211. CYRO MARTINS: O AUTOR E SUA OBRA1.1 Cyro Martins: vida e obraAntes <strong>de</strong> apresentar as análises das obras, lembramos, nesse capítulo, um pouco <strong>do</strong>si<strong>de</strong>ais, perspectivas e opiniões <strong>do</strong> autor. Preten<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r como se dá o seu processo <strong>de</strong>criação artística e o que ele almeja advertir às pessoas com sua trilogia. Dessa maneira, aquienfocamos Cyro Martins, o homem e o escritor, através <strong>de</strong> comentários <strong>de</strong> críticos eestudiosos <strong>de</strong> suas obras, <strong>de</strong> pessoas que conviveram com ele, e, principalmente, <strong>do</strong> próprioautor quan<strong>do</strong> comenta e explicita o seu processo <strong>de</strong> criação literária.Cyro <strong>do</strong>s Santos Martins é filho <strong>de</strong> Apolinário (chama<strong>do</strong> Bilo) e Felícia <strong>do</strong>s SantosMartins, nasceu em Quaraí – RS, em 5 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1908. Nessa pequena cida<strong>de</strong> interioranaestu<strong>do</strong>u no colégio municipal, com um professor <strong>de</strong> nome Caravaca que apresenta-se comopersonagem <strong>de</strong> duas obras <strong>do</strong> escritor: <strong>do</strong> livro <strong>de</strong> contos Ro<strong>de</strong>io, publica<strong>do</strong> em 1976 e <strong>do</strong>romance O professor, publica<strong>do</strong> em 1988. Aos 12 anos mora em Porto Alegre para estudar noconsagra<strong>do</strong> Ginásio Anchieta, experiência que resulta na novela Um menino vai para ocolégio escrita em 1942. Com apenas 15 anos começa a escrever artigos e contos.Com 19 anos ingressa na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Porto Alegre, retorna a Quaraí jáforma<strong>do</strong> no ano <strong>de</strong> 1934 para exercer sua ativida<strong>de</strong> médica, nesse ano publica o livro <strong>de</strong>contos Campo fora. No ano seguinte o autor utiliza o termo “gaúcho a pé” em umaconferência. Essa expressão serve para <strong>de</strong>signar sua conhecida trilogia, que traz como tema acrise enfrentada pelo homem <strong>do</strong> campo, que per<strong>de</strong> seu cavalo e sua liberda<strong>de</strong> campesina.Durante três anos <strong>de</strong> prática médica em sua cida<strong>de</strong> natal conhece a miséria social estabelecidapela crescente mo<strong>de</strong>rnização da campanha gaúcha, o que o leva a escrever o romance Semrumo, primeiro romance da trilogia <strong>do</strong> gaúcho a pé, em 1937 na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiroon<strong>de</strong> foi estudar NeurologiaEm 1942, época da segunda guerra mundial, publica Mensagem errante e em 1944,Porteira fechada, segun<strong>do</strong> romance da trilogia <strong>do</strong> gaúcho a pé, que se encerra com Estradanova (1954), eleito o melhor romance <strong>do</strong> escritor pela crítica literária. Em 1957 lança Paz noscampos on<strong>de</strong> expõe contos e novelas que serão utiliza<strong>do</strong>s para outras publicações.
22Entre os anos <strong>de</strong> 1958 a 1964 tem vários trabalhos traduzi<strong>do</strong>s para o alemão e oespanhol. Nos anos seguintes mostra-se preocupa<strong>do</strong> com os problemas sociais e culturais <strong>de</strong>seu tempo, lançan<strong>do</strong> ensaios psicanalíticos como: Do mito à verda<strong>de</strong> científica (1964), Acriação artística e a psicanálise (1970), Perspectivas <strong>do</strong> humanismo psicanalítico (1973),Orientação educacional e profilaxia mental (1974), Rumos <strong>do</strong> humanismo médicocontemporâneo (1977). E publica antologias <strong>de</strong> contos como: A entrevista (1968) e Ro<strong>de</strong>io(estampas e perfis) (1976), também analisa obras <strong>de</strong> seus amigos em Escritores gaúchos(1976).Cyro Martins publica, além <strong>do</strong>s já menciona<strong>do</strong>s, cinco romances: Enquanto as águascorrem (1939), Sombras na correnteza (1979), on<strong>de</strong> homenageia seu pai Bilo, ten<strong>do</strong> comopano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> a revolução <strong>de</strong>1893 e 1923; em 1980 publica A dama <strong>do</strong> sala<strong>de</strong>iro (contos),em 1982 O príncipe da vila, e em 1983 e 1984 os respectivos ensaios: O mun<strong>do</strong> em quevivemos e A mulher na socieda<strong>de</strong> atual, on<strong>de</strong> se mostra um escritor preocupa<strong>do</strong> com o papel eas condições da mulher na socieda<strong>de</strong> atual; em Gaúchos no obelisco (1984), comenta arevolução <strong>de</strong> 1930 ironicamente, e em 1985 lança Na curva <strong>do</strong> arco-íris.Em 1986 é homenagea<strong>do</strong> na 32ª Feira <strong>do</strong> Livro <strong>de</strong> Porto Alegre, homenagem tambémaos seus 80 anos, em 1990, um grupo <strong>de</strong> amigos lança o prêmio Literário Cyro Martins.Ainda nesse ano lança um livro <strong>de</strong> memórias intitula<strong>do</strong> Para início <strong>de</strong> conversa, sen<strong>do</strong> queseu último livro <strong>de</strong> ficção Um sorriso para o <strong>de</strong>stino é publica<strong>do</strong> em 1991, após esse aindalançou <strong>do</strong>is ensaios psicanalíticos: Caminhos (1993) e Páginas soltas (1994). Cyro Martinsveio a falecer em 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1995 em Porto Alegre, com 87 anos, ten<strong>do</strong> reformula<strong>do</strong>toda a sua obra em companhia <strong>de</strong> seu editor ainda em vida.Atualmente é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores escritores sul-rio-gran<strong>de</strong>nses. Os livros dasua trilogia <strong>do</strong> gaúcho a pé: Sem rumo, Porteira fechada e Estrada nova, são, com certeza,exemplos <strong>de</strong> romances <strong>de</strong> cunho social <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Foi um <strong>do</strong>s poucos escritores aser reconheci<strong>do</strong> ainda em vida e a tentar <strong>de</strong>monstrar a marginalização <strong>do</strong> homem <strong>do</strong> campoem uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecnologias, por isso muitos críticos o consi<strong>de</strong>ram precursor <strong>de</strong>ntro dasua especificida<strong>de</strong> literária.
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