136Acácia A. Angeli dos Santos, Katya L. de Oliveira, Maria Cristina R. Azevedo Joly e Adriana C. B<strong>ou</strong>lhoça Suehiromuito reduzido <strong>se</strong> comparado aos paí<strong>se</strong>s maisde<strong>se</strong>nvolvidos por falta de apoio das universidades,inexistentes à época. Com a criação dos institutos depesquisas inici<strong>ou</strong>-<strong>se</strong> o de<strong>se</strong>nvolvimento da ciência noséculo XIX, tornando-<strong>se</strong> uma área mais sólida nas trêsprimeiras décadas do século XX, com a criação dasprimeiras universidades no país.Meneghini (1998) destaca que de 1987 a 1998 aprodução nacional cresceu 65% em relação a paí<strong>se</strong>scomo Chile, Argentina, Colômbia e México, o queexpressa um notável avanço da produção científicabrasileira. Apesar disso, de modo geral, a produção daAmérica Latina não é ainda visível no cenáriointernacional. Em uma pesquisa sobre a produçãocientífica de autores brasileiros, Izique (2002) evidenci<strong>ou</strong>que o número de publicações brasileiras em periódicosindexados tem apre<strong>se</strong>ntado um progresso considerável,ocupando a nona posição dentre os vinte paí<strong>se</strong>s queregistraram maior crescimento de publicações nes<strong>se</strong> tipode periódico. A autora ob<strong>se</strong>rva que um dos critériosutilizados para a indexação é o da ba<strong>se</strong> de dados doInstitute for Scientific Information – ISI, os quaisimplicam em uma <strong>se</strong>leção criteriosa.Considerando-<strong>se</strong> que as publicações brasileirastenham crescido no cenário mundial de 0,83% em 1997,para 1,33% em 2000, a produção científica nacional émaior do que a indexada pelo ISI. Es<strong>se</strong> fato também foiob<strong>se</strong>rvado por Meneghini (1998) que afirma que 80%da produção nacional não <strong>se</strong> encontra publicada emperiódicos indexados.Quanto ao crescimento das publicações, Freitas(1998) considera que há algumas explicações para ofato, tais como, pressão institucional, crescentesocialização do ensino, quantidade de pesquisadoresativos e a competitividade em relação aos financiamentos.Hoje os pesquisadores podem contar comrecursos que são repassados dos governos estaduais efederal por agências de fomento (CNPq, FINEP,CAPES, FAPESP), além do Programa de Apoio aoDe<strong>se</strong>nvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT).Outros fatores associados são a quantidade de cursosde mestrado (1159) e d<strong>ou</strong>torado (616) que exigem, viade regra, que <strong>se</strong>us docentes apre<strong>se</strong>ntem produção emforma de publicação (resumos em anais de congressos,artigos e livros <strong>ou</strong> capítulos de livros).Avaliar a quantidade e qualidade das produções ées<strong>se</strong>ncial, pois as<strong>se</strong>gura o de<strong>se</strong>nvolvimento eaprimoramento das áreas e das atividades de pesquisas(Freitas, 1998; Meneghini, 1998). Porém, ob<strong>se</strong>rva-<strong>se</strong> queavaliar <strong>se</strong> torn<strong>ou</strong> um termo empregado em diversoscontextos, com diferentes juízos, objetos e significados(Depresbiteris, 1997). A concepção da palavraavaliação, <strong>se</strong>gundo Almeida (1997) é ampla, pois possuidiversos significados como, por exemplo, apreciação,estimação, determinação de valor, diagnóstico, controle,classificação, análi<strong>se</strong>, entre <strong>ou</strong>tros. No caso da avaliaçãoda produção científica o termo mais adequado a <strong>se</strong>rempregado é o de análi<strong>se</strong>. <strong>Para</strong> Witter (1996, 1999),analisar a produção científica possibilita o conhecimentoe orientação da atuação do pesquisador, proporcionandoa melhora da qualidade da vida do homem e ocrescimento na área. Tal análi<strong>se</strong> traduz a evolução doconhecimento e pesquisa, que são es<strong>se</strong>nciais para aformação e a atualização profissional.<strong>Os</strong> primeiros trabalhos de análi<strong>se</strong> da produçãocientífica em psicologia iniciaram-<strong>se</strong> na década de<strong>se</strong>tenta, com revisões históricas da produção. Nessaépoca utilizava-<strong>se</strong> a metodologia da revisão de literaturapara realizar a análi<strong>se</strong>. Nos anos oitenta e noventaob<strong>se</strong>rva-<strong>se</strong> o uso de estratégias que <strong>se</strong> aproximavam dacientometria (Witter C., 1996). Atualmente é realizadaba<strong>se</strong>ando-<strong>se</strong> na metaciência que <strong>se</strong>gundo Witter (1999),permite analisar dimensões abrangentes e pontuais daprodução científica. Dentre os possíveis materiais deanáli<strong>se</strong> estão o discurso que contempla os <strong>se</strong>guintesitens: título, resumo, palavras-chave, estrutura,referências e características verbais. Ao lado disso, ametodologia também é apreciada em aspectos taiscomo, objetivos, tipologia, sujeitos, materiais,procedimentos e variáveis. Como parte do tópicotemática são analisados itens como, tema, origem dotema, variáveis, classificações, thesauros e conclusões.Também é possível focalizar-<strong>se</strong> a análi<strong>se</strong> de dados e,dentro dela, verifica-<strong>se</strong> o procedimento, recursos e anatureza da análi<strong>se</strong> de<strong>se</strong>nvolvida (qualitativa, quantitativa<strong>ou</strong> mista). A análi<strong>se</strong> dos enfoques também pode <strong>se</strong>rrealizada e concerne na verificação das teorias e modelosapre<strong>se</strong>ntados. Outros itens passíveis de apreciação sãoa autoria e a vinculação do trabalho.Yamamoto, S<strong>ou</strong>za e Yamamoto (1999) ob<strong>se</strong>rvam quea produção científica é alvo de investigações em diversospaí<strong>se</strong>s e destacam que no Brasil ela aparece de formamuito mais vigorosa em anais de congressos do que emartigos de periódicos, como <strong>se</strong>ria de<strong>se</strong>jável. A pesquisasobre a produção científica feita por Prat (1998) descreveas atividades do Comisión Nacional de Investigación
I Congresso nacional de ‘Psicologia - Ciência e Profissão’: O que tem sido feito na Psicologia Educacional 137Científica y Tecnológica do Chile (CONICYT). Hámuitos pesquisadores brasileiros analisando as produçõestípicas do próprio campo. Es<strong>se</strong> fato pode <strong>se</strong>r ob<strong>se</strong>rvadonas pesquisas recentes de Meneghini (1998), Noronha(1998), Coimbra Jr. (1999), Figueira, Leta e De Meis(1999), cujos estudos variam desde a análi<strong>se</strong> de anais decongressos, revistas científicas, dis<strong>se</strong>rtações e te<strong>se</strong>s atéàquelas que têm como material de estudo ba<strong>se</strong> de dadosde bibliotecas virtuais. Mas há que <strong>se</strong> ressaltar que aprodução em psicologia ainda é relativamente pequena<strong>se</strong> comparada a <strong>ou</strong>tras áreas do conhecimento(Yamamoto, S<strong>ou</strong>za & Yamamoto, 1999).A psicologia escolar e educacional e a produçãocientíficaA psicologia escolar e educacional, voltada para aanáli<strong>se</strong> e intervenção em contextos educacionais, pode<strong>se</strong>r entendida como um instrumento de promoção sociale cultural de mudanças. Engloba aspectos relacionadosao ensino e aprendizagem, ao processo dede<strong>se</strong>nvolvimento, à estrutura curricular, à orientação eà formação continuada de professores, bem como aoestabelecimento de parcerias com as famílias, desde aeducação infantil até o ensino universitário. É uma práticaainda em de<strong>se</strong>nvolvimento, visto que tem p<strong>ou</strong>co mais decem anos. Atualmente os psicólogos que atuam nessaárea utilizam os mais variados métodos e técnicas querefletem as diversas formas de entender a psicologia ea educação. Nes<strong>se</strong> contexto, o que diferencia o psicólogoescolar de <strong>ou</strong>tras especialidades da psicologia