12.07.2015 Views

INTRODUÇÃO Os - Para associar-se ou renovar sua anuidade ...

INTRODUÇÃO Os - Para associar-se ou renovar sua anuidade ...

INTRODUÇÃO Os - Para associar-se ou renovar sua anuidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

210 Históriacompetências e habilidades para compreender e agirsobre as condições em que os comportamentos <strong>se</strong>constituem e <strong>se</strong> modificam. Assim <strong>se</strong>rá capaz depromover o de<strong>se</strong>nvolvimento e a aprendizagem. Essa éuma postura diametralmente oposta à produção dediagnósticos que cristalizam e estigmatizam os indivíduo<strong>se</strong> acabam por dificultar <strong>se</strong>não mesmo impedir <strong>sua</strong>evolução e crescimento psicológico. O psicólogoeducacional, <strong>ou</strong> escolar, ao qual nos referimos, tomacomo ponto de partida o reconhecimento das capacidadesdos educandos: o que eles já são, já sabem <strong>ou</strong> já podemfazer e ajuda-os a ir além. Jamais <strong>se</strong> apóia no que oeducando ainda não sabe <strong>ou</strong> ainda não é.Você mencion<strong>ou</strong> cursos noturnos. Penso que elesainda são o patinho feio de nosso sistema educacional.A demanda reprimida de jovens brasileiros que queremaceder ao ensino superior é enorme e crescente. Fazerum curso superior ainda é imenso privilégio. Um grandenumero de jovens de comunidades pobres que trabalhampara sustentar-<strong>se</strong>, quando acedem às instituições deensino superior só têm como opção dirigir-<strong>se</strong> a cursosnoturnos. Em muitos des<strong>se</strong>s cursos também <strong>se</strong> formampsicólogos para o trabalho em educação. Ali <strong>se</strong> encontramjovens com grandes potencialidades, precocementeamadurecidos para a vida adulta, com ricas experiênciasde vida. Não podemos simplesmente transpor para elesum conjunto de práticas pensadas para <strong>ou</strong>tra realidade.Conhecemos mal essa categoria de estudantes. Temosque exercitar nessa realidade o que sabemos sobreproduzir conhecimento para poder agir melhor, descrevere explorar o real, o que significa sobretudo <strong>ou</strong>vir os atoresdesta cena. Temos que de<strong>se</strong>nvolver formas de ensinoadequadas a essa realidade, explorar as possibilidades econtornar os limites: horas de estudo, bibliotecas,aquisição de livros, condições de estágio.Cruces: Que mudanças significativas você vêna atuação dos psicólogos que trabalham comeducação desde a <strong>sua</strong> volta para o Brasil até osdias de hoje?Maluf: A atuação de psicólogos na educação sofrede vícios já abundantemente explorados na literaturacrítica da área: atuam como técnicos <strong>se</strong>m conhecimentoteórico; abusam da psicometria que conhecem mal;patologizam dificuldades dos escolares; psicologizamquestões que são de caráter social, econômico <strong>ou</strong>cultural; não lidam adequadamente com o contextoescolar <strong>ou</strong> familiar, etc.É essa uma visão crítica, consolidada nos anos 80,que de<strong>se</strong>mpenh<strong>ou</strong> importante papel histórico, mas que hojesó reflete parcialmente a realidade. Falta-lhe dinamismotransformador na medida em que é externa e conduz àculpabilização das vítimas. Sim, porque muitos dosteóricos-críticos que integram a categoria dos formadoresde psicólogos contentam-<strong>se</strong> com análi<strong>se</strong>s externas ecristalizam o problema eximindo-<strong>se</strong> de estudar soluções.A atuação que está <strong>se</strong>ndo, com razão, criticada, nasceudos cursos de formação, foi ensinada e foi aprendida.Não penso que o problema esteja na Psicologia comociência, à qual alguns atribuem caráter ideológico denatureza simplista e reducionista. Já concordei, no passado,com esta análi<strong>se</strong>, porém hoje a considero equivocada.Ela transfere nossa responsabilidade para uma espéciede forças ocultas que atuariam mais além de nós mesmos,como <strong>se</strong> fôs<strong>se</strong>mos joguetes de forças sociais, <strong>se</strong>mnenhuma possibilidade de escolha, de decisão econ<strong>se</strong>qüentemente despidos de responsabilidade.Considero esta postura como gravemente equivocada,sobretudo na contemporaneidade em que apreocupação com a ética renasce face à necessidadede <strong>se</strong> resgatar a construção de um mundo mais humano.Se, como reconhecemos, profissionais de psicologiaaprenderam e utilizaram o aprendido para reforçarprivilégios e manter desigualdades numa sociedadeenormemente desigual, é tempo de resgatar nossos erro<strong>se</strong> produzir mudanças na formação. Antes de <strong>se</strong>r es<strong>se</strong>um problema científico é um problema de formação deconsciência social, de opção por valores humanizadores.Há que <strong>se</strong> distinguir o conhecimento em si e o uso doconhecimento. O conhecimento em si supõe, naPsicologia e na Psicologia Educacional, a exigência deatualizar-<strong>se</strong> no saber científico, basicamente em <strong>sua</strong>sduas grandes vertentes: por um lado os processos básico<strong>se</strong> <strong>sua</strong> influência no comportamento e por <strong>ou</strong>tro ainfluência da cultura, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, os determinantes socioculturaisdo comportamento. Entendo que o uso doconhecimento deve supor a ética e defendo uma visãode mundo humanizadora, o reconhecimento da diversidade,a luta contra as diferentes formas de discriminaçãosocial e de exclusão. Nas escolas isto deve significaque o conhecimento psicológico pode ajudar os professoresa enfrentar, no micro e face ao macro, o cotidianoda produção de <strong>se</strong>ntido de <strong>sua</strong> ação.<strong>Para</strong> alguns, cabe ao psicólogo escolar atuar tambémno âmbito do sociólogo, do economista, do político, doantropólogo, do filósofo. Meu ponto de vista é mais

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!