12.07.2015 Views

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

113A vida que levam <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> casadas é uma vida <strong>de</strong> renúncia. Todas permanecem emcasa, cuidan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s assuntos <strong>do</strong>mésticos e preocupan<strong>do</strong>-se com a família. Seus compromissosenvolvem a maternida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que tornam-se escravas <strong>de</strong> regras rígidas impostas pelopo<strong>de</strong>rio masculino na socieda<strong>de</strong>.D. Almerinda, D. Alcina e Francisca, <strong>de</strong> Estrada Nova, passam seus dias <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casaa limpar, cozinhar, rezar e cuidar <strong>do</strong>s filhos. D. Almerinda faz amiza<strong>de</strong> com as empregadas,com quem convive, D. Alcina <strong>de</strong>dica-se à Igreja e Francisca conversa e <strong>de</strong>sabafa com a filha,Rosa.Maria José, no entanto, diferencia-se das <strong>de</strong>mais pelo fato <strong>de</strong> abrir seu próprio negócio even<strong>de</strong>r suas costuras. Essa sua <strong>de</strong>cisão, porém, surge <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> estarem passan<strong>do</strong>necessida<strong>de</strong>s financeiras. Dessa maneira, ela trabalha e <strong>de</strong>termina regras e normas para suafamília, mas não sai <strong>de</strong> casa, abre seu negócio ali mesmo, e segue cuidan<strong>do</strong> e protegen<strong>do</strong> osfilhos. Essa solução encontrada por Maria José para sair da crise financeira em que seencontravam é sabiamente comentada por Dirani: “Só a partir <strong>do</strong> momento em que a mulher<strong>de</strong>scobre a causa <strong>de</strong> sua “infelicida<strong>de</strong>” é que po<strong>de</strong> lutar para eliminá-la.” (1986, p. 58).Outro fator relevante no comportamento feminino nas obras em estu<strong>do</strong> é a religiosida<strong>de</strong>.Como já estudamos na história das mulheres, durante anos os homens se consi<strong>de</strong>ravamsuperiores às mulheres aos olhos <strong>de</strong> Deus, por isso receberam uma educação religiosa maislivre, enquanto as mulheres, como seres inferiores, <strong>de</strong>veriam rezar e <strong>de</strong>dicar-se à Igreja maisque os homens para que tivessem o perdão <strong>de</strong> seus peca<strong>do</strong>s. Essa norma criada pela igrejaperpassou gerações e ainda no século XX percebemos essa atitu<strong>de</strong> nas mulheres, quepermanecem mais religiosas que os homens. A personagem que mais representa esse papelque fora imposto ao comportamento feminino durante anos é D. Almerinda e D. Alcina,ambas <strong>de</strong> Estrada nova.Almerinda recorre à religião sempre que se assusta com algo. Em seu quarto tem umaltar <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a <strong>Santa</strong> Catarina, sua santa <strong>de</strong> <strong>de</strong>voção, a quem reza e ascen<strong>de</strong> velas to<strong>do</strong>s osdias. Ela acredita na força e proteção da santa contra os peca<strong>do</strong>s <strong>do</strong> homem e reza para queTeo<strong>do</strong>ro possa encontrar a paz quan<strong>do</strong> falecer, pois acredita que o mari<strong>do</strong> é um herege e correrisco <strong>de</strong> ar<strong>de</strong>r no fogo <strong>do</strong> inferno. Teo<strong>do</strong>ro, por sua vez chama isso <strong>de</strong> fraquezas <strong>de</strong> mulher e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!