188 Lino de Macedo, Ana Lúcia Petty, Gi<strong>se</strong>le Escorel de Carvalho e Valquiria CarracedoProcedimentos para coleta e análi<strong>se</strong> dos dadosUm docente explic<strong>ou</strong> as regras do jogo, realizandotrês partidas na l<strong>ou</strong>sa como ilustração. Em duas delas,deveria descobrir uma combinação escondida pelo grupode alunos e na <strong>ou</strong>tra, propôs que o grupo a descobris<strong>se</strong>.As dúvidas relativas às regras foram respondidas e, em<strong>se</strong>guida, foi explicado como deveriam proceder paraanotar as partidas. Cada criança jog<strong>ou</strong> quatro vezescomo quem descobre e <strong>ou</strong>tras quatro como quemesconde.Pode-<strong>se</strong> questionar o <strong>se</strong>ntido desta etapa, já que osprotocolos das partidas <strong>se</strong>rviram somente para ascrianças aprenderem as regras, tendo sido desconsideradospara a análi<strong>se</strong> de de<strong>se</strong>mpenho. Sua justificativadeve-<strong>se</strong> ao fato de fazer com que as crianças jogas<strong>se</strong>mvárias partidas para que aprendes<strong>se</strong>m as regras do jogo.Sem isto, <strong>se</strong>ria impossível exigir que elas pudes<strong>se</strong>mresponder aos problemas, já que estes pressupõem saberjogar (mas não necessariamente saber jogar “bem”).Há ainda uma <strong>ou</strong>tra ob<strong>se</strong>rvação sobre esta etapa deaprendizagem do jogo: caso um jogador acertas<strong>se</strong> acombinação escondida na primeira tentativa, deveriainiciar uma <strong>ou</strong>tra partida e esta era desconsiderada paraa contagem. Esta conduta justific<strong>ou</strong>-<strong>se</strong>, pois não <strong>se</strong>riapossível exercitar a ação de jogar propriamente dita, emuma partida bem sucedida por acaso. Neste jogo, éfundamental jogar várias partidas para assimilar as regra<strong>se</strong> construir procedimentos favoráveis. Com isso,valoriz<strong>ou</strong>-<strong>se</strong> a lógica em detrimento da sorte, ainda queesta última fos<strong>se</strong> <strong>se</strong>mpre parte do contexto, pois acertar“<strong>se</strong>m pensar” é uma possibilidade (desde que o jogadorcombine as três letras, <strong>se</strong>m repetição).Ao final desta proposta (jogar oito partidas de Senha),foram entregues os formulários que continham osproblemas, para <strong>se</strong>rem resolvidos individualmente. <strong>Para</strong>preencher o formulário que continha os problemas dotipo RJS (“resolver jogada <strong>se</strong>guinte”), h<strong>ou</strong>ve p<strong>ou</strong>caconversa no ambiente da pesquisa, tanto das criança<strong>se</strong>ntre si como das crianças com os adultos. As instruçõesforam fornecidas individualmente e consistiram emapontar os quadros e pedir que cada espaço fos<strong>se</strong>preenchido com uma resposta, fazendo com que <strong>se</strong>ob<strong>se</strong>rvas<strong>se</strong> que era a continuação de uma partida jáiniciada. Quando uma criança terminava e ia entregar oprotocolo, solicitava-<strong>se</strong> que conferis<strong>se</strong> <strong>sua</strong>s respostas.Em alguns momentos, <strong>se</strong> ela não con<strong>se</strong>guia conferir epedia ajuda, um dos pesquisadores lia junto e ela própriaconferia <strong>se</strong> queria manter <strong>ou</strong> mudar o que tinha produzido.Com relação ao formulário sobre os problemas CJS(“compreender jogada <strong>se</strong>guinte”), h<strong>ou</strong>ve mais conversaentre adultos e crianças, pois era exigido um registropor escrito e nem todas as crianças con<strong>se</strong>guiamexpressar <strong>sua</strong> forma de jogar com clareza. Isto fez comque h<strong>ou</strong>ves<strong>se</strong> algumas colaborações, que foramconsideradas na análi<strong>se</strong> dos resultados, no item relativoà autonomia para realizar a tarefa, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, o tipo deajuda concedida e/ <strong>ou</strong> solicitada.No preenchimento do formulário sobre problemasCJS, portanto, quando alguma criança solicit<strong>ou</strong> apre<strong>se</strong>nça do adulto para responder às questões, estainformação foi anotada nos protocolos para <strong>se</strong>r levadaem consideração nos resultados. Diferentes tipos deauxílio foram concedidos às crianças, variando desde aleitura do enunciado e “ditado” do que queriam escrever(ajuda na produção escrita), até uma releitura de umaresposta já produzida pela própria criança, que só queriaum interlocutor. Cumpre ressaltar que, em nenhum caso,a resposta “certa” foi fornecida e nem tão p<strong>ou</strong>co foramdadas informações quanto aos “acertos” e “erros”produzidos.<strong>Para</strong> a coleta de dados, c<strong>ou</strong>be aos adultos pre<strong>se</strong>nteso papel de: (a) organizar a distribuição e recolha dosformulários; (b) tirar dúvidas restantes quanto às regras;(c) acompanhar as partidas, <strong>se</strong>m interferir nas tentativasdos jogadores, visando garantir a não produção de errospor parte dos “informantes” (quem escondia acombinação), e (d) apre<strong>se</strong>ntar e/ <strong>ou</strong> explicar as propostasdos problemas.Como procedimento de análi<strong>se</strong> dos dados, éimportante ressaltar que a classificação dos protocolosfoi realizada por três docentes das oficinas<strong>se</strong>paradamente, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, num primeiro momento, cadaum analis<strong>ou</strong> o conjunto de protocolos <strong>se</strong>m trocarinformações e só num <strong>se</strong>gundo momento, compararamas avaliações, chegando a um con<strong>se</strong>nso nos p<strong>ou</strong>cos caso<strong>se</strong>m que h<strong>ou</strong>ve dúvidas com relação à interpretação dosresultados apre<strong>se</strong>ntados nos protocolos.RESULTADOS<strong>Para</strong> realizar a análi<strong>se</strong> dos resultados foram considerada<strong>se</strong>xclusivamente as respostas aos formulários,visando interpretar (ob<strong>se</strong>rvar e compreender) o que cadacriança produziu para continuar uma partida (respostas
Avaliação do de<strong>se</strong>mpenho de crianças e intervenção em um jogo de <strong>se</strong>nha 189aos problemas RJS, “resolver jogada <strong>se</strong>guinte”) e paraexplicar uma jogada (respostas aos problemas CJS,“compreender jogada <strong>se</strong>guinte”).As Tabelas 1, 2 e 3 sintetizam os resultados obtidos.Ao analisar esta tabela, é possível identificar algunsaspectos interessantes. Dentre eles, pode-<strong>se</strong> destacar:(a) nas situações “RJS” (“resolver jogada <strong>se</strong>guinte”) 1e 2, há mais acertos do que erros e na situação “RJS” 3,há mais erros; (b) nas situações “CJS” (“compreenderjogada <strong>se</strong>guinte”) 1 e 2, há mais erros do que acertos;(c) comparando as situações “RJS” e “CJS”, há mai<strong>se</strong>rros nesta última; (d) a quantidade de erros produzido<strong>se</strong>m cada situação do tipo RJS é diferente, <strong>se</strong>ndo que omenor número refere-<strong>se</strong> à RJS2 e o maior à RJS3. Istopode <strong>se</strong>r explicado da <strong>se</strong>guinte maneira: na RJS2, acriança tem três chances de acerto (dentre 6combinações possíveis, poderia produzir como respostasBAC, ACB <strong>ou</strong> CBA), isto é, deveria “afirmar” o lugarde uma das letras, fixando-a. Na RJS3, tinha somenteuma chance de acerto, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, teria que produzir ACB.Neste caso, deveria considerar simultaneamente as duascombinações apre<strong>se</strong>ntadas, “negando” todos os lugaresjá “utilizados”. Por <strong>sua</strong> vez, a situação RJS1 permitiaduas possibilidades de respostas: CAB <strong>ou</strong> BCA, <strong>se</strong>ndoque a criança também teria que “negar” os lugares dacombinação já realizada.Ao analisar a Tabela 2, também é possível identificaralguns aspectos interessantes: (a) 2 crianças repetemjogadas já realizadas, <strong>se</strong>ndo que não há repetição dejogada quando o escore=0; (b) 4 crianças repetem olugar da 1 a letra de uma jogada anterior e, portanto, amaioria muda de lugar pelo menos esta letra; (c) <strong>se</strong> hárepetição do lugar de uma letra, é mais freqüente quandoesta não é a 1 a letra da combinação proposta pela criança;(d) na RJS2, h<strong>ou</strong>ve o maior número de acertos, <strong>se</strong>ndoque, das 44 crianças que acertaram, 18 fixaram a 1 aletra; (e) na RJS3, ocorreu o maior número de erros, <strong>ou</strong><strong>se</strong>ja, das 60 crianças, só 26 acertaram a resposta.Existe uma diferença dos resultados do problemaCJS1 da Tabela 1 (em que há 18 acertos e 42 erros)em relação à Tabela 3 (que apre<strong>se</strong>nta 34 acertos e26 erros, como dados referentes à mesma situação).Tabela 1: Sínte<strong>se</strong> da avaliação das respostas aos problemas propostos.RJS 1: RJS 2: RJS 3: CJS 1: CJS 2:A B C = 0 B C A = 1 C B A = 0 / B A C = 0 O que fazer com O que fazer com________ _______ ______= 3 escore = 0? escore = 1?acerto erro acerto erro acerto erro acerto erro acerto erro31 29 44 16 26 34 18 42 20 40Tabela 2: Sínte<strong>se</strong> das avaliações das respostas aos problemas RJS (“resolver jogada <strong>se</strong>guinte”).O QUE DEVERIA FAZER O QUE FEZRJS1= Trocar todas as letras Repetiu Repetiu a Repetiu Troc<strong>ou</strong> todasa jogada 1 a . letra <strong>ou</strong>tra letra as letrasNTOTAL= 60 N= 0 N=4 N=25N= 31RJS2= Fixar uma letra Repetiu Mud<strong>ou</strong> todas Fix<strong>ou</strong> umaa jogada as letras letra, <strong>se</strong>ndoque N=18fixaram a 1 aletraNTOTAL= 60 N=1 N=15N= 44RJS3= Trocar todas as letras Repetiu Repetiu a Repetiu a Repetiu a Repetiu Troc<strong>ou</strong> toda<strong>se</strong>m relação às duas proposições a jogada primeira 1 a . letra da 1 a . letra da <strong>ou</strong>tra letra as letras emanterior jogada jogada 1 a . jogada (não a relação àsanterior primeira) duas proposiçõesNTOTAL= 60 N=1 N=2 N=3 N=15 N=13N= 26Psicologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 2 185-195
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