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ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

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116comportamento feminino. As mulheres <strong>de</strong> Cyro são proibidas <strong>de</strong> expressar seus <strong>de</strong>sejos esentimentos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos padrões tradicionais que cabem a uma esposa digna. Seus gestos epensamentos revelam que elas estão insatisfeitas com a vida que levam, mas não conseguemtransformá-la pelo empecilho que a socieda<strong>de</strong> impõe. Assim, elas internalizam suas vonta<strong>de</strong>se não conseguem sequer falar sobre elas, calan<strong>do</strong> e buscan<strong>do</strong> refúgio para suas <strong>do</strong>res eaflições na oração.A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança e <strong>de</strong> crescimento pessoal que surge <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssas mulheres nãoconsegue modificar o sistema on<strong>de</strong> vivem. Devi<strong>do</strong> a isso, por mais que queiram alterar asmedidas machistas que pre<strong>do</strong>minam na socieda<strong>de</strong> em geral, elas não conseguem agir,limitam-se a pensar e <strong>de</strong>sejar profundamente uma transformação.As personagens femininas <strong>de</strong> Cyro Martins revelam os sofrimentos enfrenta<strong>do</strong>s pelasmulheres, que tem como função principal procriar, cuidar da casa, <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s filhos, semuma perspectiva <strong>de</strong> futuro. Elas sofrem com irrealizações, e vão acumulan<strong>do</strong> sofrimentos queparecem passar <strong>de</strong> geração a geração. Por isso, po<strong>de</strong>mos perceber que Cyro Martinspreocupou-se em mostrar a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> homem <strong>do</strong> campo sem as valentias e honras que lhesforam atribuídas anteriormente. O autor expressa o problema <strong>do</strong> êxo<strong>do</strong> rural no seu pontomais exato, na origem <strong>do</strong> empobrecimento <strong>do</strong> campesino. Um importante lega<strong>do</strong> também, foia capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse escritor em ter observa<strong>do</strong> e escrito sobre aquelas mulheres que sofriammais que seus mari<strong>do</strong>s, que viviam duplamente <strong>de</strong>scontentes e infelizes frente a umasocieda<strong>de</strong> patriarcal e machista. Sem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> reação ao autoritarismo masculino elas vivem arezar para um futuro melhor, a suspirar pelos cantos em silêncio e a esperar o dia em quepo<strong>de</strong>rão ser livres.As interpretações referentes às personagens femininas até aqui realizadas só forampossíveis <strong>de</strong> serem feitas por atitu<strong>de</strong>s e gestos das personagens, isto é, na trilogia em estu<strong>do</strong>temos um narra<strong>do</strong>r onisciente que narra os fatos utilizan<strong>do</strong> a terceira pessoa <strong>do</strong> singular. Elenão faz parte <strong>do</strong> enre<strong>do</strong> da narrativa e não se intromete nos acontecimentos, mas sabe tu<strong>do</strong> oque se passa nos pensamentos mais íntimos <strong>de</strong> cada personagem. O interessante é que aoshomens da história ele permite que se saliente a voz enquanto as mulheres são carentes nalinguagem <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que raramente são expressos seus pensamentos, na maioria das vezessabemos o que sentem pelos gestos que fazem como no exemplo a seguir:

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