é o papelde<strong>se</strong>nvolvido por ele como um profissional socialmentecomprometido, cujos valores e padrões éticos norteiam<strong>sua</strong> prática (Gomes, 1999; Joly, 2000).A psicologia tem muito a crescer e afirmar-<strong>se</strong> dentrodo sistema educacional, <strong>se</strong>ndo que o psicólogo escolarainda não tem um espaço de atuação profissionalconsolidado (Almeida, 1999, Neves, Almeida,Chaperman & Batista, 2002) destacam. Nes<strong>se</strong> <strong>se</strong>ntido,Del Prette (1999) discute que a falta de consideraçãocom a área começa com a própria LDB que em <strong>se</strong>uartigo 71 ‘professa a impossibilidade de <strong>se</strong> concebera in<strong>se</strong>rção do psicólogo no quadro funcional daescola’ (p. 13). Tal afirmação, por óbvio, restringe aprofissionalização dos psicólogos que <strong>se</strong> dedicam à área.Sobre es<strong>se</strong> aspecto, Gomes (1999) ressalta quemesmo com a falta de um reconhecimento maior porparte das autoridades, a psicologia escolar vem <strong>se</strong>de<strong>se</strong>nvolvendo e <strong>se</strong> auto afirmando. As necessidadesda área estão relacionadas às questões de formação, aopapel político de<strong>se</strong>mpenhado pela prática do psicólogoescolar e às atividades de pesquisa.No mesmo <strong>se</strong>ntido, Del Prette (1999) expõe quedentro da psicologia escolar configura-<strong>se</strong> uma divisãoentre as práticas profissionais. De um lado, estão ospsicólogos graduados em psicologia que exercematividades em situações escolares e educacionais ep<strong>ou</strong>cos são os que estão comprometidos com a pesquisa.Por <strong>ou</strong>tro lado, encontram-<strong>se</strong> os docentes pesquisadoresque, de uma forma geral, atuam nas universidades eproduzem o conhecimento na área.Segundo a visão de Gomes (1999), o progressocientífico, gerado a partir dos resultados das pesquisas,não chega ao campo onde a prática acontece. <strong>Para</strong>Almeida (1999) há que haver uma interação entre oconhecimento científico produzido e a atuação prática,o que promoverá o de<strong>se</strong>nvolvimento e aprimoramentodo profissional. Reforçando esta posição, Joly (2000)afirma <strong>se</strong>r imprescindível discutir-<strong>se</strong> um novo paradigmapara a formação e atuação do psicólogo escolar pautadopor ações preventivas em diferentes espaçosinstitucionais.Cabe destaque à produção científica que é muitoimportante, pois demonstra a qualidade da área e reafirma<strong>sua</strong> identidade como campo científico autônomo, comoafirmam Azevedo e Aguiar (2001). No caso dapsicologia escolar, a produção vem crescendo eganhando destaque nos últimos anos. A pesquisarealizada por Witter C. (1996) analis<strong>ou</strong> a produçãonacional e estrangeira da área, enfocando as questõesde formação e atuação profissional. <strong>Para</strong> tanto, avali<strong>ou</strong>três periódicos nacionais, <strong>se</strong>is internacionais e dois anaisde congressos (um nacional e <strong>ou</strong>tro estrangeiro). <strong>Os</strong>resultados indicaram que a maior produção encontra-<strong>se</strong>na área clínica e que a produção na área de escolarconcentra-<strong>se</strong> em aspectos como processos psicológicos,disciplinas acadêmicas, aprendizagem geral e problemasde aprendizagem. Outro dado importante é que a atuaçãoprofissional desponta como um dos temas mais estudadopelos pesquisadores.Mais recentemente, Neves e cols. (2002) analisaramas modalidades de comunicações nos congressosnacionais de psicologia escolar e educacional, estudando102 trabalhos publicados entre os anos de 1991 e 1998,em quatro anais dos congressos nacionais de psicologiaescolar promovidos pela Associação Brasileira dePsicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE). <strong>Os</strong>Psicologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 2 135-144
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