156 Maria Helena Novaesinterpretações e múltiplos significados. A questão écomo rearrumar os conhecimentos de modo diferente,como comunicar de forma mais autêntica e comoexperienciar novas emoções e sonhos, distinguindo o queé para mudar, não mudando nada daquilo que muda <strong>se</strong>mquerer até o mudar realmente. Comunicar expressar,interpretar e simbolizar, além de pensar, <strong>se</strong>ntir e conhecersão inevitáveis no mundo atual.Aliás, durante es<strong>se</strong> congresso, a grande questão foi oque mud<strong>ou</strong>, o que irá mudar e o que de mais relevantedeve <strong>se</strong>r considerado quando <strong>se</strong> trata de criatividade,inteligência talento nos diversos paí<strong>se</strong>s. Nes<strong>se</strong> <strong>se</strong>ntido, acontribuição de J. Gallagher foi brilhante, além de muitoatualizada e concisa, ba<strong>se</strong>ando-<strong>se</strong> na experiência norteamericana,uma vez que é professor da Universidade deNorth Carolina at Chapel Hill. Discutiu quatrodimensões das mudanças: nos conceitos de inteligência ede criatividade da eqüidade versus excelência nas escolas,no currículo diferenciado para os alunos bem dotados;das novas linhas de acesso ao conhecimento global noprocesso de aprendizagem ao longo da vida e de umareal possibilidade, modificando os papéis dos professore<strong>se</strong> dos alunos em relação ao conceito de inteligência des<strong>se</strong>salunos, embora <strong>se</strong>ja reconhecida a influência do fatorgenético, além do que é advindo do meio social. Oresultado dessa interação constante é que irá facilitar asperformances e o de<strong>se</strong>nvolvimento das capacidades ehabilidades, tão utilizados nos testes de inteligência,priorizando aqueles de<strong>se</strong>mpenhos em situações e tarefasque exijam habilidades e funções, levando em conta omeio sociocultural em que vivem. Afirma que existemteorias rivais: a que enfatiza os aspectos genéticosneuronais e o sistema neurológico que responde pelaeficiência, através da maturação neurológica; a teoriaexperimental que reforça a importância do repertório deexperiências e do <strong>se</strong>u aproveitamento intelectual e a teoriareflexiva que reforça os aspectos intelectuais e de<strong>se</strong>nvolveestratégias para tarefas, podendo utilizar recursos das<strong>ou</strong>tras teorias, por constituir-<strong>se</strong> como um sistema decontrole. Quanto aos conceitos de criatividade asmudanças ocorreram no deslocamento da ênfa<strong>se</strong> dascaracterísticas de certas habilidades individuais para maiscomplexo resultado, proveniente da interação entre apessoa, os produtos e o meio ambiente.Novos perfis são produzidos para avaliação eidentificação, por exemplo, aumento da performancefeminina, as expectativas em lugares não convencionais,busca de soluções científicas, o acoplamento dacriatividade com a inteligência e superdotação em grupo<strong>se</strong>specíficos, como os de baixo rendimento escolar, autistas,pessoas com <strong>ou</strong>tras deficiências e limitações físicas <strong>ou</strong><strong>se</strong>nsoriais, dentre <strong>ou</strong>tras. Quanto ao currículo diferenciadoe procedimentos metodológicos, a ênfa<strong>se</strong> é na flexibilidadedo mesmo e numa concepção mais abrangente dearticulação entre as diversas disciplinas, a fim de propiciaruma maior independência respeitada pela coordenaçãodos professores e do sistema educacional, o que implicanuma mudança de organização escolar e na distribuiçãodas séries, considerando a diversidade de aptidões,interes<strong>se</strong>s e motivações.Quanto ao referencial de eqüidade e excelência oimportante é fornecer recursos e meios para todas afim de equalizar o acesso às informações e às fontesde conhecimento, admitindo, porém, a diversidade dasperformances, o que fará surgir vários tipos de propostasde ensino e de sistemas educacionais, além deoportunidades educativas mais globalizantes, articulandotecnologia com código lingüístico, as ciências, o controleda organização – <strong>se</strong>mpre levando em conta os diferentescódigos culturais sociais e históricos, os diferentes modosde aprender e de adquirir conhecimento, as diferenteslinguagens verbais especiais vi<strong>sua</strong>is. Outrascaracterísticas des<strong>se</strong>s alunos são admitidas – como apossibilidade de cometer erros em situações complexas,usar intuição, curiosidade <strong>se</strong>mpre ativa, focalização, tantopontual como global, acrescentar idéias no cotidiano, termetas, criar alternativas.Sintetizando, o importante é refletir criticamente sobretais mudanças e pensar sobre modos de abordagem dosnovos problemas, remetendo para a busca de novosrecursos de comunidade, mudando atitudes, compreendendoque uma coisa é o que a criança de<strong>se</strong>ja e temnecessidade e <strong>ou</strong>tra o que a escola exige dela.Outra contribuição importante foi a de Jo<strong>se</strong>ph Renzullido Centro Nacional de Pesquisas com Superdotados eTalentosos (USA) sobre um novo olhar em relação àquestão no novo século: quais as causas que fazem aspessoas usar <strong>sua</strong>s capacidades intelectuais, motivacionai<strong>se</strong> criativas, <strong>se</strong>us talentos, enquanto <strong>ou</strong>tros com osmesmas, e até mesmo mais facilidades não con<strong>se</strong>guemaltos níveis de de<strong>se</strong>mpenho? Sua proposta foi a de umnovo modelo que procure resgatar aquilo que ainda nãofoi exaustivamente estudado nos talentos. Grande númerode fatores como coragem, esperança, otimismo, carismae o <strong>se</strong>ntido do destino são discutidos por ele e levam anovas pesquisas e instrumentos de avaliação.
