49e com isso vai na raiz <strong>do</strong>s problemas e das possíveis explicações para os diferentes atoshumanos.Se o texto literário constitui um relato <strong>de</strong> impressão <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sereshumanos, po<strong>de</strong>mos concordar com Cyro Martins quan<strong>do</strong> afirma que: [...] aceitamosfacilmente que o artista seja órgão social, cuja função precípua consiste em elaborar etransmitir esteticamente experiências subjetivas e impressões sensoriais provindas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>exterior” (1970, p. 40)O escritor e o historia<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sempenham uma tarefa <strong>de</strong> extrema relevância. De certamaneira eles expõem, refletem e analisam o comportamento humano e a realida<strong>de</strong> social on<strong>de</strong>este comportamento aflora. Elizabeth Torresini afirma que:Romancista e historia<strong>do</strong>r são profissionais da nova sensibilida<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal. Ao longo<strong>do</strong> tempo, eles transformam-se em intérpretes especializa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sse mun<strong>do</strong> emprofunda transformação, propon<strong>do</strong> novas maneiras <strong>de</strong> entendimento <strong>do</strong> cotidiano, davida em socieda<strong>de</strong>, das relações <strong>do</strong>s homens com a natureza e com o sobrenatural.(2007, P. 35)Literatura e História são narrações que possibilitam e facilitam ao ser humano enten<strong>de</strong>rsea si próprio e aos <strong>de</strong>mais. Também facilitam às pessoas o entendimento <strong>de</strong> seu passa<strong>do</strong>para que possam apreen<strong>de</strong>r o mun<strong>do</strong> que as ro<strong>de</strong>ia no presente e dar uma possível explicaçãopara o futuro. Ambas têm a capacida<strong>de</strong> mobiliza<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> influenciar os seres a procuraremsoluções para os problemas enfrenta<strong>do</strong>s na atualida<strong>de</strong>, principalmente, para as crises nasrelações humanas <strong>do</strong>s tempos mo<strong>de</strong>rnos.2.2 Os fatos histórico-sociais e a Literatura2.2.1 A história <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul presente na trilogiaLiteratura e História são complementares. Mesmo que sejam elaboradas <strong>de</strong> maneiradiferente, ambas exercem a mesma função social no auxílio ao ser humano na sua eternabusca <strong>de</strong> conhecimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em que habita e também <strong>de</strong> seu mun<strong>do</strong> interior. É possívelencontrar situações históricas nas obras literárias, bem como situações literárias na História,
50pois muitas vezes o conhecimento histórico é elabora<strong>do</strong> a partir das impressões pessoais <strong>do</strong>autor.Na trilogia <strong>do</strong> gaúcho a pé, <strong>de</strong> Cyro Martins, composta por Sem rumo, Porteira fechadae Estrada nova, encontramos situações históricas que também estão retratadas nos livros <strong>de</strong>História <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. O principal livro utiliza<strong>do</strong> para essa pesquisa foi História <strong>do</strong>Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> Sandra Jatay Pesavento. Através <strong>de</strong>ssa obra buscamos relacionar osfatos históricos apresenta<strong>do</strong>s pela História verifican<strong>do</strong> sua presença na literatura. Procuramosestabelecer os contrapontos e pontos <strong>de</strong> vista entre ambas <strong>de</strong> maneira que elaboramos aanálise que segue nesse texto, a qual visa a um entrelaçamento entre os fatos da História <strong>do</strong>Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul com o enre<strong>do</strong> das três obras estudadas. É certo que se a Literatura é umaarte, portanto uma criação quase instintiva e tem seu próprio tempo, algumas situaçõesencaixam-se perfeitamente com a época retratada na história, já algumas apresentam-se<strong>de</strong>slocadas, por vezes antes <strong>do</strong> fato histórico, por vezes após.Dessa maneira ao unir Literatura e História julgamos po<strong>de</strong>r extrair um realconhecimento da História <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e <strong>de</strong> seu povo. A “exatidão” da História écomplementada pelos dramas pessoais vivencia<strong>do</strong>s pelas personagens <strong>de</strong> Cyro Martins. Dessemo<strong>do</strong>, o pesquisa<strong>do</strong>r obtém um conhecimento mais abrangente da vivência <strong>do</strong>s homens daépoca, <strong>de</strong> seus anseios, <strong>de</strong>sejos, me<strong>do</strong>s e das situações impostas pela socieda<strong>de</strong> em constantecrescimento e industrialização. É importante salientar que as obras possuem um tempohistórico pre<strong>do</strong>minante em seu enre<strong>do</strong>, que engloba <strong>de</strong>, aproximadamente 1923 a 1954, porémalguns fatos <strong>de</strong>slocam-se no tempo, são cita<strong>do</strong>s no livro <strong>de</strong> História <strong>de</strong> Pesavento em<strong>de</strong>terminada época e nas obras literárias outras distintas, por isso é impossível retratar os fatoshistóricos com uma sequência exata nas narrativas literárias em estu<strong>do</strong>.Sem rumo inicia a história <strong>de</strong> sua narrativa em aproximadamente 1923, quan<strong>do</strong> Borges<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros estava no governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e concorria a reeleição: “[...]teremos eleições este ano. O nosso candidato, como sempre será o impoluto Dr. Borges <strong>de</strong>Me<strong>de</strong>iros, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> [...]”( 1997, p. 67) e esten<strong>de</strong>-se até mea<strong>do</strong>s a década <strong>de</strong> 1930,mais aproximadamente nos anos <strong>de</strong> 1933 ou 1934, no perío<strong>do</strong> da República Nova quan<strong>do</strong>ocorre a primeira eleição municipal após Getúlio Vargas ter assumi<strong>do</strong> o governo provisório<strong>do</strong> país, pois estão renovan<strong>do</strong> os títulos eleitorais para o pleito municipal: “Ah, não, esse título
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