Livro 03 final-EVALDO.indd - Ministério do Esporte

do Pan, a participação aumentou e a atividade
ganhou visibilidade ainda maior, graças à
decisão da Cufa de incorporar elementos de
arte e da cultura hip hop à prática esportiva”
acrescenta o ministro.
O rapper, escritor e documentarista MV Bill,
um dos fundadores da Cufa, é outro entusiasmado
com o projeto. “O basquete de rua virou
pano de fundo para uma coisa muito maior: a
inclusão social. Isso tem feito com que vários
jovens encontrem uma forma mais efi caz de
integração. Além de cantar e de apontar problemas
e angústias em suas letras, realizam
algo para transformar o lugar onde vivem. A
modalidade tem sido uma porta fundamental
para tudo isso”, completa MV Bill.
Com a realização de campeonatos de abrangência
nacional, o aumento de popularidade
e de adesão à modalidade foi visível, passando
a ser reconhecida pela Confederação Brasileira
de Basquete (CBB). A primeira edição
da Libbra, realizada no Rio de Janeiro no segundo
semestre de 2005, contou com cerca
de 800 atletas, das categorias masculina e feminina,
de todas as regiões do País. Para sua
realização, o Ministério do Esporte destinou
R$ 50 mil, valor acrescido de R$ 10 mil em
contrapartida da Cufa. Grafi teiros, DJs MCs
e dançarinos animaram os jogos em bairros
do centro e da zona oeste da cidade, como
Bangu, Campo Grande e Madureira. O campeão
no masculino foi o time do Sl um, de
São Paulo, e no feminino, o Jebic, de Santa
Catarina. Cada equipe levou R$ 4.000,00 de
prêmio pelo título, além de um troféu, acessórios
e brindes. Os segundos colocados ganharam
R$ 2,5 mil e os terceiros, R$ 1 mil. Os
cestinhas foram premiados com R$ 250,00,
um troféu e brindes da Liga.
Já a edição seguinte reuniu cerca de 1.000
atletas. Inserida ofi cialmente no calendário
do Pan, contou com investimentos de R$
150 mil do Ministério do Esporte e R$ 30 mil
da Cufa. Desta vez, as partidas ocorreram
também em áreas nobres do Rio de Janeiro,
como o Arpoador, em Ipanema, na zona sul,
138
e a Barra da Tijuca. São Paulo e Santa Catarina
repetiram a dobradinha nos primeiros
lugares masculino e feminino, nesta ordem,
com And One e Hantei, que ganharam prêmio
de R$ 3.000,00, troféu e medalhas. Os
segundos colocados receberam R$ 2.000,00
e os terceiros, R$ 1.000,00. Os cestinhas e
o melhor jogador dos dois torneios receberam
R$ 250,00 e troféu cada um. Em 2007,
no calor do Pan, o terceiro camp eonato nacional,
fi nanciado com investimentos de R$
220 mil do governo federal e R$ 44 mil da
Cufa, reuniu 1.120 atletas no Rio. As partidas
foram disputadas no Arpoador, Barra da Tijuca,
Bangu, Caxias, Queimados e Madureira.
Desta vez o Cufa, o time da casa, levou a melhor
no masculino. As paulistas da Red Nose
Negra 7 venceram no feminino. O modelo de
premiação foi idêntico ao de 2006.
Os benefícios do projeto mudaram para melhor
a vida de parte desses atletas. É o caso
de Eduardo Henrique Januário, 25 anos, o
Banana, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Após se destacar na Liga 2005, ele
venceu o desafi o de acertar dez bolas na
cesta no programa Caldeirão do Huck, da
Rede Globo, e ganhou um prêmio de R$ 24
mil. “Paguei as contas, reformei a casa, ajudei
meu irmão no casamento e comprei um
computador. O mais importante é ajudar a
família”, lembra Banana. “Agradeço a Deus
por ter me colocado no caminho da Cufa. Foi
uma tremenda revolução na minha vida”.
MV Bill tem uma teoria para explicar os bons
resultados do projeto. “As pessoas jogavam
basquete de rua há muito tempo mas não tinham
estrutura para aprimorar o que sabiam.
A Libbra criou condições para esse pessoal
mostrar talento”. A parceria entre o governo
federal e a Cufa não se encerrou com a última
medalha entregue no Pan. Com apoio da
CBB e da Eletrobrás, foram implementadas
escolinhas de basquete de rua em áreas pobres
do Rio, como Cidade de Deus, Complexo
do Alemão, Acari e Nova Iguaçu. Nelas,
mais de 400 jovens de baixa renda treinam
com professores de educação física.