192 Lino de Macedo, Ana Lúcia Petty, Gi<strong>se</strong>le Escorel de Carvalho e Valquiria Carracedo<strong>Para</strong> a classificação das respostas como nível III,foram considerados os <strong>se</strong>guintes critérios:(a)Formulário com três jogadas para completar(situação “próxima jogada”): (1) Err<strong>ou</strong> uma jogada, masnão a situação 3; (2) Acert<strong>ou</strong> tudo.(b)Formulário com duas questões (situação“escrita”): Acert<strong>ou</strong> as 2 explicações, <strong>se</strong>ndo o textoescrito compreensível e comunicável.(c)Autonomia em relação ao adulto: Total, <strong>ou</strong><strong>se</strong>ja, con<strong>se</strong>guiu escrever sozinha (a criança recorreao adulto para contar o que fez, comentando <strong>sua</strong>estratégia, e não para ajudá-la a elaborar aresposta).Exemplos de Nível 3:(a) DAN (= a2-b-c)(b) MAC (= a1-b-c)<strong>Os</strong> resultados indicam que, dos 60 formuláriosanalisados 55% (N=33) são de nível 1; 20% (N=12) denível 2 e 25% (N=15) de nível 3. Como <strong>se</strong> pode ob<strong>se</strong>rvar,há uma predominância de protocolos de nível 1.Níveis “intermediários”Algumas respostas do tipo CJS, dependendo daexigência do avaliador, poderiam <strong>se</strong>r re-classificada<strong>se</strong>, portanto, merecem um destaque. Em <strong>ou</strong>traspalavras, não estão suficientemente claras, masapre<strong>se</strong>ntam indícios que sugerem uma forma“melhor” <strong>ou</strong> “superior” em relação à maioria dasproduções do nível em que foi “classificada”.Vejamos alguns exemplos:(a) LUI – (Nível 1)Escore=0 Þ “jogo mudando a letra”. (Comentário: não dá para ter certeza de que mudaria TODAS asletras).Escore=1 Þ “repito o mesmo número da minha escolha”. (Comentário: parece que fixaria uma letra, mas denovo, não é possível afirmar que é isto que faria).(b) NAL – (Nível 1)Escore=0 Þ “tento fazer uma nova <strong>se</strong>nha, <strong>se</strong>m usar a mesma ordem anterior”. (Comentário: não dá para tercerteza de que mudaria TODAS as letras).Escore=1 Þ “tento adivinhar qual a letra que estava certa”. (Comentário: a idéia do jogo não é adivinhar,mas deduzir. No entanto, a nomenclatura não <strong>se</strong>ria problema, <strong>se</strong> a criança tives<strong>se</strong> mencionado que mudariao lugar das <strong>ou</strong>tras letras “não certas”).(c) GUS – (Nível 1)Escore=0 Þ “embaralho as letras”. (Comentário: não dá para ter certeza de que mudaria TODAS as letras).Escore=1 Þ “escrevo o que escolho”. (Comentário: não dá para saber o que pretendia com esta fra<strong>se</strong>).(d) MIL – (Nível 1)Escore=0 Þ “eu penso uma <strong>ou</strong>tra ordem das letras”. (Comentário: não dá para ter certeza de que mudariaTODAS as letras).
