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INTRODUÇÃO Os - Para associar-se ou renovar sua anuidade ...

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O letramento escolar de jovens do ensino médio 133práticas de letramento de forma que os indivíduoscompreendam a função da escrita no contexto social e<strong>sua</strong> relação com o contexto escolar (Terzi, 2001). Assim,ler e escrever através das práticas sociais pode favorecero acesso ao conhecimento, habilitando o aluno ainterpretar diferentes textos que circulam socialmente ea produzir textos eficazes nas diferentes situações sociaisde que participa.De acordo com o relato dos jovens durante a<strong>se</strong>ntrevistas, parece que eles, de um modo geral, nãopercebem a articulação dos textos lidos e redigidos nasatividades escolares com as práticas sociais. As prática<strong>se</strong>scolares de leitura e de escrita estão voltadas qua<strong>se</strong> queexclusivamente para as tarefas acadêmicas solicitada<strong>se</strong>m sala de aula, como mostram as Tabelas 1 e 2.No entanto, pôde <strong>se</strong>r constatado por meio dasob<strong>se</strong>rvações realizadas em sala de aula, particularmentedurante as aulas de Língua Portuguesa, que as atividade<strong>se</strong>ram realizadas a partir de diferentes textos quecirculavam socialmente como jornais, revistas, panfletos,cartas e embalagens. Durante as aulas, os jovensmostravam-<strong>se</strong> interessados em compreender os conteúdosacadêmicos, mas <strong>se</strong>m <strong>se</strong> preocuparem com os usos sociaisdaqueles materiais. Ressalta-<strong>se</strong> que a professora buscavaarticular es<strong>se</strong>s textos, pre<strong>se</strong>ntes nas práticas sociais, comos conteúdos acadêmicos, o que, no entanto, parecia nãoocorrer nas demais disciplinas. Isso reforça a idéia deque os textos utilizados na escola, muitas vezes, não sãovinculados aos usos sociais da escrita.Tal fato pode estar relacionado com a proposta deensino da escola, que considera a leitura e a escritaestreitamente vinculadas apenas à aprendizagem dosconteúdos acadêmicos. No entanto, a nova proposta parao Ensino Médio visa articular as práticas sociais comes<strong>se</strong>s conteúdos, considerando que a aprendizagem devepartir das experiências cotidianas dos alunos.Nesta proposta, o professor precisa oferecercondições para o de<strong>se</strong>nvolvimento de competências ede habilidades dos alunos para que, assim, possamcompreender os usos da escrita nos diferentes contextossociais. Dessa forma, os alunos poderão compreendero impacto da informação em <strong>se</strong>u cotidiano, incluindo aescola, o trabalho e demais contextos relevantes para<strong>sua</strong> vida (MEC, 1999).Aos olhos dos jovens da amostra, parece que a escolaainda é vista como um espaço para a aquisição daeducação formal, com conteúdos acadêmicos desvinculadosda realidade social, que p<strong>ou</strong>co contribuempara a formação do cidadão crítico, embora as aulas deLíngua Portuguesa estives<strong>se</strong>m voltadas para os usossociais da escrita.De acordo com Ribeiro (2001), ainda que os estudossobre o letramento e as propostas pedagógicas para oensino da língua escrita tenham avançado bastante nosúltimos anos, há muito que <strong>se</strong> conhecer a respeito, poisa escolarização é um fator importante na promoção dehabilidades e de comportamentos relacionados aoletramento.Pode-<strong>se</strong> dizer, então, que os jovens da amostrarelacionam o ler e o escrever às práticas escolares maisdo que às práticas sociais, provavelmente devido à<strong>se</strong>xigências das disciplinas que parecem não os incentivarpor oferecer-lhes p<strong>ou</strong>cas oportunidades para praticarema leitura e a escrita em situações diferentes da sala deaula. Isso fica evidente nas ob<strong>se</strong>rvações e durante a<strong>se</strong>ntrevistas. <strong>Os</strong> murais da escola, considerados comopontos de referência para a comunicação entre os aluno<strong>se</strong> equipe pedagógica, foi uma prática de letramentoescolar extra-clas<strong>se</strong> p<strong>ou</strong>co apontada pelos sujeitos. Estesmurais eram utilizados pelos jovens qua<strong>se</strong> queexclusivamente como um espaço para a leitura decartazes, como apontaram as respostas dos sujeitos.Embora a escola possuís<strong>se</strong> vários murais para facilitara comunicação com os alunos, foi ob<strong>se</strong>rvado pelapesquisadora, através de conversas informais com osjovens e equipe pedagógica, que as informações pre<strong>se</strong>ntesnos mesmos eram lidas eventualmente pelos alunos. Issoporque os cartazes fixados eram desatualizados e osrecados passados oralmente, o que parece justificar o fatode <strong>se</strong>r uma prática p<strong>ou</strong>co explorada pelos sujeitos.Se fos<strong>se</strong> uma prática incentivada pela propostapedagógica, talvez <strong>se</strong>ria um espaço melhor utilizado paraa leitura de diferentes tipos de textos colocados pelaequipe pedagógica como cartazes de propaganda,divulgação de pas<strong>se</strong>ios e campanhas, jornal do dia, avisosda escola, além de um espaço onde os jovens poderiamtrocar bilhetes e cartas, publicar textos elaborados poreles, divulgar churrascos e festas, enfim, fixar textospara a comunicação entre eles.Essa realidade reforça a idéia de Ribeiro (2001) eTf<strong>ou</strong>ni (2001) acerca da reflexão sobre as práticaspedagógicas, as quais devem almejar a criação deoportunidades de <strong>se</strong> experimentar a leitura e a escritade textos significativos que cumpram diferentes funçõessociais. Essa idéia pode ajudar a tranqüilizar asinquietações dos professores e, ao mesmo tempo,Psicologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 2 129-134

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