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dissertação de mestrado a gestão ea mudança cultural da telemar ...

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médico que acostuma com o sofrimento alheio. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, não temos culpa. A or<strong>de</strong>m vem<br />

do Rio, e pronto. Ou você cumpre, ou é <strong>de</strong>mitido junto.” 13<br />

Para a organização, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do que o marketing feito pelo pessoal <strong>de</strong> recursos humanos<br />

apregoava (e poucos acreditavam), a preocupação com <strong>de</strong>missões era uma constante, porque<br />

as pessoas são totalmente <strong>de</strong>scartáveis e valem apenas o que ren<strong>de</strong>m naquele dia. Não há<br />

histórico <strong>de</strong> serviços prestados que segure ninguém. Nem mesmo o fato <strong>de</strong> ser ou não ser<br />

produtivo ou valer o que ganha. Quando a or<strong>de</strong>m vem, não há saí<strong>da</strong>.<br />

101<br />

Quando questionados pela <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> alguém que possa fazer falta, a resposta é<br />

simples: ”Cumpra a orientação primeiro, <strong>de</strong>pois veremos o que po<strong>de</strong> ser feito.” Mas<br />

isso nunca acontece... você <strong>de</strong>mite e fica com o problema na mão. Ou mu<strong>da</strong> a forma<br />

<strong>de</strong> trabalhar, <strong>de</strong> controlar ou o mu<strong>da</strong> o processo como um todo ou então não faz<br />

na<strong>da</strong> e será o próximo a ser <strong>de</strong>mitido por não ter encontrado uma saí<strong>da</strong>. 14<br />

Quando abor<strong>da</strong>dos pelo entrevistador a respeito <strong>da</strong>s figuras <strong>de</strong> linguagem na Telemar, as<br />

primeiras imagens que vem estão sempre relaciona<strong>da</strong>s com essa situação hostil. A <strong>de</strong>missão<br />

traz sempre uma forte analogia com o corte <strong>de</strong> pessoas e esse corte nos remete às ferramentas<br />

que utilizamos para cortar. Mas esse não é um corte comum, é um corte <strong>de</strong> pessoas. Ou<br />

melhor, um corte <strong>de</strong> cabeças, portanto, um canivete, uma faca ou um outro objeto cortante <strong>de</strong><br />

pequeno porte não se apresenta apropriado por não garantir que, em um único golpe, se separe<br />

a cabeça do tronco como a imagem forma<strong>da</strong> no imaginário <strong>da</strong>s pessoas. