148 Graziela Nascimento da Silva e Mary Sandra CarlottoTamayo (1997) na adaptação brasileira do instrumento, poisfoi verificado que os sujeitos apre<strong>se</strong>ntavam dificuldade emresponder muitos itens dos instrumentos, devido àespecificidade dos critérios da escala original. Empregamos,portanto, 1 para “nunca”, 2 para “algumas vezes ao ano”,3 para “algumas vezes ao mês”, 4 para indicar “algumasvezes na <strong>se</strong>mana” e 5 para “diariamente”.Altos escores em exaustão emocional e despersonalizaçãoe baixos escores em realização pessoal (esta subescala éinversa) indicam alto nível de Burn<strong>ou</strong>t (Maslach & Jackson,1981). Na versão original americana, a consistência internadas três dimensões do inventário é satisfatória, pois apre<strong>se</strong>ntaum alfa de Cronbach que vai desde 0.71 até 0.90 e oscoeficientes de teste e re-teste vão de 60 a 80 em períodosde até um mês (Maslach & Jackson, 1981). Pepe-Nakamura(2002), em estudo com uma amostra brasileira, encontr<strong>ou</strong>0.82 para Exaustão Emocional, 0.77 para Despersonalizaçãoe 0.76 para a Realização Profissional.Procedimento de coleta de dadosPrimeiramente foi realizado um contato com adireção das escolas e com a orientadora pedagógica, noqual foi apre<strong>se</strong>ntado o objetivo do estudo a fim de obtera autorização e o apoio para a aplicação dos instrumentos.As escolas cederam um espaço de aproximadamente20 minutos na hora do intervalo para a aplicação doinstrumento. <strong>Os</strong> questionários foram aplicados em grupo.Quando da ausência de alguns professores, estes eramprocurados posteriormente e convidados a responder deforma individual, até que <strong>se</strong> alcanças<strong>se</strong> o númerode<strong>se</strong>jado para a amostra.Foram realizados os procedimentos éticos conformeresolução 196 do Con<strong>se</strong>lho Nacional de Saúde (CNS), noque diz respeito à pesquisa com <strong>se</strong>res humanos (Hutz &Spink, 1996). Foi esclarecido aos professores e aos diretoresdas instituições de ensino tratar-<strong>se</strong> de uma pesquisa <strong>se</strong>mquaisquer efeitos avaliativos individuais e/<strong>ou</strong> institucionai<strong>se</strong> que as respostas e os dados referentes aos resultadosdas escolas <strong>se</strong>riam anônimos e confidenciais. Também foiesclarecido que não haveria, no relatório de pesquisa,resultados individualizados por escolas.RESULTADOSO Banco de Dados foi digitado em EXCEL eposteriormente analisado no pacote estatístico SPSS,versão 10.0. Foram calculadas medidas descritivas,médias e desvio-padrão, e utilizado o teste t de Studente de correlação de Pearson.Ao caracterizarmos o grupo <strong>se</strong>gundo o gênero,verificamos que a maioria das mulheres possui idademédia de 36 anos, são casadas (63,3%), possuem umcompanheiro fixo (73,3%) e tem filhos (66,7%). Quantoaos homens, possuem idade média de 37 anos, sãocasados (60%), possuem companheiro fixo (77,4%) etêm filhos (58%).No perfil profissional, identifica-<strong>se</strong> que 46,6% dasmulheres possuem graduação <strong>ou</strong> especialização e 43,3%encontram-<strong>se</strong> cursando estes níveis de formação. Quantoaos turnos trabalhados os resultados evidenciam que63,3% trabalham conjuntamente no turno da manhã e notarde. Nes<strong>se</strong> grupo 44,8% dividem <strong>sua</strong> jornada de trabalhocom atividades profissionais em <strong>ou</strong>tra escola e o mesmopercentual atuam em uma mesma escola em tempointegral. Atuam em atividades não docentes 10,3%.Do grupo masculino, 58,1% possuem curso degraduação e especialização, <strong>se</strong>ndo que 38,7% estácursando uma nova titulação. Com relação aos turnostrabalhados, 45,2% exercem <strong>sua</strong>s atividades nos trêsturnos. <strong>Os</strong> resultados apre<strong>se</strong>ntaram que 58,1% trabalhamtambém em <strong>ou</strong>tra escola, 32,3% possuem <strong>ou</strong>tra atividadenão docente e somente 9,7% trabalham turno integralem uma única escola.Com relação às variáveis comportamentais, aremuneração para 90% das mulheres é um complemento,para 6,7% é a maior renda da família e somente para3,3% é a única renda familiar. Quanto a executar trabalhoreferente à escola em casa, 86,7% referem tal prática. Aintenção de mudar de profissão não foi uma preocupaçãopara 56,7% do total. Quanto à interferência da profissãona vida pessoal, 66,7% responderam afirmativamente aesta questão. Assim, 83,3% <strong>se</strong>ntem que <strong>sua</strong> profissãocausa-lhe estres<strong>se</strong>. Possuir uma atividade específica delazer foi apontado por 63,3% das profissionais. Quanto areceber auxílio nas atividades domésticas, 80% indicampartilhar tarefas com <strong>ou</strong>tra pessoa.No grupo masculino, 48,4% referem que a remuneraçãoé a maior renda da família, 19,4% indicam <strong>se</strong>ra única renda familiar e para 32,3% é somente umcomplemento. Quanto a de<strong>se</strong>nvolver trabalhosreferentes à escola em casa, 93,5% dos professoresafirmam que o fazem. Com relação à intenção de mudarde atividade profissional, 64,5% não apont<strong>ou</strong> talpensamento. A profissão interfere na vida pessoal de
Síndrome de Burn<strong>ou</strong>t: Um estudo com professores da rede pública 14961,3% dos professores, <strong>se</strong>ndo considerada como umaatividade estressante para 67,7% dos respondentes Aprática de lazer <strong>se</strong> faz pre<strong>se</strong>nte para 77,4% dosprofessores, <strong>se</strong>ndo que 83,9% dividem as atividadesdomésticas com <strong>ou</strong>tra pessoa.No que diz respeito aos resultados de Burn<strong>ou</strong>t,verifica-<strong>se</strong> que as mulheres apre<strong>se</strong>ntam índices médiosmaiores que os homens em Exaustão Emocional e menore<strong>se</strong>m Despersonalização, bem como em Realização Pessoal.No entanto, resultado obtido através do teste t deStudent não apont<strong>ou</strong> diferenças significativas nasmédias das dimensões por gênero, <strong>se</strong>ndo importantedestacar, porém, que os resultados obtidos na dimensãode Despersonalização indicando valor de p=0,063, istoé, no limite da significância, revelam uma tendênciade aumento dos escores médios no gênero masculino.Na escala de Exaustão Profissional também qua<strong>se</strong>h<strong>ou</strong>ve uma diferença estatisticamente significativa(p=0,081), o que indica uma leve tendência da ExaustãoEmocional apre<strong>se</strong>ntar-<strong>se</strong> mais elevada, conformeindicado na Tabela 1.Por meio da análi<strong>se</strong> de correlação de Pearsonrealizada no grupo feminino, foi identificada associaçãopositiva significativa entre as variáveis idade e tempo deensino com a dimensão de Exaustão Emocional, indicandoque quanto mais elevada a idade e o tempo de profissãodocente, maior a tendência de elevação do nível dedesgaste emocional no trabalho. Também foi identificadaneste grupo uma associação estatisticamente negativa esignificativa do tempo de ensino e a dimensão de realizaçãoprofissional, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, quanto maior o exercício profissional,menor é o <strong>se</strong>ntimento de realização no trabalho. Já nogrupo masculino, nenhuma das variáveis apre<strong>se</strong>nt<strong>ou</strong>associação com as dimensões da síndrome (Tabela 2).<strong>Os</strong> valores r sobre a diagonal correspondem ao grupofeminino e os valores abaixo da diagonal ao grupomasculino.Análi<strong>se</strong> realizada através do teste t de Studentidentific<strong>ou</strong>, no grupo feminino, associação entre avariáveis comportamentais mudar de profissão e avariável perceber a profissão como estressante e adimensão de Exaustão Emocional. Professoras quepensavam em mudar de profissão e tinham apercepção de que <strong>sua</strong> profissão era estressantepossuíam maiores índices de desgaste emocional notrabalho. Já possuir uma atividade específica de lazere perceber que a atividade profissional interfere navida pessoal não apre<strong>se</strong>ntaram associação comnenhuma dimensão de Burn<strong>ou</strong>t, conformeevidenciado na Tabela 3.Tabela 1: Teste t de Student para comparação das médias das dimensões de Burn<strong>ou</strong>t por gênero.Dimensões Sexo N Média Desvio-padrão t pExaustão Emocional Feminino 30 3,01 1,24 1,77 0,081Masculino 31 2,46 1,17Despersonalização Feminino 30 0,84 0,82 -1,89 0,063Masculino 31 1,25 0,85Realização Profissional Feminino 30 4,46 0,94 -0,49 0,626Masculino 31 4,58 0,95Tabela 2: Matriz de correlação entre variáveis quantitativas e as três dimensões de Burn<strong>ou</strong>t de acordo com o <strong>se</strong>xo (EE:Exaustão Emocional, DE: Despersonalização, BRP: Baixa Realização Profissional).1 2 3 4 5 6 7 8 91.EE 1,000 ,351 -,596** 404* -.004 ,001 -,157 ,208 ,400*2.DE ,447* 1,000 ,-388* ,-021 -,056 -,044 ,121 ,102 -,2773.BRP -,233 -,288* 1,000 -,160 ,094 ,219 ,064 ,099 -,382*4.Idade -,314 ,001 -,163 1,000 ,443* ,134 -,219 ,109 ,7025.Nº filhos -,245 ,166 -,001 ,610**, 1,000 -,162 -,021 -,090 ,2616.Carga Horária -,122 -,057 -,080 ,055 ,004 1,000 ,318 ,328 -,1367.Alunos / dia ,099 -,133 -,131 ,068 -,079 ,596** 1,000 ,113 -,3048.Horas trabalho casa -,166 -,134 ,130 -,159 ,098 -,085 -,182 1,000 ,0109.Tempo/ensino -,127 ,090 -,140 ,743** ,190 ,190 ,155 -,186 1,000Psicologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 2 145-153
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