Avaliação do de<strong>se</strong>mpenho de crianças e intervenção em um jogo de <strong>se</strong>nha 193Escore=1 Þ “tento descobrir a letra que acertei”. (Comentário: falt<strong>ou</strong> mencionar que critério utilizaria paradescobri-la).(e) NAT – (Nível 1)Escore=0 Þ “faço <strong>ou</strong>tra maneira, mudando a letra”. (Comentário: não dá para ter certeza de que mudariaTODAS as letras).Escore=1 Þ “tento imaginar a letra”. (Comentário: esta resposta sugere que a criança fixaria uma letra, masnão dá para ter certeza).(f) DAN – (Nível 2)Escore=0 Þ “faz uma <strong>ou</strong>tra <strong>se</strong>nha, não com as mesmas letras, mas com diferente”. (Comentário: não dá parater certeza de que mudaria TODAS as letras).Escore=1 Þ “vejo <strong>se</strong> é primeiro, <strong>se</strong>gundo <strong>ou</strong> terceiro nas jogadas”. (Comentário: esta resposta também sugereque a criança fixaria uma letra, mas não dá para ter certeza).DISCUSSÃOAs duas possibilidades de analisar protocolos(identificar qualitativamente o que foi produzido eclassificar por níveis), fornecem importantes informaçõessobre as formas de respostas apre<strong>se</strong>ntadas pelas criançaspara resolverem problemas. Assim, na perspectiva doprofissional, estas constatações contribuem paraestruturar o projeto de trabalho de<strong>se</strong>nvolvido nas oficinasno que <strong>se</strong> refere às intervenções, visando a melhoria naqualidade das produções e, como con<strong>se</strong>qüência, umamudança de nível das respostas das crianças. Alémdisso, dependendo do tipo de erro, há uma forma deintervenção diferente, adequada para a necessidade dosujeito e adaptada à <strong>sua</strong> compreensão da situação. Em<strong>ou</strong>tras palavras, <strong>se</strong> a criança produz uma respostaconsiderada insuficiente para resolver o problemaproposto e também apre<strong>se</strong>nta uma quantidade de errosque a classificam no nível I, é necessário um trabalhode intervenção que possa ajudá-la a perceber aincompletude <strong>ou</strong> insuficiência do que está produzindo(realizando), mesmo que ainda não possa superar <strong>se</strong>u<strong>se</strong>rros. Seria inadequado propor <strong>ou</strong> esperar que já pudes<strong>se</strong>corrigi-los <strong>ou</strong>, pior ainda, antecipá-los (compreendê-los).No caso específico do Senha ABC, uma intervençãoimportante com crianças cujas respostas são de “nívelI” <strong>se</strong>ria jogar junto várias partidas, pedindo explicaçõe<strong>se</strong>m ação, explicitando <strong>sua</strong>s contradições. Por exemplo:“Você tir<strong>ou</strong> 1, dis<strong>se</strong> que tinha que fixar uma letra emud<strong>ou</strong> todas. E agora?”. Neste nível, os melhoresresultados de intervenção referem-<strong>se</strong> à possibilidade decolocar a criança em contato com os erros produzidos,uma vez que, em geral, nem notam <strong>sua</strong> existência.No caso de produções de nível II, há uma oscilaçãonas respostas apre<strong>se</strong>ntadas. As crianças começam aerrar menos, têm dúvidas, sabem realizar, mas aindanão con<strong>se</strong>guem compreender. Em <strong>ou</strong>tras palavras, omomento é de de<strong>se</strong>quilíbrio em relação ao sistema, <strong>ou</strong><strong>se</strong>ja, a criança já começa a perceber erros, embora não<strong>se</strong>ja capaz de superá-los sozinha. Mais uma vez, interviradequadamente poderá contribuir para uma mudançade nível. Retomar uma partida e analisar as decisõestomadas pode <strong>se</strong>r um bom recurso de intervenção paracrianças que estão com dúvidas em relação aosprocedimentos adotados, revezando “boas” jogadas comjogadas puramente “no chute”. Ao <strong>se</strong> confrontar com<strong>se</strong>us erros, pode compreendê-los e evitá-los em <strong>ou</strong>traspartidas.É só no nível III que as respostas das criança<strong>se</strong>xpressam uma sínte<strong>se</strong> entre o realizar e o compreender.No entanto, esta sínte<strong>se</strong> não garante acertar <strong>se</strong>mpre,daí o valor que atribuímos às intervenções e ao diálogocom as crianças após jogar e resolver situaçõesproblema(Macedo, 2002).Todo este processo de intervenções durante <strong>ou</strong> apóso jogar tem como objetivo uma conscientização dasações executadas para melhorar o de<strong>se</strong>mpenho no jogo.No entanto, as mudanças que ocorrem não são restritasa este contexto. Como foi apre<strong>se</strong>ntado na introdução, otrabalho de<strong>se</strong>nvolvido nas oficinas visa à melhoria dode<strong>se</strong>mpenho escolar e este é o principal enfoque <strong>ou</strong>meta: ir melhor no jogo para ir melhor na escola. Nossoolhar é sobre “o que aprendo sobre a criança quandojoga” e isto significa dizer que <strong>se</strong> busca avaliarcontinuamente para intervir melhor. Avaliar, neste casopode <strong>se</strong>r definido como ob<strong>se</strong>rvar, regular, interpretar elocalizar. Intervir, por <strong>sua</strong> vez, é definido como adequarPsicologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 2 185-195
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