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INTRODUÇÃO Os - Para associar-se ou renovar sua anuidade ...

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Família, escola e a dificuldade de aprendizagem: Intervindo sistemicamente 175o fato de o menino estar agitado, até agressivo comcolegas, e que ainda não lê <strong>ou</strong> escreve, pois em casa ele<strong>se</strong> mostra uma criança tranqüila.V. veio de uma escola que priorizava o lúdico atravésde atividades que eram mediadas com brincadeiras. Aescrita da professora era em caixa alta, não <strong>se</strong>ndonecessário nem exigido escrever com letra corrida, <strong>se</strong>ndoque o processo de passagem para letra corrida acontecianaturalmente. A professora e a escola negligenciaramo histórico escolar de V. e não compreendiam <strong>sua</strong>resistência à escrita corrida e <strong>sua</strong> vontade de brincar.Foram feitos dois encontros com a família e em<strong>se</strong>guida um encontro com V. e <strong>sua</strong> professora. Nes<strong>se</strong>encontro, o menino cont<strong>ou</strong> para a professora como era<strong>sua</strong> escola anterior e a questão da letra corrida, assimcomo das brincadeiras que muito <strong>se</strong>nte falta.Negociamos com a professora o uso de letra em caixaalta assim como momentos mais lúdicos na sala de aula.Foi levantada a hipóte<strong>se</strong> de que V. ainda não <strong>se</strong> <strong>se</strong>ntiaincluído na turma, visto que a professora não fez qualquermovimento para possibilitar <strong>sua</strong> inclusão quando elecheg<strong>ou</strong>. Nes<strong>se</strong> encontro contratei com a professoraalgumas ob<strong>se</strong>rvações na sala de aula.A ob<strong>se</strong>rvação da sala de aula tr<strong>ou</strong>xe <strong>ou</strong>tros dadosmuito relevantes: a professora mostrava-<strong>se</strong> in<strong>se</strong>gura eatrapalhada. Sem um plano de aula adequado nãocon<strong>se</strong>guia negociar com as crianças e tentava coagi-lascom gritos e até pequenos beliscões. V. demonstrava<strong>sua</strong> insatisfação com a maneira de dar aulas daprofessora “atrapalhando” diariamente a ponto de <strong>se</strong>rretirado da sala. Sua agitação fez a escola voltar <strong>se</strong>uolhar para a sala de aula como um todo, e somente assimfoi possível reorganizar a percepção do sistema e dafunção que V. estava exercendo na sala. O “problema”da criança pôde finalmente <strong>se</strong>r visto como positivo,levantando a necessidade de mudança no sistema.Dessa forma, junto com a orientação pedagógicadecidimos intervir diretamente no trabalho da professora,mediando o processo de elaboração dos planos de aula,avaliando com ela cada aula e o progresso da turma<strong>se</strong>manalmente. A orientação entr<strong>ou</strong> em sala com maisfreqüência e, junto com esta psicóloga, estabelecemosmomentos de encontro com a professora para que estapudes<strong>se</strong> resignificar <strong>se</strong>u papel de gestor da turma juntoàs crianças. A família foi informada das mudanças emencontro com a professora e a psicóloga, quandoalgumas dificuldades na comunicação professora-famíliaforam sanadas.Infelizmente, a professora por problemas particularesacab<strong>ou</strong> faltando muitas vezes e assim não pôde <strong>se</strong>guircom o plano estabelecido em conjunto. Sua aula e <strong>se</strong>upapel na sala não foram modificados e a professoraacab<strong>ou</strong> <strong>se</strong>ndo convidada a deixar a turma, visto aimpossibilidade de ela <strong>se</strong>r ela própria uma mediadora natransformação das interações no sistema sala de aula.V. foi conquistado pela professora substituta, quesabendo de toda a história desde que o menino entr<strong>ou</strong> naescola, possibilit<strong>ou</strong> um ambiente bastante lúdico e afetivo,garantindo assim a integração de V. com <strong>se</strong>us colegas deturma e com a escola como um todo. Segundo esta novaprofessora, V. mostra-<strong>se</strong> inteligente e tem toda a capacidadede acompanhar a turma, <strong>se</strong>ndo que <strong>sua</strong> agitação pôde <strong>se</strong>rcanalizada em atividades escolares mais lúdicas.A agitação de C.C., adolescente de 13 anos, filha única, <strong>se</strong>xta série. Moracom o pai, 31 anos, bancário e com a mãe, 30 anos, quetrabalha no restaurante dos <strong>se</strong>us pais. A aluna foiencaminhada pela direção pelos <strong>se</strong>guintes motivos: “C. émuito agitada, vive cantando e custa a concentrar-<strong>se</strong>”.Segundo a direção a aluna diz que lhe “falta cérebro natesta”. Segundo relato dos professores, “C. na matemáticafreqüentemente esquece compromissos e materiais,porém con<strong>se</strong>gue acompanhar o conteúdo. Em históriarealiza todas as tarefas e tem rendimento regular, bemcomo em português. Parece querer chamar <strong>se</strong>mpre aatenção, pois fica cantando o tempo todo”.Visto que esquece tarefas com freqüência, <strong>se</strong>urendimento baix<strong>ou</strong> muito. Suas notas em matemáticabaixaram visto que muitas vezes C. esquece que haviaestudado para determinada prova, <strong>ou</strong> simplesmente nãofaz provas alegando ter “dado um branco”. Nessassituações fica tão nervosa que acaba falando muito,ficando muito agitada e torna-<strong>se</strong> alvo fácil de gozaçõe<strong>se</strong> brincadeiras dos colegas de turma.Na primeira entrevista com a família C. estavabastante agitada, não con<strong>se</strong>guia terminar um assunto porinteiro, logo falava de <strong>ou</strong>tra coisa e a mãe comentava “távendo como é?”. C. admitiu não gostar de esquecer ascoisas e <strong>se</strong>gundo a mãe C. já foi ao neurologista que adiagnostic<strong>ou</strong> com déficit de atenção, recomendandopsicoterapia. No fim da conversa fic<strong>ou</strong> claro que a mãede C. não con<strong>se</strong>gue mais lidar com o esquecimento deC., pois “precisa ficar o tempo todo lembrando de tudo,até mesmo do banho”. C. confirm<strong>ou</strong> e acrescent<strong>ou</strong> quenão agüenta mais a mãe “pegando no pé”.Psicologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 2 171-178

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