63[...] se dispunha a ‘incorporar o proletaria<strong>do</strong> à socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna’, o que, em últimaanálise, traduzia-se, na prática, em fazê-lo trabalhar para o progresso econômico <strong>de</strong>forma or<strong>de</strong>nada. Consi<strong>de</strong>rava, também, que as questões que surgissem <strong>de</strong>veriam sersolucionadas entre patrões e emprega<strong>do</strong>s. O esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>veria interferir, comomedia<strong>do</strong>r, quan<strong>do</strong> se dificultasse o acerto, ou como órgão repressor, quan<strong>do</strong> asegurança fosse ameaçada. (PESAVENTO, 2002, p. 81)Na década <strong>de</strong> vinte o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, enfrentou um momento difícil. O fim daPrimeira Guerra Mundial em 1918 ocasionou um baixo consumo e uma baixa na exportação<strong>de</strong> carnes, assolou, então, uma crise financeira que ocasionou inflação, concessões <strong>de</strong>empréstimos, recessão e redução <strong>de</strong> créditos aos <strong>do</strong>nos <strong>de</strong> campo.2.2.6 O fim da primeira gran<strong>de</strong> guerra e a crise da economia gaúchaCom o fim da Primeira Guerra Mundial o governo precisava <strong>de</strong> dinheiro para fazerfuncionar a viação férrea implantada em 1920 e o Porto <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong> em 1919, por issoobrigou os cria<strong>do</strong>res a <strong>de</strong>volver no prazo <strong>de</strong> noventa dias o dinheiro empresta<strong>do</strong> pelo esta<strong>do</strong>durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> guerra: “Sem ter para quem ven<strong>de</strong>r seu ga<strong>do</strong> e ten<strong>do</strong> <strong>de</strong> pagar, nummomento <strong>de</strong> crise, empréstimos contraí<strong>do</strong>s em momentos <strong>de</strong> euforia, muitos cria<strong>do</strong>res foram afalência” (PESAVENTO, 2002, p. 84).Sem encontrar uma saída para a forte crise que enfrentavam, os estancieirospressionavam Borges para que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>sse a pecuária, mas o governa<strong>do</strong>r não abriu mão <strong>de</strong>priorizar a solução <strong>do</strong>s transportes, por isso a eleição estadual <strong>de</strong> 1923 ocorreuconturbadamente. Em Sem rumo o PRR é o parti<strong>do</strong> situacionista da época e que busca areeleição <strong>de</strong> Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros: “- O que eu ia dizer, e disto você <strong>de</strong>ve estar cientifica<strong>do</strong>, éque teremos eleições este ano. O nosso candidato, como sempre, será o impoluto Dr. Borges<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e chefe incontestável <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> republicano Rio-Gran<strong>de</strong>nse.” (1997, p. 67)
64Em 1923 Borges, que concorria ao quinto mandato contra Assis Brasil, obtém vitórianas eleições, isso causou revolta nos oposicionistas que alegavam frau<strong>de</strong> e organizaram umarevolta armada com a intenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar Borges <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r e modificar a Constituição <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> para proibir a reeleição consecutiva. Em Estrada nova é mencionada essa passagemhistórica em 1922, quan<strong>do</strong> estavam acontecen<strong>do</strong> as campanhas políticas <strong>de</strong> ambos oscandidatos: “Em 22, por ocasião <strong>do</strong> pleito Assis-Borges, o Rio Gran<strong>de</strong> se alvorotara <strong>de</strong> novo[...]” (1992, p. 63)A classe <strong>do</strong>minante fora <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r revoltou-se com a situação e exigiu <strong>do</strong> governoBorges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>dicação exclusiva aos problemas pecuários, não obten<strong>do</strong> resposta aosseus apelos organizou a Revolução <strong>de</strong> 23, comandada por Assis Brasil. Em 1923 <strong>do</strong>is gruposdisputavam o po<strong>de</strong>r: <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> os fe<strong>de</strong>ralistas, com a Aliança Liberta<strong>do</strong>ra que pregava oliberalismo e <strong>de</strong>mocracia, <strong>de</strong> outro la<strong>do</strong> os partidários <strong>de</strong> Borges, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a centralizaçãoe o autoritarismo. A Revolução <strong>de</strong> 23 é <strong>de</strong>scrita em Sem rumo por Chiru, enquanto <strong>de</strong>scansajunto ao oitão <strong>do</strong> rancho e pensa na solidão em que se encontra a Estância <strong>do</strong> Silêncio:Ah! Estava bom. Solzinho morno. Um rincão, aquele, mais bem <strong>de</strong> João Antônioque <strong>de</strong> Chiru. No entanto, gostava <strong>de</strong> ficar horas perdidas, solito, no oitão já meioalcatruza<strong>do</strong> <strong>do</strong> galpão velho. Apreciava muito corara-se ali. Pucha! Que estava tristeaquela estância...No galpão, apenas Clarimun<strong>do</strong>, Felipe e o velho João Antônio, quedia a dia mais se encorujava no seu canto e minguava no porte. Os mais andavamquem sabe <strong>do</strong>n<strong>de</strong>, gau<strong>de</strong>rian<strong>do</strong> nos matos, nas grotas, emigra<strong>do</strong>s para o Uruguaialguns, e outros, <strong>de</strong>certo, já incorpora<strong>do</strong>s. Nas tropas <strong>do</strong> governo ou da revolução?(1997, p. 75)Ainda em 1923 houve um acor<strong>do</strong> entre ambos os parti<strong>do</strong>s. Com o pacto <strong>de</strong> Pedras Altas<strong>de</strong>finiu-se que a Constituição seria revista e que Borges, <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> quinto mandato, não maisse reelegeria. No <strong>final</strong> da década <strong>de</strong> vinte, o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul apresentava uma organizaçãosocial baseada nos sindicatos, que eram apoia<strong>do</strong>s pelo governo para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os setoreslucrativos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira que tornava-se permanente o apoio político.2.2.7 O governo provisório <strong>de</strong> Getúlio VargasCom o <strong>final</strong> <strong>do</strong> governo Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros ascen<strong>de</strong>u Getúlio Vargas ao governogaúcho em 1928. Sua política baseou-se na <strong>de</strong>fesa da pecuária gaúcha, para isso criou o
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