Livro 03 final-EVALDO.indd - Ministério do Esporte

A Baía e outros projetos ambientais
A
lém das ações em parceria com o
CO-Rio, outras questões ambientais
importantes voltaram ao debate
em meio à organização do Rio
2007. Uma das principais foi a despoluição da
Baía de Guanabara, a segunda maior do litoral
brasileiro, com 380 quilômetros quadrados de
área. Suas margens atingem a cidade do Rio
de Janeiro e outros 15 municípios fl uminenses.
Apesar de ser um orgulho fl uminense, a Baía
sofre com os efeitos da ocupação irregular do
solo em suas margens, dos índices insufi cientes
de saneamento básico, do lançamento direto
de materiais poluentes em suas águas e
da falta de tratamento dos despejos feitos por
grupos empresariais.
Apesar de ter retomado força como tema de
discussão pública, a conclusão do programa
de despoluição da Baía da Guanabara nunca
esteve entre as exigências da Organização
Desportiva Pan-americana (Odepa) para realizar
o Pan e nem foi prometida por qualquer
ente organizador. O projeto é complexo e ainda
exigirá, para os próximos anos, uma longa
agenda de trabalho conjunto, com a articulação
de governos, empresas, comunidades e organizações
sociais de todos os municípios envolvidos,
além de fortes investimentos públicos
e privados. Projetos desse calibre consomem
muito tempo em qualquer lugar do mundo. O
rio Tâmisa, em Londres, cidade-sede dos Jogos
Olímpicos de 2012, precisou de 150 anos
para ser totalmente recuperado. O processo,
gradual e não contínuo, iniciou-se em 1858 -
conhecido como o ano do Great Stink ou ano
do “grande mau cheiro” - e terminou em 2008,
tendo sofrido paralisações provocadas pelas
duas Guerras Mundiais e outras interrupções.
A despoluição do rio Reno, que corta a Europa
da Suíça ao Mar do Norte, levou mais de 20
anos para ser concluída, mesmo com investimentos
pesados da iniciativa privada e dos
governos de países banhados por ele, como
Alemanha, Suíça e França.
No Rio, a principal iniciativa de recuperação, o
Programa de Despoluição da Baía da Guanabara
(PDBG), criado pelo governo estadual, com-
240
pletou 13 anos em 2008. Ele inclui a construção
e a ampliação de estações de tratamento
de esgoto, emissários terrestres e submarinos,
barreiras de contenção de detritos e projetos
de coleta e de destinação de lixo. Além disso,
inclui ações de estímulo à conscientização da
população sobre a importância de limpar e
conservar as águas da Baía. “Não tenho como
defi nir um prazo, mas estou convicta de que a
União, o Estado do Rio e os municípios envolvidos
encontrarão o caminho para realizar esse
trabalho no menor tempo que for possível”,
afi rma Dora Hees, presidente do Instituto Baía
de Guanabara (IBG). Na avaliação de Dora, serão
necessários projetos para melhorar a qualidade
de vida dos moradores das margens. “A
despoluição é uma conseqüência do cuidado
com o seu entorno”, explica ela. “Se a população
não tiver uma estrutura para se desfazer de
seus lixos e esgotos, vai lançar tudo diretamente
na Baía.” Desde sua criação, o PDBG ajudou
a melhorar 32% do sistema de tratamento de
esgoto nos municípios e reduziu consideravelmente
o despejo de lixo industrial.