suposto estuprador da filha do dentista. Assim, Máiquel recebe cada vez maisencomendas para eliminar pressupostos delinqüentes, até que um dia o delegado Santanalhe <strong>of</strong>erece uma parceria em uma empresa de segurança que serve como disfarce para umesquadrão de morte bem organizado. Desta maneira, Máiquel ganha um estatuto social,pode levar uma vida de classe média alta e chega até a ser eleito como “Cidadão do Ano”pelo Clube Recreativo de Santo Amaro. Abre-se a perspectiva de ser eleito comovereador. A carreira termina quando mata uma pessoa que apenas aparentava pertencer aclasse social cuja eliminação é apoiada pelos grupos sociais que se valeram dos seusserviços de matador (aliás de gerente de mortes sob encomenda), deixando além do maisuma mensagem no cadáver escrita no seu próprio cartão de visita da empresa desegurança. As pessoas que tinham promovido sua ascensão social e proteção contra aaplicação das sanções previstas no Código Penal para os atos encomendados, não só seafastaram, mas também se tornaram inimigos perigosos.2. Violência do protagonistaA primeira questão que se coloca é como é possível que um vendedor de carros usados,torcedor do São Paulo Futebol Clube, sem envolvimento com crimes ou drogas chegue atornar-se um matador pr<strong>of</strong>issional que mata friamente sob encomenda e às vezes tambémsem encomenda? A análise subjacente da crítica de Schøllhammer (2001: 44) de que oromance não envolveria o leitor num drama de um homem em decadência moral, masimporia ao leitor, a sentir a mesma indiferença diante dos crimes executados, podemosconfirmar como sendo correta. Além disso – como Silveira (2000) mostrou de maneiraconvincente, Máiquel reúne em si todas as características de um herói mitológico comopor exemplo, a chamada à aventura (perder a aposta), a recusa do chamado (depois de terlançado o desafio do duelo, cogita desistir), o auxílio sobrenatural (ajuda do dentistaCarvalho), apoteose (Cidadão do Ano). O romance, portanto, não tematiza o declínio devalores éticos, tampouco nenhum drama interior levando o protagonista a tornar-se umassassino múltiplo. Pelo contrário, vale-se do modelo de herói mitológico bem conhecido4
pelos leitores, confrontando o leitor com a banalização do mal 7 . No entanto, ao contráriodo que as críticas sugerem, Máiquel evoca valores éticos, alternativas ao ato de matar,mas no final das contas nunca chega a uma ponderação ética e moral que faça com quechegue à conclusão de não matar. Às vezes não há nenhuma ponderação de valores éticose morais (p.ex. quando atira pelas costas do Suel e quando mata sua esposa), às vezes aponderação tem como resultado a aceitação da encomenda:“O homem para matar, os pensamentos vieram como carneirinhos e eu deixei que eles pulassem osobstáculos. Pularam. As coisas foram ficando claras, fui alinhando tudo. Eu mataria o Ezequiel porque eraimportante para mim. Dentes bons, cavalo dado, caça” (Melo 1995: 37).No caso do tiro em Suel o protagonista hesita bastante antes da execução, sentiu medopor ser inexperiente no manejo de uma arma (mas não por ser amoral matar uma pessoa),não se importaria em pedir desculpas (Melo 1995: 14), mas segue em frente sem ter umaexplicação racional tendo que recorrer a Deus desenvolvendo uma teoria depredestinação:“Realmente não dá para entender como é que um sujeito faz uma bobagem dessas. So há uma explicação:Destino. Antes da gente nascer, alguém, sei lá quem, talvez Deus, Deus define direitinho como é que vaifoder a sua vida. É isso. Era minha teoria. Deus só pensa no homem quando tem que decidir como é que vaidestruí-lo [...] Em mim ele pensou” (Melo 1995: 15).Depois da <strong>of</strong>erta do dr. Carvalho de matar Ezequiel, o suposto estuprador de sua filha, emtroca de um tratamento odontológico Máiquel “não achava nada boa a idéia de ter quematar outro cara” (Melo 1995: 33), sente compaixão do Ezequiel quando o vê pelaprimeira vez:“Falavam o diabo do Ezequiel e tudo o que eu via na minha frente era um pobre coitado. O Ezequielparecia um cachorro vira-lata, aquela magreza, aquela tristeza, aquela cara de fome de cachorro de rua”(Melo 1995: 43).7 Na entrevista com a revista turca Radikal sobre O Matador, Patrícia Melo faz explicitamente referência aHannah Arendt (cf. Koçak 2006).5
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