132(13,2%; F=15), de livros (10,5%; F=12) e de xerox detextos (10,5%; F=12) também são práticas de letramentoescolar pre<strong>se</strong>ntes no cotidiano dos sujeitos. As práticasde leitura menos freqüentes no contexto escolar são aleitura das transparências das aulas (1,8%; F=2) e dosvídeos (1,8%; F=2) assistidos durante as aulas.Ressalta-<strong>se</strong> que os sujeitos apontaram algumaspráticas de leitura pre<strong>se</strong>ntes fora do contexto deaprendizagem acadêmica como a leitura de cartazesfixados nos corredores (23,7%; F=27), pichações nasparedes (9,7%; F=11) e informações nos murais (6,1%;F=7). Porém, vale destacar que as práticas de letramentoescolar estão voltadas mais para o contexto da sala deaula do que para o ambiente escolar em geral.<strong>Os</strong> jovens percebem como principais práticas deletramento escolar a leitura de cartazes nos corredore<strong>se</strong> das anotações que fazem no caderno durante as aulas,além da leitura de textos de apostilas, livros e xerox detextos como apontaram na entrevista. Apenas algunsjovens afirmaram que costumam ler as informaçõescontidas no mural da escola, espaço que eles deveriamusar para obter informações sobre a escola eacontecimentos na cidade. Além dessas práticaspre<strong>se</strong>ntes em sala de aula, a leitura de jornal, revistas elivros ocorrem no contexto escolar por <strong>se</strong>rem leiturasvoltadas para os trabalhos acadêmicos, mas nãonecessariamente que <strong>se</strong>jam práticas pre<strong>se</strong>ntes nocotidiano extra-escolar des<strong>se</strong>s jovens.Com relação às práticas de letramento relacionadasà escrita, os sujeitos deram 66 respostas referentes àsdiferentes práticas pre<strong>se</strong>ntes no ambiente escolar, comomostra a Tabela 2.Tabela 2: Freqüência e porcentagem de respostas em relaçãoàs práticas de escrita pre<strong>se</strong>ntes no ambiente escolar(N=30).Categoria F %Cópia da l<strong>ou</strong>sa 22 33,3Elaboração de redação 10 15,2Exposição oral dos professores 9 13,6Elaboração de trabalhos 8 12,1Resolução de exercícios 6 9,1Elaboração de bilhetes 3 4,6Respostas de questões de prova 3 4,6Elaboração de cartas 2 3,0Cópia de livro 1 1,6Anotação em agenda 1 1,6Elaboração de músicas 1 1,6Total 66 100Eliane Porto Di NucciEntre as práticas mais freqüentes destacam-<strong>se</strong> asanotações no caderno que contém cópias da l<strong>ou</strong>sa(33,3%; F=22), a elaboração de redação (15,2%; F=10)por solicitação dos professores, principalmente aprofessora de língua portuguesa e o registro das falasdos professores (13,6%; F=9), relacionadas aosconteúdos das disciplinas envolvidos no processo deaprendizagem dos alunos. Além disso, eles afirmaramque utilizam a escrita para elaborar atividades e trabalho<strong>se</strong>scolares (12,1%; F=8) e resolver os exercícios dasatividades (9,1%; F=6). Entre as práticas de escritamenos freqüentes no contexto escolar aparecem aelaboração de bilhetes (4,6%; F=3) para a comunicaçãoentre alunos e alunos e professores durante as aulas,respostas às questões das provas (4,6%; F=3),elaboração de cartas (3,0%; F=2), cópia de livros (1,6%;F=1), anotações em agenda (1,6%; F=1) e composiçãoletra de músicas (1,6%; F=1).Ressalta-<strong>se</strong> que, com relação à escrita, nenhumaresposta foi apontada como prática pre<strong>se</strong>nte no ambienteescolar em geral. Assim como na leitura, as prática<strong>se</strong>scolares de escrita estão voltadas predominantementepara o contexto da sala de aula.É importante ressaltar que os jovens apre<strong>se</strong>ntaramdificuldade em apontar as práticas de letramentopre<strong>se</strong>ntes no ambiente escolar em geral, pois, para eles,a leitura e a escrita são práticas exigidas principalmentedurante as aulas.DISCUSSÃO E CONCLUSÃOÉ fato que a escola é compreendida como umaimportante agência de letramento voltada, principalmente,para a aquisição do código escrito e não para asfunções sociais da escrita (Kleiman, 1995). Essa idéiade que a escola é a instituição onde <strong>se</strong> aprende a ler e aescrever foi apontada pelos jovens da amostra duranteas entrevistas, ao descreverem as práticas de letramentoescolar pre<strong>se</strong>ntes, particularmente, no contexto da salade aula.Na sala de aula, o professor pode valorizar os usosda escrita pre<strong>se</strong>ntes no cotidiano para ensinar os devidosconteúdos acadêmicos, como fazia a professora deLíngua Portuguesa da referida escola. O professor, aopropor atividades que envolvem os usos da escrita queainda não fazem parte do cotidiano, pode introduzir essas
