Livro 03 final-EVALDO.indd - Ministério do Esporte

As batalhas travadas no complexo esportivo
tinham três inimigos: Amblyomma cajennense
(carrapato-estrela), anocentor nitens (carrapato-das-orelhas)
e boophilus microplus (carrapato-de-boi).
Espécies mais encontradas em
eqüinos no Brasil, estes parasitas transmitem
principalmente as babesioses. O parasitismo
intenso pode levar o animal à morte ou tornálo
improdutivo ou inábil a atividades eqüestres.
Além do perigo aos animais, o carrapato-deboi
transmite um tipo de babesiose humana.
Os sintomas, que aparecem de sete a 28 dias
após a picada, são semelhantes aos da malária,
com febres, anemia, problemas intestinais,
cansaço, dor no corpo e calafrios. Para Carlos
Massard, da UFRRJ, havia ainda uma outra
preocupação. A principal doença transmitida
pelos carrapatos ao homem é aquela conhecida
no interior e no sudeste do Brasil como a
Febre Maculosa Brasileira, uma doença humana
grave, que, se não tratada nos sete primeiros
dias em que se apresentam os sintomas,
pode ser fatal.
Há ainda a Piroplasmose eqüina, mais uma
que pode ser comparada à malária. A bactéria,
transmitida através do sangue do animal,
se manifesta quando se exige grande esforço
do eqüino. Contaminado, o cavalo perde seu
valor, e seu desempenho esportivo é afetado.
Muitos morrem. Esta doença é controlada internacionalmente.
O Ministério da Agricultura
não permite que animais portadores de Piroplasmose
entrem em território nacional.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde
Animal (OIE), o Brasil é livre de peste eqüina
africana, encefalomielite eqüina venezuelana,
encefalite japonesa, febre do Nilo Ocidental,
arterite viral eqüina, durina, metrite contagiosa
eqüina e linfangite epizoótica – causadas por
insetos que parasitam animais. Por isso tamanha
preocupação com os cavalos do Pan.
As ações do Ministério tinham como objetivo
prevenir a entrada dessas doenças no País.
Outras, ainda, como mormo (que causa infecto-contágio
das vias respiratórias e pode ser
transmitida para o homem) e a anemia infecciosa
eqüina, precisavam ser controladas.
O extermínio, naquela área, trazia um dividendo
de saúde pública. O tratamento do animal
também previne doença nos seres humanos.
A base da estratégia de combate aos parasitas
era simples: prevenir a contaminação do
animal e torná-lo também um soldado nesta
guerra. “Ao se tratar o animal, ele se torna uma
armadilha viva para o carrapato, pois quando
o parasita vier mordê-lo, ele morre”, explica o
professor da UFMG Romário Cerqueira.
No combate às infestações de carrapatos, evitar
sua reprodução é um dos principais focos.
Dependendo da espécie, uma fêmea pode pôr
até seis mil ovos. O projeto abrangia todos os
ciclos de vida dos insetos. Três etapas faziam
parte da estratégia de combate. O primeiro
passo foi realizar visitas prévias – estágio fi nalizado
após 75 incursões exploratórias. Então,
foram decididos os pontos de exterminação e
deu-se início à pulverização. Pela estratégia,
semanalmente, todos os animais do Exército
que habitam o Complexo – entre eqüinos
do Regimento da Escola de Cavalaria (REsC),
ovinos e cães – seriam cercados em currais
especialmente construídos para esse fi m. A
ação estava prevista para ser executada de
abril a outubro de 2006 e de abril de 2007 até
o início do Pan, quando os carrapatos estão
em suas fases jovens, de larvas e ninfas.
No entanto, os currais não puderam ser construídos
a tempo hábil para o conjunto de ações
tornar-se efetivo. Como as bombas são móveis
e os animais não puderam ser manejados
em linha, a borrifação foi feita individualmente,
no interior das baias originais. O problema
tornou-se, então, uma vantagem. O resíduo
pulverizado em paredes, piso e teto das
baias possibilitou manter o ambiente livre de
qualquer forma parasitária, além de eliminar
moscas, mosquitos e outros insetos. Depois
desta ação inicial, medidas de manutenção
seriam tomadas mensalmente. Uma delas era
arrastar fl anelas brancas nas áreas gramadas,
para a verifi cação de presença de larvas de
vida livre (que não precisam de um outro organismo
para sobreviver, mesmo vindo a se
tornar insetos hematófagos). Também seriam
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