12.07.2015 Views

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

70alimentação e moradia. Alguns recebiam pequenos pedaços <strong>de</strong> terra para sobrevivência dafamília. A agricultura e a pecuária estavam <strong>de</strong>svalorizadas e, aos poucos, a tecnologia foia<strong>de</strong>ntran<strong>do</strong> nos campos sulinos, trazen<strong>do</strong> alguns benefícios aos cria<strong>do</strong>res e muitas tristezasaos emprega<strong>do</strong>s:Entretanto, o completo cercamento <strong>do</strong>s campos e a introdução <strong>de</strong> alguma tecnologianos méto<strong>do</strong>s criatórios foi fazen<strong>do</strong> com que houvesse menor necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> braçospara a criação. Acentuou-se, com isso, o processo <strong>de</strong> êxo<strong>do</strong> rural que já semanifestava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos trinta. (PESAVENTO, 2002, p. 116)Em Porteira fechada Júlio Bica, estancieiro da região, pensa na ocupação que dará aocampo que acaba <strong>de</strong> comprar, que é on<strong>de</strong> vivem Gue<strong>de</strong>s e a família. Caso o arrendatário lhepeça para permanecer no local alegará que nos dias atuais não são mais necessários posteiros<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à tecnologia atual: “Além disso, posteiro não se usava mais. Pra quê? Uma estânciacomo a sua, toda tapada, marchava lin<strong>do</strong> com três ou quatro peães. E isso mesmo porque eracaprichoso, gostava <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> arregla<strong>do</strong>. A rigor, até <strong>do</strong>is mensuais bastavam” (1993, p. 20).Também Eusébio, carreteiro antigo, recorda, no velório <strong>de</strong> Gue<strong>de</strong>s, a conversa que tevecom esse há algum tempo atrás, quan<strong>do</strong> o campeiro procurava um lugar para morar erecomeçar a vida. Nessa conversa, Eusébio comenta a difícil e dura vida <strong>do</strong>s homenscampesinos, <strong>do</strong>s peões <strong>de</strong> estâncias, a <strong>de</strong>svalorização da moeda e <strong>final</strong>iza seu pensamentocom a certeza <strong>de</strong> que não há outra solução para os pobres da campanha senão morar nacida<strong>de</strong>:“O que eu vinha enxergan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tempito largo – prosseguiu Eusébio, altean<strong>do</strong>levemente a cabeça e a voz – era que nós to<strong>do</strong>s, os pobres da campanha, ia acabaemangueira<strong>do</strong>s, como capão pra consumo. E sabem on<strong>de</strong>? Aqui mesmo na al<strong>de</strong>ia,nesse cisco.” (1993, p. 40)Os trabalha<strong>do</strong>res que aban<strong>do</strong>navam o campo e iam pra cida<strong>de</strong> esperavam uma melhorqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, mas não estavam prepara<strong>do</strong>s para o trabalho citadino, sabiam apenas otrabalho campesino, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que muitos não se acertaram com a vida na cida<strong>de</strong> e morreramna miséria: “Uma vez fora <strong>do</strong> latifúndio, este trabalha<strong>do</strong>r buscava cida<strong>de</strong>s. Todavia,constituía-se uma mão-<strong>de</strong>-obra que era jogada no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho sem ter especializaçãonenhuma, pois suas habilida<strong>de</strong>s na vida campeira nada valiam para a vida urbana”(PESAVENTO, 2002, p. 116).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!