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ALEXANDRA_versão final - UNISC Universidade de Santa Cruz do ...

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121já que possibilita ao leitor uma maior aproximação e conhecimento acerca da socieda<strong>de</strong>gaúcha <strong>do</strong> tempo, sua organização e valores.Dessa maneira, o autor procura transmitir ao leitor um processo <strong>de</strong> transformação quesofre a campanha gaúcha no início <strong>do</strong> século XX. Essas mudanças ocorrem não só com ospobres da campanha, mas também com os gran<strong>de</strong>s estancieiros, que começam seu processo <strong>de</strong><strong>de</strong>cadência porque não conseguem mais manter-se no po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à crise econômica que oEsta<strong>do</strong> enfrenta, já os peões, pequenos proprietários e comerciantes sofrem pela falta <strong>de</strong>trabalho <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à entrada da tecnologia nos campos sulinos que dispensa o trabalho manual.Além <strong>do</strong>s fazen<strong>de</strong>iros e <strong>do</strong>s pobres da campanha, nessas narrativas há personagens quesão duplamente reprimidas: as mulheres. Em Sem rumo, Porteira fechada e Estrada nova, oautor expõe o sofrimento das mulheres em uma socieda<strong>de</strong> patriarcal e extremamente rígidaem questão <strong>de</strong> valores. Eis aí sua gran<strong>de</strong> contribuição para os conhecimentos <strong>do</strong> leitor, pois opapel <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pelas mulheres gaúchas permanece pouco estuda<strong>do</strong> e possui poucosregistros, já que os historia<strong>do</strong>res preocuparam-se em exaltar o homem gaúcho na <strong>de</strong>fesa pelaterra. Dessa maneira, as narrativas ficcionais <strong>de</strong> Cyro Martins proporcionam uma noção dasmulheres da época, não uma noção real, mas verossímil e <strong>de</strong> fácil aceitação, pois expressamproblemas intimistas humanos como sentimentos, i<strong>de</strong>ais, valores, sofrimentos, lutas,opressões, etc. Dessa forma as personagens transfiguram para o plano literário emoções reais,que, por sua vez, permitem ao leitor uma maior i<strong>de</strong>ntificação com a obra.As personagens femininas <strong>de</strong>sses romances raramente aparecem, andam discretamente esão carentes <strong>de</strong> linguagem. Poucas vezes o narra<strong>do</strong>r as cita com ênfase nas passagens <strong>do</strong>sromances, e quan<strong>do</strong> o faz elas expressam a infelicida<strong>de</strong> em que vivem, através <strong>de</strong> gestos,expressões corporais, vonta<strong>de</strong>s reprimidas e sonhos não realiza<strong>do</strong>s. Na trilogia existe uma<strong>de</strong>núncia para com as falhas <strong>de</strong> to<strong>do</strong> um sistema <strong>de</strong> organização social, já que os fatosnarra<strong>do</strong>s ressaltam a opressão em que viviam as mulheres e a repressão feminina muitoevi<strong>de</strong>nte no século passa<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> registra a História.Dessa maneira, as personagens femininas vivem <strong>de</strong> maneira diferente das masculinas.Elas possuem limites para toda ação que <strong>de</strong>senvolvam. Seu mun<strong>do</strong> é o lar, vivem a cozinhar,costurar, limpar a casa, educar os filhos e servir a seu mari<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> saem <strong>de</strong> casa é paraprestar serviços à Igreja, para a comunida<strong>de</strong> e auxiliar em velórios.

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