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ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

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17Dessa maneira, a personagem <strong>de</strong>ve ser vista como um ser fictício que existe, existe empalavras, mas existe, pois é um produto da fantasia humana, mas para essa criação o escritorprecisa observar o mun<strong>do</strong> ao seu re<strong>do</strong>r, seus problemas sociais e as pessoas que estãoenvolvidas nessa questão para compor seus romances. O que não significa que vá elaboraruma cópia idêntica <strong>de</strong> um ser vivo, ou que irá copiar totalmente a sua realida<strong>de</strong> porque isso éimpossível, como cita Cândi<strong>do</strong>:[...] é impossível, como vimos, captar a totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser duma pessoa, ousequer conhecê-la; segun<strong>do</strong>, porque neste caso se dispensaria a criação artística;terceiro, porque, mesmo se fosse possível, uma cópia <strong>de</strong>ssas não permitiria aqueleconhecimento específico, diferente e mais completo, que é a razão <strong>de</strong> ser, ajustificativa e o encanto da ficção. (2002, p. 65)Cyro Martins em Para início <strong>de</strong> conversa, autor que estudaremos mais a fun<strong>do</strong>posteriormente, apresenta a personagem como um ser que <strong>de</strong>ve ser “livre” ao mesmo tempoem que tem uma estreita relação com o autor:[...] uma vez lança<strong>do</strong> o personagem na página em branco e permitin<strong>do</strong> que ele an<strong>de</strong>à vonta<strong>de</strong> por uma folha ou duas, precisamos então adivinhar seus pensamentos e<strong>de</strong>sejos e ir dan<strong>do</strong> corda à sua maneira <strong>de</strong> ser, <strong>de</strong> sorte que cria<strong>do</strong>r e criaturapermaneçam ao longo da estrada novelística. Claro que iremos sofrer com seustormentos. Mas, em compensação, suas alegrias também são nossa. (1990, p. 129)Esse escritor, no prefácio <strong>de</strong> Sem rumo, ainda salienta que a personagem <strong>de</strong>ve tercaracterísticas próprias para que a obra literária seja melhor aceita pelo leitor e para que possaatingir seus objetivos:Imobilizar as personagens e retalhá-las em vincos sóli<strong>do</strong>s <strong>de</strong> escultura po<strong>de</strong>constituir um processo para con<strong>de</strong>nsar o belo e atingir a eloqüência. Mas não restadúvida <strong>de</strong> que, se o ficcionista <strong>de</strong>ixar essas mesmas figuras moverem-se por simesmas, no senti<strong>do</strong> que se empresta em Literatura ao movimento espontâneo daspersonagens, impon<strong>do</strong>-se pela sua glória ou pela sua miséria, estabelecerá umaaproximação muito mais íntima com o leitor, contagiará mais facilmente a suaemoção estética, encontrará mais fraca oposição à sua mensagem. (1997, p. 16)Kun<strong>de</strong>ra salienta que não há uma fórmula mágica pra conseguir essa vivacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serfictício, nem é necessário seguir algumas das normas <strong>do</strong> realismo psicológico, como dar omáximo <strong>de</strong> informações sobre a personagem, conhecer o passa<strong>do</strong> <strong>de</strong>la para enten<strong>de</strong>r suasatitu<strong>de</strong>s presentes, nada <strong>de</strong> intromissões <strong>do</strong> autor na obra etc., é, pois necessário dar umaespécie <strong>de</strong> “abertura” ao leitor para que ele possa se incumbir <strong>de</strong> dar vida a esse ser. Paraexemplificar essa sua tese, cita uma experiência própria sua como leitor: “Dom Quixote é

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