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ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

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89finos e contraí<strong>do</strong>s, o bigo<strong>de</strong> arisco, o nariz reto. Aí parou. Não se atreveu a fitar-lhe nosolhos.” (1997, p. 40)Infeliz com a situação em que vive, ela <strong>de</strong>seja profundamente que o companheiro seaborreça <strong>de</strong>la e <strong>de</strong> seus filhos, que <strong>de</strong>sista da vida conjugal e que os aban<strong>do</strong>ne, mas teme queClarimun<strong>do</strong> possa imaginar o que se passa em seu íntimo, isso a torna uma mulher oprimida eamedrontada até em pensamentos: “Evarista pensava assim, mas tremia só <strong>de</strong> imaginar queele um dia adivinhasse o seu <strong>de</strong>sejo. Sabia, Clarimun<strong>do</strong> era capaz <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, até... Surpreen<strong>de</strong>usefitan<strong>do</strong> o cabo da adaga <strong>do</strong> mari<strong>do</strong>.” (1997, p. 41)Seus momentos <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> são quan<strong>do</strong> o companheiro sai para o campo. Nessas horasEvarista sente-se <strong>do</strong>na <strong>de</strong> si e gosta <strong>de</strong> viver, diferente <strong>do</strong>s momentos em que se sente umaprisioneira com a simples presença <strong>de</strong>le:Sim, ainda estava presa, acolherada à sorte daquele indivíduo, que nem ao menos atemia, embora a odiasse. Se ele tivesse receio <strong>de</strong> sua traição e temesse umapunhalada bandida, ao menos estariam em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições. Mas não. Era sóela, a amedrontada! (1997, p. 43)Numa socieda<strong>de</strong> machista como a que vivia Evarista, ser mãe solteira era sinônimo <strong>de</strong><strong>de</strong>svalorização e repressão feminina. No sistema patriarcal, a gravi<strong>de</strong>z antes <strong>do</strong> casamento eravergonhosa, atribuía à mulher o conceito <strong>de</strong> fácil, prostituta. Esse foi o fator básico que levouClarimun<strong>do</strong> ao distanciamento da mulher e <strong>do</strong>s filhos mesmo que a amasse. Evarista foimarginalizada e repudiada pelo companheiro <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos valores impostos pela socieda<strong>de</strong>.Outro casal da história é Manuel Garcia e Maria. Esse casal parece ter um bomrelacionamento. Manuel morou na cida<strong>de</strong>, trabalhou no comércio, em firmas, foi reservista <strong>do</strong>exército e funcionário <strong>do</strong> banco, é um homem que sabe ler, e por isso, recebe um convite <strong>do</strong>coronel Dutra para ser o professor rural daquele distrito. Para <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> la<strong>do</strong> a vida <strong>de</strong>chacareiro, vista pelo coronel como “[...] vidinha miserável, própria <strong>de</strong> indivíduos incapazes[...]” (1997, p. 67), <strong>de</strong>ve em troca, votar no Dr. Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, já presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> echefe <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Republicano. Em sua visita a Manuel o coronel Dutra almeja conseguir maisvotos para o parti<strong>do</strong> e por isso, convence o chacareiro <strong>de</strong> que ele é o homem certo para ocargo <strong>de</strong> professor, já que tem caráter e sabe ler. Manuel Garcia, por sua vez, vê nessaproposta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adquirir respeito e prestígio na vizinhança. Crê que esse trabalho

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