de cartazes havia com os dizeres que<br />

acabei de mencionar.<br />

Alguns dias depois, a professora passou a ser<br />

procurada por dois homens arma<strong>dos</strong> na rua onde<br />

mora e nas escolas do bairro onde trabalha, arma.<br />

<strong>dos</strong> de revólveres e de algemas. A professora procurou<br />

a sua entidade, a Associação <strong>dos</strong> Professores<br />

do Ensino Oficial de São Paulo, e foi oríen-

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