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ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

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90resultará em uma maior influência sua no distrito em que vive, e acaba por <strong>de</strong>sistir <strong>do</strong> trabalhorural e aceitar a nova profissão.Maria, esposa <strong>de</strong> Manuel, é a típica mulher <strong>de</strong> agricultor. Ela auxilia o mari<strong>do</strong> nosserviços rurais: “Os bois, que Manuel e a mulher repontavam, pararam, enrolan<strong>do</strong> a língua nopastiçal orvalha<strong>do</strong> da beira <strong>do</strong> cerca<strong>do</strong>.” (1997, p.65). Quan<strong>do</strong> o coronel Dutra chega, ela seretira para <strong>de</strong>ixar os homens conversarem e, ao perceber que o coronel foi embora, ela segue omari<strong>do</strong> sem ele perceber, ao vê-lo soltar os bois <strong>do</strong> ara<strong>do</strong> interroga-o sobre o porquê <strong>de</strong> suaatitu<strong>de</strong> já que o serviço se atrasará. Ao perceber um comportamento diferente no mari<strong>do</strong>frente a sua pergunta interroga-o com certo espanto: “O que é que tu tem, meu Deus <strong>do</strong> céu?”(1997, p. 69), ele lhe informa, então, a nova profissão que irá exercer.Maria não gosta <strong>de</strong>ssa atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> mari<strong>do</strong>, preocupa-se com o sustento da casa, percebeque Manuel está iludi<strong>do</strong> com a conversa <strong>do</strong> coronel e tenta alertá-lo: “Tão <strong>de</strong> bobean<strong>do</strong>,home! Isso são lorotas...” (1997, p. 69). Manuel não a ouve, está a pensar em sua nova eimportante posição.A preocupação <strong>de</strong> Maria se confirma quan<strong>do</strong> Manuel Garcia cai em si, vê que aprofissão <strong>de</strong> professor rural não é promissora e se arrepen<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter vendi<strong>do</strong> os bois quepuxavam o ara<strong>do</strong> no serviço da lavoura:Manuel Garcia ficou para<strong>do</strong> na porta, bestifica<strong>do</strong> diante <strong>do</strong> espetáculo. O que seria<strong>de</strong>le, <strong>do</strong> seu colégio, da sua vida, <strong>de</strong>pois que os alunos apren<strong>de</strong>sse o ABC? Quem omandara ser tão estúpi<strong>do</strong> a ponto <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r baratinho o “laranja” e o “an<strong>do</strong>rinha”?além <strong>do</strong> ABC tu<strong>do</strong> era uma cerração para ele.” (1997, p.72)Po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r a relação <strong>de</strong> Manuel Garcia com Maria por não ser tão opressiva pelofato <strong>de</strong> ele ser da cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> teve acesso a outros conhecimentos, culturas e à leitura. Manuelpermite que a esposa se expresse, e isso nos leva a perceber que Maria possui uma visão darealida<strong>de</strong> e da vida tal qual ela se apresenta, com muito realismo, o que a leva a não crer naspromessas <strong>do</strong> coronel Dutra. Ela é uma mulher que fala, extremamente lúcida.Apesar <strong>de</strong> ser uma mulher inteligente e perspicaz, sua opinião não importa ao mari<strong>do</strong>,ele é quem toma as <strong>de</strong>cisões, mesmo que essas envolvam o futuro <strong>de</strong> toda a família. Maria,mesmo que viva em melhores condições comparada a Evarista, também sofre com os valores

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