81Juntamente com essa revolta feminina, em diversas partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, as mulherescomeçavam seu po<strong>de</strong>rio político como, por exemplo, Branca <strong>de</strong> Castela, que governou aFrança em 1226. Em várias socieda<strong>de</strong>s surgiram mudanças na mentalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s homens e dasmulheres, que entendiam o conhecimento como a única forma <strong>de</strong> libertação da tirania em queviviam: “Com a emergência <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno, o conhecimento <strong>de</strong>s<strong>do</strong>brou-se como aestrada principal para a liberda<strong>de</strong> e o futuro.” (MILES, 1989, p. 164)Mesmo com todas essas mudanças na forma <strong>de</strong> agir e pensar da socieda<strong>de</strong> houveresistência à educação feminina no início da Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna. Na convicção <strong>de</strong> que asmulheres não tinham função fora <strong>do</strong> casamento, a socieda<strong>de</strong> não via a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> educálasse para conceber, gerar e criar os filhos, além disso não havia uma vantagem econômicaem ensinar novos conhecimentos a quem não sairia <strong>de</strong> casa para trabalhar.No início <strong>do</strong> século XVI o mun<strong>do</strong> passava por mudanças. A principal era o processo <strong>de</strong><strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novas terras através das gran<strong>de</strong>s navegações. Nessa época o homem estavapreocupa<strong>do</strong> em <strong>de</strong>scobrir novas fronteiras, com isso, suas mulheres eram responsáveis em,além <strong>de</strong> cuidar <strong>do</strong>s filhos, or<strong>de</strong>nar vacas, lavrar os campos, lavar, assar, limpar, cozinhar,cuidar <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes, preparar os mortos, entre tantas outras tarefas. Indiferente <strong>do</strong> país a qualpertencia, os afazeres femininos eram <strong>de</strong>svaloriza<strong>do</strong>s, assim, ver uma mulher amamentan<strong>do</strong>ou limpan<strong>do</strong> o chão era tão natural quanto o ato <strong>de</strong> respirar, e tanto quanto o ar querespiramos mereceu pouca atenção durante séculos, foi pouco estuda<strong>do</strong>.Faz poucos anos que a história da mulher passou a ser estudada. Ela só ganhou <strong>de</strong>staquequan<strong>do</strong> as pessoas se conscientizaram que nas ativida<strong>de</strong>s e gran<strong>de</strong>s feitos históricos, queenvolviam guerreiros, <strong>de</strong>scobri<strong>do</strong>res, reis e papas, estavam as mulheres sustentan<strong>do</strong> a base daverda<strong>de</strong>ira história, mesmo sem saberem a importância <strong>de</strong> seu papel:Pois em todas as épocas elas simplesmente faziam o que precisava ser feito, fosse oque fosse. As mulheres jamais questionaram , por exemplo, o fato que, jásobrecarregadas com parcela <strong>de</strong>sigual no trabalho da procriação da raça, tivessemque trabalhar também nos campos e fábricas – nem tampouco seus papéis <strong>de</strong>esposas, mães e <strong>do</strong>nas-<strong>de</strong>-casa também implicassem em quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sproporcionale gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong> trabalho – <strong>do</strong>méstico, social, médico,educativo, emocional e sexual. ( MILES, 1989, p. 175)É preciso salientar que a mulher da cida<strong>de</strong> possuía certas mor<strong>do</strong>mias que as campesinasnão tinham. Na cida<strong>de</strong> a mulher podia receber certo grau <strong>de</strong> instrução, enquanto no campo
82milhares trabalhavam e morriam em condições péssimas, sem ninguém para apontar porescrito o que sentiam, seus <strong>de</strong>sejos, me<strong>do</strong>s e frustrações, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que <strong>de</strong>ssa classe houvepoucos registros <strong>de</strong> sua condição <strong>de</strong> vida, sobraram somente os <strong>do</strong>cumentos que resistiram aotempo e persistiram até que a história da mulher interessasse aos pesquisa<strong>do</strong>res.O interessante é que mesmo antes da revolução industrial, as mulheres faziam to<strong>do</strong> equalquer tipo <strong>de</strong> trabalho, atuan<strong>do</strong> em campos, minas, lojas, estradas, merca<strong>do</strong>s, oficinas e emcasa. Viviam ocupadas e nenhum trabalho era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> em <strong>de</strong>masia para elas. Algumasinclusive utilizaram o comércio como meio <strong>de</strong> vida, já que sabiam as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suafamília, saíam até os merca<strong>do</strong>s para a venda daquilo que não havia necessida<strong>de</strong> em seu lar.Foi durante os anos da época pré-industrial que surgiram as primeiras mulheresprofissionais e as precursoras <strong>do</strong> trabalho intelectual remunera<strong>do</strong>. Indiferente <strong>do</strong> trabalho queassumia, a mulher <strong>de</strong>sempenhou com competência e gran<strong>de</strong> empenho <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> queConquanto o homem controlasse a terra <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, seu controle não negava àmulher uma participação importante no processo <strong>de</strong> arar, plantar e crescer queestava acontecen<strong>do</strong>; e as mulheres, por seu la<strong>do</strong>, controlavam o produto, tanto nomicronível <strong>do</strong> lar, quanto no macronível da disposição <strong>do</strong> excesso por troca oucomercialização. (MILES, 1989, p. 196)No século XVII começam as gran<strong>de</strong>s revoluções. Na conquista <strong>de</strong> novos territórios asmulheres auxiliaram os homens durante as lutas numa participação igualitária, sem se abalarcom os preconceitos existentes <strong>de</strong> fraqueza física e incompetência mental, pois o sexomasculino ainda era ti<strong>do</strong> como o melhor, mais forte e inteligente:Mas na era <strong>de</strong> revoluções na qual agora o mun<strong>do</strong> estava entran<strong>do</strong>, esse foi apenasum <strong>do</strong>s muitos lembretes às mulheres que, embora to<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vessem ser iguais nanova comunida<strong>de</strong> revolucionária, alguns nasceram com aquela coisinha que os faziaum pouco mais que os outros. ( MILES, 1989, p. 205)Mesmo que na coletivida<strong>de</strong> a ação feminina tenha si<strong>do</strong> pouco valorizada,individualmente, as mulheres eram muito úteis, pois lutavam como solda<strong>do</strong>s na proteção <strong>de</strong>suas proprieda<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> auxiliarem nas batalhas e cuidarem <strong>do</strong>s combatentes feri<strong>do</strong>s.Dessa maneira, as mulheres sempre estiveram presentes e fizeram seu papel da melhormaneira possível: “Pois as mulheres lá estiveram, como anjos anota<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s fatos, como<strong>de</strong>usas vinga<strong>do</strong>ras, ou como monstros furiosos (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r)<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da luta.” (MILES, 1989, p. 207)
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