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ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

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79[...] pois se os machos corporificam um certo grupo <strong>de</strong> características, e se comtípica modéstia eles reclamam para si toda a força e todas as virtu<strong>de</strong>s, então,necessariamente, as mulheres são criaturas opostas, e menores: fracas on<strong>de</strong> oshomens são fortes, medrosas quan<strong>do</strong> eles são bravos e estúpidas quan<strong>do</strong> eles sãointeligentes. (MILES, 1989, p. 112-113)Com isso, as mulheres per<strong>de</strong>ram seus direitos em escolher o companheiro e a separação<strong>de</strong> casais era, exclusivamente, uma vonta<strong>de</strong> masculina. Além disso, elas eram proibidas <strong>de</strong>sair <strong>de</strong> casa, sujeitavam-se a toda e qualquer vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> homem e foram consi<strong>de</strong>radasinferiores e con<strong>de</strong>nadas perpetuamente da condição <strong>de</strong> seres humanos. Por isso, o ataque aocorpo feminino é uma das consequências mais marcantes da história das mulheres,principalmente nessa socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> prevalece o po<strong>de</strong>r monoteísta patriarcal:Na luta pela supremacia, as i<strong>de</strong>ologias em botão tiveram a feliz inspiração <strong>de</strong> mudaro campo <strong>de</strong> batalha para uma área na qual até hoje as mulheres sentem-se expostas evulneráveis – o corpo feminino. Virulentamente atacadas em função e através <strong>de</strong>seus seios, ca<strong>de</strong>iras, coxas e acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> sua “vagina insaciável”, muitas mulheresforam perdidas para além <strong>de</strong> qualquer esperança <strong>de</strong> recuperação. (MILES, 1989, p.116)Na socieda<strong>de</strong> monoteísta, a mulher era vista como mera reprodutora e somente essa eraa sua função, para isso houve uma gran<strong>de</strong> influência <strong>de</strong> literatura i<strong>de</strong>ológica, religiosa, social,biológica e psicológica pregan<strong>do</strong> que o sexo feminino era em tu<strong>do</strong> inferior ao masculino. Paracomprovar essa i<strong>de</strong>ia, os homens atacavam o corpo feminino com a intenção <strong>de</strong> causarinsegurança na mulher, já que esse é o local da sua individualida<strong>de</strong>. Vários são os escritos quecomprovam os maus-tratos e violências sofridas pelas mulheres porque eram consi<strong>de</strong>radasperigosas, seus cabelos po<strong>de</strong>riam provocar o sentimento <strong>de</strong> luxúria, seu rosto era umaarmadilha <strong>de</strong> Vênus, mas sua arma mais potente era a língua, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que por muito tempoelas foram proibidas <strong>de</strong> falar.O corpo feminino era visto como fonte <strong>de</strong> poluição, infecção e contaminação <strong>do</strong>homem, isso explica a violência sexual a que as mulheres eram submetidas: “Pois para amaioria das mulheres, criada na ignorância quanto ao que esperar, sem conhecer o homem emquestão, e mal saída da infância, se tanto, a introdução à experiência sexual <strong>de</strong>ve ter si<strong>do</strong>traumática”. (MILES, 1989, p. 128)Michelle Perrot em Os excluí<strong>do</strong>s da história, comenta sobre esse silêncio femininocitan<strong>do</strong> uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Georges Duby: “[...] as mulheres se mantêm objeto <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r masculino,

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