Livro 03 final-EVALDO.indd - Ministério do Esporte

De resíduo animal a fertilizante
Foto: Arquivo / UFRRJ
N
o Centro Nacional de Hipismo, o
Centro Nacional de Pesquisas em
Solos, da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária – Embrapa
– implementou, durante o Pan, um sistema que
transforma estrume dos cavalos em composto
orgânico utilizável na agricultura. No local,
eram produzidos cerca de 30 kg de dejetos
diariamente por cavalo abrigado para as provas
do Pan. Esse volume não virava lixo, mas
era reaproveitado como adubo.
As áreas verdes do Complexo de Deodoro
que mais necessitam de fertilização receberam
o material, que foi transformado pelo
processo de compostagem, para ativar os
nutrientes e produzir substâncias orgânicas
reativas (húmus). Essa ativação ocorre a partir
de processos bioquímicos naturais: o estrume
é misturado com a urina e a serragem
das camas dos cavalos, formando pilhas que
são reviradas e molhadas de dois em dois
dias, sofrendo a ação de bactérias e outros
microorganismos.
A temperatura durante a compostagem funciona
de maneira semelhante à febre no ser
humano. Com a terra não é diferente, mas
neste caso a febre é positiva. De tempos em
tempos, os especialistas aferem a temperatura
das pilhas de restos orgânicos em transformação.
O momento de ápice ocorre no início
do processo e pode durar vários dias, che-
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gando a atingir 70ºC, o que signifi ca alta atividade
de bactérias, fungos e outros microorganismos.
Nesse momento, para potencializar
a decomposição dos resíduos e melhorar sua
qualidade, podem ser adicionados dois compostos
químicos: a zeolita, mineral poroso que
retém a umidade e nutrientes e reduz o odor; e
uréia, como fonte de nitrogênio que aumenta
a efi ciência do processo. As pilhas são, então,
reviradas, permitindo aeração e, se necessário,
molhadas para manter umidade e para que
haja o decréscimo da temperatura excessiva.
Quando a temperatura se equipara à do ambiente,
o material está pronto para ser usado
como adubo. “A compostagem facilita a gestão
ambiental. O lixo é transformado e utilizado
no mesmo local.”, avalia Ricardo Peixoto,
pesquisador da Embrapa Solos. Após o Pan,
a Escola de Equitação do Exército (EsEqEx),
que utiliza o Centro Nacional de Hipismo, absorveu
a tecnologia.
No Edital Prioridades Rio da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
(FAPERJ), publicado no fi m de 2007, foi aprovado
um projeto de parceria entre a Embrapa
Solos e a EsEqEx para aperfeiçoar a tecnologia
de compostagem de dejetos de 130 cavalos da
Escola. A implantação do sistema no local, que
realiza cursos de especialização, treinamentos
e eventos, permitirá divulgar a técnica para outras
regiões do Brasil.
Em Deodoro, dejetos
dos cavalos foram
transformados em
fertilizante natural