O que <strong>se</strong> espera de uma educação criativa no futuro 157Uma maior abertura de todos para um cenário globalé importante, a fim de <strong>se</strong>rem previstas múltiplasoportunidades e recursos nas áreas, assumindo-<strong>se</strong> adiversidade nas formas de domínio do saber, dashabilidades, dos de<strong>se</strong>mpenhos, das experiências de vidae dos referenciais socioculturais. Tal postura levaria àdescoberta de inúmeras possibilidades, nichos deconexões entre as teorias e as práticas, considerando<strong>se</strong>que são as escolhas que definem a rota das pessoas,mais do que as próprias habilidades.“Uma boa cabeça”, aliada a um bom coração écombinação ideal que nos leva a valorizar a verdade ebeleza, o conhecimento e o poder criativo de todos,nunca duvidando que, mesmo um pequeno grupo podemodificar o mundo. Assim, novas associações, centros,escolas podem <strong>se</strong>r valorizadas, desde que tenham umaperspectiva global do de<strong>se</strong>nvolvimento de criatividade edo talento e uma visão continuada e dinâmica doprocesso do ensinar-aprender.<strong>Para</strong> ele, o contexto do capital social é importantepara tornar as pessoas mais humanas e favorecernovos conhecimentos, pois uma nova liderança éesperada para o Século XXI – nes<strong>se</strong> novo modeloproposto. Ba<strong>se</strong>ado na interação pessoa e meioambiente propõe as dimensões acima mencionadascomo fundamentais – otimismo (<strong>se</strong>ntimentos positivo<strong>se</strong> esperança no futuro) coragem (independência deação e de pensamento, convicções morais) <strong>se</strong>nsitivaintuição, capacidade de empatia preocupações epercepção do <strong>ou</strong>tro, carisma, capacidade de influenciare curiosidade, visão do futuro (direção da mudança edas metas de ação) capacidade de fantasia (imaginaçãoe sonho). O que vale é o estilo pessoal a interaçãocom os valores do <strong>se</strong>gmento grupal a harmonia e oequilíbrio reinantes. Renzulli tem escalas para avaliaçãodos comportamentos criativos _ muito divulgadas edevidamente padronizadas. Foram editadas emespanhol pela Amaru Ediciones de Salamanca, paraavaliação dos estudantes superdotados em 2001.Klaus Urban, atual presidente da World C<strong>ou</strong>ncil eprofessor da Universidade de Hannover na Alemanhatem modelo próprio interpretativo e um teste muitoconhecido e aplicado em vários paí<strong>se</strong>s. Situa acriatividade como um processo de evolução <strong>ou</strong>devolução, partindo <strong>sua</strong> análi<strong>se</strong> dos <strong>se</strong>guintes aspectos:Problema – ponto de partida; Pessoa – singular;Processo – diferenciado; Produto – variado; Pressão –provinda do meio ambiente – micro e macro.Figura 1: Ilustração dos aspectos pertinentes a criatividade.Quanto ao problema, parte da questão de quemdetermina o problema para quem? Quais aqueles quetêm que <strong>se</strong>r solucionados criativamente?Como reage a criança talentosa na busca dassoluções do problema? Quais os desafios dos problemasatuais na educação de talentos?A discussão da diversidade dos problemas quedevem <strong>se</strong>r bem formulados é importante antes de <strong>se</strong>partir para a busca desordenada das soluções,considerando a adequação dos problemas para o tipode situações possíveis. Quanto às pessoas em relaçãoaos problemas, foram considerados os <strong>se</strong>guintesaspectos: quais são aquelas mais <strong>se</strong>nsíveis aos reaisproblemas <strong>se</strong> estão habituadas a formularem bem osproblemas, aptas para buscar soluções criativas e <strong>se</strong>dispõem de habilidades cognitivas para lidar com ele<strong>se</strong> poder criativo para sair deles.Em relação ao processo, foram enfatizadas as<strong>se</strong>guintes dimensões: diferentes maneiras de criar umclima de abertura e tolerância, facilidade, aproveitamentodos eventos e fatos novos e das influências ambientais.Já o produto implica em aceitá-lo em aproveitá-lo,verificando <strong>se</strong> provoca mudanças <strong>ou</strong> transformações,quais <strong>se</strong>us desdobramentos e <strong>sua</strong> aplicabilidade. No queconcerne às pressões do meio, de que modo influi node<strong>se</strong>nvolvimento das potencialidades, quais os bloqueio<strong>se</strong> conflitos que ocasionam, como são advindas tanto domeio educacional, social, das condições de vida,familiares da relação aluno-professor?Interessante a fra<strong>se</strong> de Picasso – “todo ato de criaçãoé um ato de destruição, no início”. Sempre está implícitauma mais nítida percepção da realidade e do existirpessoal em novas combinações de informações e dadosPsicologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 2 155-160
- Page 3 and 4: Psicologia Escolare EducacionalISSN
- Page 5: SUMMARYISSN 1413-8557125 EditorialP
- Page 9: Artigos
- Page 12 and 13: 130preocupação de ensinar a ler e
- Page 14 and 15: 132(13,2%; F=15), de livros (10,5%;
- Page 16 and 17: 134garantir ao aluno o domínio das
- Page 18 and 19: 136Acácia A. Angeli dos Santos, Ka
- Page 20 and 21: 138Acácia A. Angeli dos Santos, Ka
- Page 22 and 23: 140Acácia A. Angeli dos Santos, Ka
- Page 24 and 25: 142Acácia A. Angeli dos Santos, Ka
- Page 26 and 27: Acácia A. Angeli dos Santos, Katya
- Page 28 and 29: 146 Graziela Nascimento da Silva e
- Page 30 and 31: 148 Graziela Nascimento da Silva e
- Page 32 and 33: 150 Graziela Nascimento da Silva e
- Page 34 and 35: 152 Graziela Nascimento da Silva e
- Page 37: Psicologia Escolar e Educacional, 2
- Page 41 and 42: O que se espera de uma educação c
- Page 43 and 44: Psicologia Escolar e Educacional, 2
- Page 45 and 46: Avaliação da validade do question
- Page 47 and 48: Avaliação da validade do question
- Page 49 and 50: Avaliação da validade do question
- Page 51 and 52: Avaliação da validade do question
- Page 53 and 54: Psicologia Escolar e Educacional, 2
- Page 55 and 56: Família, escola e a dificuldade de
- Page 57 and 58: Família, escola e a dificuldade de
- Page 59 and 60: Família, escola e a dificuldade de
- Page 61 and 62: Psicologia Escolar e Educacional, 2
- Page 63 and 64: Adaptação da Pavlovian Temperamen
- Page 65: Adaptação da Pavlovian Temperamen
- Page 68 and 69: 186 Miriam Cruvinel e Evely Borucho
- Page 70 and 71: 188 Lino de Macedo, Ana Lúcia Pett
- Page 72 and 73: 190 Lino de Macedo, Ana Lúcia Pett
- Page 74 and 75: 192 Lino de Macedo, Ana Lúcia Pett
- Page 76 and 77: 194 Lino de Macedo, Ana Lúcia Pett
- Page 79 and 80: Psicologia Escolar e Educacional, 2
- Page 81 and 82: Transtorno do Déficit de Atenção
- Page 83: Transtorno do Déficit de Atenção
- Page 86 and 87: 204diversificadas. Embora sem usar
- Page 89 and 90:
HistóriaEntrevista com Maria Regin
- Page 91 and 92:
História 209do século 20 fizeram
- Page 93 and 94:
História 211modesto. Penso que o p
- Page 95 and 96:
História 213PSICOLOGIA E EDUCAÇÃ
- Page 97 and 98:
História 215Problemas de Aprendiza
- Page 99 and 100:
Sugestões PráticasSELEÇÃO DE PR
- Page 101:
Sugestões Práticas 219Fechamento
- Page 105 and 106:
Informativo 223INFORMESAbril/2004 -
- Page 107 and 108:
Informativo 225Forma de Apresentaç
- Page 109 and 110:
Informativo 227bibliográficas deve
- Page 111 and 112:
Informativo 229Serviço de Orienta
- Page 113:
História 2314.O processo de avalia
- Page 117:
ALGUNS TÍTULOS DA CASA DO PSICÓLO