O letramento escolar de jovens do ensino médio 133práticas de letramento de forma que os indivíduoscompreendam a função da escrita no contexto social e<strong>sua</strong> relação com o contexto escolar (Terzi, 2001). Assim,ler e escrever através das práticas sociais pode favorecero acesso ao conhecimento, habilitando o aluno ainterpretar diferentes textos que circulam socialmente ea produzir textos eficazes nas diferentes situações sociaisde que participa.De acordo com o relato dos jovens durante a<strong>se</strong>ntrevistas, parece que eles, de um modo geral, nãopercebem a articulação dos textos lidos e redigidos nasatividades escolares com as práticas sociais. As prática<strong>se</strong>scolares de leitura e de escrita estão voltadas qua<strong>se</strong> queexclusivamente para as tarefas acadêmicas solicitada<strong>se</strong>m sala de aula, como mostram as Tabelas 1 e 2.No entanto, pôde <strong>se</strong>r constatado por meio dasob<strong>se</strong>rvações realizadas em sala de aula, particularmentedurante as aulas de Língua Portuguesa, que as atividade<strong>se</strong>ram realizadas a partir de diferentes textos quecirculavam socialmente como jornais, revistas, panfletos,cartas e embalagens. Durante as aulas, os jovensmostravam-<strong>se</strong> interessados em compreender os conteúdosacadêmicos, mas <strong>se</strong>m <strong>se</strong> preocuparem com os usos sociaisdaqueles materiais. Ressalta-<strong>se</strong> que a professora buscavaarticular es<strong>se</strong>s textos, pre<strong>se</strong>ntes nas práticas sociais, comos conteúdos acadêmicos, o que, no entanto, parecia nãoocorrer nas demais disciplinas. Isso reforça a idéia deque os textos utilizados na escola, muitas vezes, não sãovinculados aos usos sociais da escrita.Tal fato pode estar relacionado com a proposta deensino da escola, que considera a leitura e a escritaestreitamente vinculadas apenas à aprendizagem dosconteúdos acadêmicos. No entanto, a nova proposta parao Ensino Médio visa articular as práticas sociais comes<strong>se</strong>s conteúdos, considerando que a aprendizagem devepartir das experiências cotidianas dos alunos.Nesta proposta, o professor precisa oferecercondições para o de<strong>se</strong>nvolvimento de competências ede habilidades dos alunos para que, assim, possamcompreender os usos da escrita nos diferentes contextossociais. Dessa forma, os alunos poderão compreendero impacto da informação em <strong>se</strong>u cotidiano, incluindo aescola, o trabalho e demais contextos relevantes para<strong>sua</strong> vida (MEC, 1999).Aos olhos dos jovens da amostra, parece que a escolaainda é vista como um espaço para a aquisição daeducação formal, com conteúdos acadêmicos desvinculadosda realidade social, que p<strong>ou</strong>co contribuempara a formação do cidadão crítico, embora as aulas deLíngua Portuguesa estives<strong>se</strong>m voltadas para os usossociais da escrita.De acordo com Ribeiro (2001), ainda que os estudossobre o letramento e as propostas pedagógicas para oensino da língua escrita tenham avançado bastante nosúltimos anos, há muito que <strong>se</strong> conhecer a respeito, poisa escolarização é um fator importante na promoção dehabilidades e de comportamentos relacionados aoletramento.Pode-<strong>se</strong> dizer, então, que os jovens da amostrarelacionam o ler e o escrever às práticas escolares maisdo que às práticas sociais, provavelmente devido à<strong>se</strong>xigências das disciplinas que parecem não os incentivarpor oferecer-lhes p<strong>ou</strong>cas oportunidades para praticarema leitura e a escrita em situações diferentes da sala deaula. Isso fica evidente nas ob<strong>se</strong>rvações e durante a<strong>se</strong>ntrevistas. <strong>Os</strong> murais da escola, considerados comopontos de referência para a comunicação entre os aluno<strong>se</strong> equipe pedagógica, foi uma prática de letramentoescolar extra-clas<strong>se</strong> p<strong>ou</strong>co apontada pelos sujeitos. Estesmurais eram utilizados pelos jovens qua<strong>se</strong> queexclusivamente como um espaço para a leitura decartazes, como apontaram as respostas dos sujeitos.Embora a escola possuís<strong>se</strong> vários murais para facilitara comunicação com os alunos, foi ob<strong>se</strong>rvado pelapesquisadora, através de conversas informais com osjovens e equipe pedagógica, que as informações pre<strong>se</strong>ntesnos mesmos eram lidas eventualmente pelos alunos. Issoporque os cartazes fixados eram desatualizados e osrecados passados oralmente, o que parece justificar o fatode <strong>se</strong>r uma prática p<strong>ou</strong>co explorada pelos sujeitos.Se fos<strong>se</strong> uma prática incentivada pela propostapedagógica, talvez <strong>se</strong>ria um espaço melhor utilizado paraa leitura de diferentes tipos de textos colocados pelaequipe pedagógica como cartazes de propaganda,divulgação de pas<strong>se</strong>ios e campanhas, jornal do dia, avisosda escola, além de um espaço onde os jovens poderiamtrocar bilhetes e cartas, publicar textos elaborados poreles, divulgar churrascos e festas, enfim, fixar textospara a comunicação entre eles.Essa realidade reforça a idéia de Ribeiro (2001) eTf<strong>ou</strong>ni (2001) acerca da reflexão sobre as práticaspedagógicas, as quais devem almejar a criação deoportunidades de <strong>se</strong> experimentar a leitura e a escritade textos significativos que cumpram diferentes funçõessociais. Essa idéia pode ajudar a tranqüilizar asinquietações dos professores e, ao mesmo tempo,Psicologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 2 129-134
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