Livro 03 final-EVALDO.indd - Ministério do Esporte

Os relatórios do Observatório de Favelas
O
convênio 235/2006, do Ministério
do Esporte com o Observatório
de Favelas – organização
fundada em agosto de 2003 no
Complexo da Maré, Rio de Janeiro –, deu
origem a um dos materiais mais importantes
do projeto de legado social: dois relatórios,
que se complementam e radiografam, pela
primeira vez, as condições sociais e de infra-estrutura
esportiva de 53 favelas do Rio.
Em 18 de julho de 2007, David Winiger, assistente
de Adolf Ogi, conselheiro especial
do secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), visitou a Maré para conhecer
a pesquisa e elogiou a iniciativa: “O
Brasil executa um papel importante ao usar
o esporte e os Jogos como alavanca para
a transformação social do País. Esperamos
que o Pan seja mais que um entretenimento,
uma plataforma para promover os pontos
positivos do esporte”, disse Winiger.
No projeto básico apresentado ao Ministério
do Esporte, o Observatório esclarece: “O
diagnóstico será realizado em duas etapas
complementares: a primeira traçará um perfi l
social e esportivo das comunidades a partir
de dados do IBGE, IPP e do Observatório de
Favelas; a segunda etapa levantará, junto aos
moradores, as principais demandas sociais e
esportivas de cada uma dessas comunidades.
Essas informações e dados serão disponibilizados
para o Ministério do Esporte, demais
instâncias governamentais, as próprias
comunidades e o conjunto da sociedade.” A
equipe de pesquisadores defi niu como eixos
centrais quatro temas: políticas sociais, espaços
populares, violência urbana (em particular
a letal) e direitos humanos. O primeiro
relatório, Diagnóstico social e esportivo de 53
favelas cariocas, lançado em julho de 2007,
diz o próprio documento, “contém uma análise
mais quantitativa composta a partir da
sistematização de algumas informações estatísticas
de fontes secundárias, recolhidas
junto ao IBGE – Censo Demográfi co 2000, ao
Instituto Pereira Passos (Prefeitura do Rio),
ao Setor de Epidemiologia da Secretaria Municipal
de Saúde do Rio de Janeiro, ao banco
120
de dados do Observatório de Favelas; registros
administrativos referentes aos programas/projetos
culturais, esportivos e sociais
fornecidos pelos ministérios do governo federal
e secretarias da PCRJ; e à bibliografi a
referente à temática discutida”. Ainda segundo
o documento, seu objetivo é “tornar-se referência
para eventos desse porte no Brasil e
no mundo, de modo que sejam incorporadas
metas de melhoria dos indicadores sociais na
gestão do espaço urbano nos futuros calendários
desses eventos”. A tiragem de dois mil
exemplares foi distribuída para ministérios,
instituições não-governamentais e para as
favelas pesquisadas.
Já o segundo relatório, Demandas Sociais
e Esportivas, reproduz os resultados de
uma pesquisa junto a 330 moradores destas
áreas sobre suas carências esportivas
e sociais. “O trabalho foi feito ao longo de
pouco mais de um ano. Promovemos encontros
com as lideranças das comunidades
durante 2006. No início de janeiro de
2007, reunimos 150 lideranças em dois dias,
num grande seminário, para discutir as demandas
das favelas”, lembra Edson Diniz,
coordenador do projeto. Para chegar a um
abrangente número de líderes, o Observatório
firmou parceria com a ONG Cedaps
(Centro de Promoção da Saúde), que, segundo
Edson, “já possuía uma extensa rede
de contatos com as comunidades do Rio”:
“O Cedaps convocou as pessoas e nós fizemos
uma série de encontros para explicar
o que é legado social e discutir com
eles o que deveria ficar na cidade depois
dos Jogos”.
A missão de consultar a população ficou a
cargo de moradores das próprias comunidades.
Segundo o relatório Demandas Sociais
e Esportivas, “a participação destes
como pesquisadores de suas próprias comunidades
mostrou-se bem mais adequada
para se fazer apontamentos sobre as
diferentes realidades vividas, contribuindo
para a articulação social necessária ao
desenvolvimento do trabalho e, de modo