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ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

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31Esse mesmo autor, no texto acima referi<strong>do</strong>, enfatiza que Cyro era o médico quepercorria to<strong>do</strong>s os dias os casebres que circundavam a cida<strong>de</strong>, alguns construí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> barro,outros <strong>de</strong> lata, <strong>de</strong> to<strong>do</strong> e qualquer material que estivesse disponível no lixo, e as cenas<strong>do</strong>lorosas que presenciou nesse submun<strong>do</strong> o fizeram refletir que eram os latifúndios osresponsáveis por esse êxo<strong>do</strong> rural. Decidi<strong>do</strong> que naquela conferência abordaria a questão <strong>do</strong>êxo<strong>do</strong> rural, afirma em Para início <strong>de</strong> conversa a forte emoção que sente quan<strong>do</strong> vê essaspessoas que migram <strong>do</strong> campo em busca <strong>de</strong> uma vida melhor na cida<strong>de</strong>:Os leitores que me per<strong>do</strong>em, mas sempre me emociono com o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> nossospatrícios, que per<strong>de</strong>ram o cavalo e a distância e foram morrer miseravelmente naal<strong>de</strong>ia das cida<strong>de</strong>zinhas, ou então são hoje maloqueiros nos arre<strong>do</strong>res das cida<strong>de</strong>sgran<strong>de</strong>s. (1990, p. 68)Em seus romances o homem campeiro está em <strong>de</strong>cadência social e moral, inapto para asmudanças que surgem, sentin<strong>do</strong>-se humilha<strong>do</strong> e sem perspectiva <strong>de</strong> um futuro melhor, porqueseu caminho não tem rumo e as estâncias estão <strong>de</strong> porteiras fechadas, o que não significa quenão haja uma solução para essa crise, uma estrada nova, uma esperança.A gran<strong>de</strong> inovação <strong>de</strong> Cyro Martins é apresentar um gaúcho pobre, marginaliza<strong>do</strong>, semo cavalo, o símbolo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, valentia e coragem daquele gaúcho romântico até entãoretrata<strong>do</strong> pelos escritores rio-gran<strong>de</strong>nses. Seus gaúchos são homens aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s à própriasorte, como enfatiza Elizabeth Pires Rizzato, em seu texto Cyro Martins e o gaúcho: mito,i<strong>de</strong>ologia e regionalismo:Cyro Martins elege a mesma personagem usada pelos seus pares nas décadasanteriores – o gaúcho, o peão – só que <strong>de</strong>spi<strong>do</strong> <strong>de</strong> todas as glórias – um gaúcho<strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte, viven<strong>do</strong> numa socieda<strong>de</strong> também <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte. Ocorre agora o contrapontoentre a campanha i<strong>de</strong>alizada da estância, <strong>do</strong> galpão, da fartura, <strong>do</strong> cavalo, dadistância e a crise <strong>de</strong>ssa mesma estância, da subdivisão <strong>do</strong>s campos, da mestiçagem<strong>do</strong>s rebanhos e <strong>do</strong> <strong>de</strong>spovoamento. 2Cyro <strong>de</strong>spe esse gaúcho <strong>de</strong> suas glórias passadas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao que observava na época <strong>de</strong>férias, quan<strong>do</strong> retorna a Quarai:Jovem, acompanhava empolga<strong>do</strong> na imprensa e nos livros o arremesso i<strong>de</strong>alístico <strong>do</strong>perfil <strong>do</strong> flete e <strong>do</strong> ginete e também ouvia nas rodas ruapraieiras entusiasmossacudin<strong>do</strong> palas. Mas nas férias, quan<strong>do</strong> voltava para a venda <strong>do</strong> meu pai, na beira2 http://www.celpcyro.org.br/v4/Estante_Autor/Cyro_Gaucho.htm

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