Livro 03 final-EVALDO.indd - Ministério do Esporte

A
idéia de aliar a realização dos XV
Jogos Pan-Americanos Rio 2007 à
indução de bem-estar social para
as camadas mais pobres da população
nasceu de uma constatação óbvia: tradicionalmente,
nas cidades-sede de grandes
eventos internacionais, as comunidades carentes
se mantêm apartadas, isoladas e longe
dos impactos positivos gerados pela festa e
confraternização. Em tese, um evento esportivo
desta magnitude tem o potencial de mobilizar
toda a sociedade, mas entes públicos
e privados envolvidos no seu planejamento e
execução normalmente se limitam a investir na
atividade econômica, instalações esportivas,
transportes e infra-estrutura visando melhorias
urbanas apenas nas áreas onde se concentram
os palcos das competições.
No Brasil, diante da oportunidade de sediar o
evento esportivo mais importante das Américas,
o governo federal decidiu adotá-lo como
alavanca para minimizar algumas das mazelas
sociais das populações carentes do Rio de
Janeiro. Inúmeras iniciativas de cunho social
foram planejadas por diversos órgãos – e terminaram
envolvidos diversos ministérios, mais
diretamente os da Justiça, Esporte, Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, Turismo e
Saúde, além da mobilização do Estado e Município
do Rio de Janeiro.
Para coroar o legado social dos Jogos, o governo
federal anunciou investimentos da ordem
de R$ 3,2 bilhões na cidade-sede dos
Jogos, inseridos no Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), verba que vai benefi ciar
dois milhões de famílias carentes. São R$ 3,2
bilhões do governo federal, sendo R$ 2,15 bilhões
de Orçamento Geral da União e R$ 1,08
bilhão de fi nanciamento, e contrapartida de R$
404,9 milhões do governo estadual e R$ 238,3
milhões dos 15 municípios contemplados.
O projeto inclui a implantação de redes de
esgotamento sanitário, centros comunitários,
creches, equipamentos urbanos, melhorias
nas habitações e no sistema viário de acesso
às favelas, entre outras melhorias.
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Para traçar os locais de investimentos, o PAC
agora pode se basear na pesquisa “Diagnóstico
Social e Esportivo de 53 favelas cariocas”
produzida no bojo do Rio 2007, um raio X das
principais demandas sociais e esportivas de
favelas do entorno dos equipamentos esportivos
da competição. Assim, tornou-se mais fácil
saber onde e como a alocação de recursos
é mais urgente. O mesmo documento, realizado
pela ONG Observatório de Favelas, do Rio
de Janeiro, defi ne a idéia de “legado social”.
A partir da versão brasileira do Pan, o conceito,
nem sequer existente até então, foi incluído
na agenda das competições esportivas e de
outros grandes eventos a serem realizados no
Brasil e em outros países. “O Rio 2007 inaugura
uma nova percepção do potencial de desenvolvimento
deste evento e agrega às suas metas
originais o conceito de Legado Social”, afi rma o
documento XV Jogos Pan-Americanos – Plano
Estratégico de Ações Governamentais, produzido
pelo Comitê de Gestão das Ações Governamentais
nos XV Jogos Pan-Americanos.
O Plano também ressalta o compromisso do
governo federal com o setor: “Ao colocar a inclusão
social e o combate à fome no núcleo
central de suas ações, o atual governo se compromete
a juntar forças, de forma institucional,
para a superação do quadro de injustiça, exclusão
e vulnerabilidade social característico
da estrutura histórica da sociedade brasileira.
O desenvolvimento social, espinha dorsal da
atual gestão, está presente em todas as grandes
ações federais”.
O compromisso de deixar uma marca de transformação
social no Rio não estava previsto na
candidatura da cidade. Surge pela primeira vez
quando a União assume uma fatia maior de responsabilidades
no projeto, no início da discussão
sobre a sua participação na organização do
Pan, durante as primeiras reuniões da equipe
inicial da Sepan – entre eles o futuro secretário
Ricardo Leyser Gonçalves e o futuro secretárioadjunto
Adilson Pires, atual vereador do Rio de
Janeiro. Este último fi caria responsável também
pela área de projetos sociais da Secretaria Exe-