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INTRODUÇÃO Os - Para associar-se ou renovar sua anuidade ...

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Síndrome de Burn<strong>ou</strong>t: Um estudo com professores da rede pública 151significativa no que diz respeito ao gênero e as dimensõesde Burn<strong>ou</strong>t. Es<strong>se</strong> resultado confirma os obtidos em algun<strong>se</strong>studos brasileiros (M<strong>ou</strong>ra, 1997; Carlotto, 2002b; Pepe-Nakamura, 2002), indo, no entanto, de encontro ao<strong>se</strong>ncontrados na literatura internacional (Farber, 1991;Fernádez-Castro & colsl, 1994; Burke & cols., 1996).<strong>Os</strong> resultados nos remetem a considerar o que temsido levantado por Reichel e Neumann (1993). <strong>Os</strong>autores pontuam que cresce na literatura sobre o temaa idéia de que o estres<strong>se</strong> e o Burn<strong>ou</strong>t podem terdiferentes configurações dependendo do contextocultural, social e político da população em que é estudado.Segundo M<strong>ou</strong>ra (1997), certos aspectos da manifestaçãodo Burn<strong>ou</strong>t estão pre<strong>se</strong>ntes em qualquer contextosociocultural, embora juntamente com as <strong>se</strong>melhanças,as manifestações assumem por vezes contorno<strong>se</strong>specíficos determinados pelas particularidades noambiente de trabalho, na organização, bem como nosaspectos socioculturais mais amplos, pre<strong>se</strong>ntes nasdiferentes sociedades.Assim, cabe destacar o que refere Codo (1999)quando afirma que mudanças ocorreram desde atradicional distinção do trabalho homem-mulher, pois, oque era até p<strong>ou</strong>co tempo o lugar da mulher, uma forçade trabalho dedicada totalmente à família, é hoje umespaço mais bem distribuído entre homens e mulheres,devido à entrada da mulher no mercado de trabalho. Napercepção de Codo (1999) e Borsoi (1995), já ébastante comum homens compartilharem as responsabilidade<strong>se</strong> as preocupações com a criação dos filhos e astarefas domésticas com as mulheres. Essa questão pode<strong>se</strong>r analisada juntamente com os resultados obtidos navariável comportamental que aborda a responsabilidadepelos cuidados domésticos, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, a grande maioriados participantes do estudo, independente da variávelgênero, afirma dividir tarefas referentes à organizaçãodoméstica com <strong>ou</strong>tra pessoa, indicando uma maiorproximidade entre os papéis de<strong>se</strong>mpenhados e o queera tradicionalmente conferido às mulheres.Outro aspecto importante é que homens e mulheres<strong>se</strong>ntem que o trabalho é fonte de realização e gratificaçãopessoal no trabalho, não confirmando a primeira hipóte<strong>se</strong>do estudo. Es<strong>se</strong> resultado contraria Maslach e Jackson(1985), que referem existir uma maior intensidade deinsatisfação no trabalho entre os homens, uma vez queesta <strong>se</strong> vincula às expectativas de sucesso, competiçãoe de<strong>se</strong>nvolvimento, elementos geralmente maisidentificados com o papel masculino.É importante destacar que, mesmo não tendo sidoidentificadas diferenças significativas entre os grupos, osresultados apontam o limite da significância entre aexaustão emocional e despersonalização no grupofeminino. Há uma leve tendência do grupo femininoapre<strong>se</strong>ntar maior desgaste profissional e menor <strong>se</strong>ntimentode distanciamento de <strong>sua</strong> clientela. Es<strong>se</strong> resultado podeindicar alguns resquícios históricos da profissão docentee do papel feminino neste contexto. A exaustão emocionalnas mulheres pode <strong>se</strong>r associada com a idéia de que estassão mais emotivas, mais envolvidas com o cuidado,alimentação e preocupação com o bem estar do próximo.A escolha da carreira docente pode estar relacionada como papel feminino em nossa cultura , em que as mulheressão vistas como mais adequadas para esta função(Maslach & Jackson, 1985; Apple, 1995; Carvalho, 1995).Es<strong>se</strong>s aspectos também <strong>se</strong> relacionam à dimensão dedespersonalização, uma vez que homens teriam maisdificuldade de expressar <strong>se</strong>us <strong>se</strong>ntimentos, conformedestacam Maslach e Jackson (1985). <strong>Os</strong> resultados obtidosparecem confirmar estudo realizado por Pedrabissi e cols.(1993) com professores italianos e france<strong>se</strong>s, que destacaa relevância de fatores culturais e contextuais nosresultados de Burn<strong>ou</strong>t.Já a <strong>se</strong>gunda hipóte<strong>se</strong> da investigação, a de quevariáveis demográficas, profissionais e comportamentais<strong>se</strong> associavam de forma diferenciada nos dois grupos,foi confirmada, pois no grupo feminino h<strong>ou</strong>ve associaçãoentre a idade e o tempo de atuação profissional e aexaustão emocional. Pode-<strong>se</strong> entender que à medidaque a idade e o tempo de atividade profissional aumentamneste grupo, aumenta também o <strong>se</strong>ntimento de desgaste,provavelmente devido ao maior envolvimento e àcobrança social depositada ainda na professora comrelação às atribuições e ao papel docente.Cabe destacar que as mulheres possuem maior tempointegral na escola, contrariamente ao grupo masculino,que atua em <strong>ou</strong>tra escola e também em <strong>ou</strong>tra atividade,ficando menos expostos aos estressores organizacionais,conforme afirma Carlotto (2002b), ocasionando umatendência de aumento do <strong>se</strong>ntimento de baixa realizaçãoprofissional. Assim, identifica-<strong>se</strong> que somente no grupofeminino o pensamento de mudar de profissão relacion<strong>ou</strong><strong>se</strong>à exaustão emocional, podendo este resultado <strong>se</strong>rentendido como uma possível con<strong>se</strong>qüência de Burn<strong>ou</strong>t.De acordo com Schwab e Iwanicki (1982), professoresapre<strong>se</strong>ntam tendência em abandonar <strong>se</strong>u trabalho e <strong>sua</strong>profissão como con<strong>se</strong>qüência da síndrome.Psicologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 2 145-153

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