12.07.2015 Views

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

30Dessa maneira, a narrativa ficcional <strong>de</strong>sse autor aponta um tempo <strong>de</strong> mudanças sociais,<strong>de</strong> inconstância e <strong>de</strong> empobrecimento <strong>do</strong> povo sul-rio-gran<strong>de</strong>nse <strong>do</strong> campo, pois a socieda<strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnizava-se, começava a aumentar a população das cida<strong>de</strong>s, a indústria e o comérciocresciam intensamente.Na verda<strong>de</strong>, as massas campeiras foram sen<strong>do</strong> pouco a pouco dispensadas – por quenão dizer excluídas? – por <strong>de</strong>snecessárias, numa <strong>de</strong>corrência lógica <strong>do</strong> rumo quetomavam as li<strong>de</strong>s campeiras. Com efeito, o gaúcho pobre não foi chama<strong>do</strong> aparticipar <strong>do</strong> ciclo que se iniciava, <strong>de</strong> intensa comercialização da pecuária.(MARTINS, 1997, p. 27)Tânia Franco Carvalhal (1999, p. 37) afirma que Cyro em sua trilogia, a que ele mesmoaplica a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> trilogia <strong>do</strong> gaúcho a pé, vai contrapor à feição i<strong>de</strong>alizada <strong>do</strong> gaúchouma <strong>versão</strong> mais realista e coerente com mudanças econômicas e sociais porque a figurapassa a ser obrigada a apear <strong>do</strong> cavalo, a migrar para centros urbanos e a enfrentar aperspectiva <strong>do</strong> horizonte reduzi<strong>do</strong>.Deste mo<strong>do</strong>, não é só o gaúcho pobre que é obriga<strong>do</strong> a sair <strong>do</strong> campo por causa <strong>do</strong>sgran<strong>de</strong>s latifúndios, mas também os gran<strong>de</strong>s estancieiros, pelo progresso <strong>do</strong>s tempos e pelamo<strong>de</strong>rnização que a<strong>de</strong>ntra na campanha e expulsa aqueles que não sabem fazer outra coisasenão as li<strong>de</strong>s campeiras. Assim, a problemática que Cyro aborda é social, coletiva, comoafirma José Clemente Pozenato:Mas acredito que Cyro Martins começou a fazer romances em que as personagensaparecem quase que em plano <strong>de</strong> conjunto. Sem <strong>de</strong>smerecer a força <strong>de</strong> personagensparticulares, como Chirú e outros, o que a visão <strong>do</strong> leitor apanha é o quadro social,to<strong>do</strong>, presente na narrativa. (1999, p. 48)Carlos Jorge Appel, em seu estu<strong>do</strong> crítico As coxilhas sem monarca comenta sobre atemática <strong>de</strong> Cyro Martins, e para isso utiliza as próprias palavras <strong>do</strong> o autor quan<strong>do</strong> comentaque foi convida<strong>do</strong>, em 1935, pelas damas <strong>de</strong> carida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Quaraí para fazer uma conferênciana Semana <strong>do</strong> Cobertor, uma campanha municipal para os <strong>de</strong>sabriga<strong>do</strong>s. Para isso, Cyro seperguntava:Sobre o que falar? Qual será o assunto mais interessante para o público e, ao mesmotempo <strong>de</strong> algum valor social? Cheguei à conclusão <strong>de</strong> que o mais lógico seriaabordar um tema que incluísse fundamentalmente a gente a qual se <strong>de</strong>stinavam oscobertores e <strong>de</strong>mais abrigos que estavam sen<strong>do</strong> angaria<strong>do</strong>s na cida<strong>de</strong>. 11 http://www.celpcyro.org.br/v4/Fortuna_Critica/couxinhas.htm

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!