12.07.2015 Views

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

32da estrada, o <strong>de</strong>sfile que observava era bem diferente, configuran<strong>do</strong> um afresco <strong>de</strong><strong>de</strong>cadência que nenhuma retórica nativista conseguiria encaixar numa inventivarósea. Havia lugar, sim, para o patético, naquele <strong>do</strong>loroso <strong>de</strong>sandar, rumo ao semrumo. 3Sobre o seu tema literário, o escritor afirma que sua obra é consi<strong>de</strong>rada localista eestabelece uma distinção fundamental entre localismo e regionalismo:Bem diferente é o espírito que anima a literatura localista, mais prosaica, maisinclinada aos temas <strong>do</strong> cotidiano e ao estu<strong>do</strong> das <strong>de</strong>pressões coletivas. Enquanto oregionalismo sublima as suas virtu<strong>de</strong>s na glorificação <strong>do</strong> indivíduo, <strong>do</strong> tipo, <strong>do</strong>arquétipo e, no nosso caso, <strong>do</strong> “monarca das coxilhas” – o localismo evi<strong>de</strong>ncia os<strong>de</strong>feitos e as crises <strong>do</strong> grupo social em foco, sugerin<strong>do</strong> a reparação <strong>do</strong>s danos.(MARTINS, 1997, p. 25)Para Cyro Martins em Escritores gaúchos, o regionalismo apresenta seu tema segun<strong>do</strong>as necessida<strong>de</strong>s vigentes da socieda<strong>de</strong>. Assim, aquele gaúcho carrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> lirismo ce<strong>de</strong> lugarao gaúcho pobre e humil<strong>de</strong>, que enfrenta a dura realida<strong>de</strong> da vida no campo:Quanto à produção regionalista contemporânea, po<strong>de</strong>mos dizer que é escassa e, <strong>de</strong>certo mo<strong>do</strong>, revolucionária. Revolucionária na forma, nos motivos e na visãosociológica da nossa gente campeira, hoje em gran<strong>de</strong> parte emparedada nosarre<strong>do</strong>res miseráveis das cida<strong>de</strong>zinhas e reduzida à condição “marginal”. É umaliteratura sem gran<strong>de</strong> brilho, mas que se esforça tenazmente por mostrar a verda<strong>de</strong>acerca da existência sem rumo <strong>do</strong> gaúcho a pé. (1981, p. 97)Dessa forma, o autor esclarece que seu tema é oriun<strong>do</strong> da realida<strong>de</strong> social e cultural dacampanha rio-gran<strong>de</strong>nse, pois a estância acaba <strong>de</strong> entrar num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong>ser um lugar <strong>de</strong> coragem, bravura, valentia, “tu<strong>do</strong> o que a cerca agora é monótono”(MARTINS, 1997, p. 24), o que faz da obra <strong>de</strong> Cyro porta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> um conhecimento essencialda alma humana, das vivências <strong>do</strong> homem, tanto <strong>de</strong> suas alegrias quanto <strong>de</strong> suas frustrações etristezas, como salienta o autor:Como se vê, não persistem mais as condições humanas que faziam da campanha riogran<strong>de</strong>nseuma existência à parte, original, pitoresca. Além disso e em conseqüênciadisso, é fato conheci<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s que a nossa campanha dia a dia se <strong>de</strong>spovoa, nãoem benefício da cida<strong>de</strong>, mas para sobrecarga da cida<strong>de</strong>. O marginalismo é aexpressão mais dramática <strong>de</strong>ssa migração caótica, que por vezes assume ascaracterísticas abomináveis <strong>do</strong> enxotamento. (1997, p. 24)Nesse caso, a criação artística <strong>de</strong> Cyro Martins po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> umaépoca, se levarmos em conta o esforço <strong>de</strong>sse autor em <strong>de</strong>screver o mais próximo possível a3 Nota explicativa da 2ª ed. <strong>de</strong> Estrada Nova, 1976.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!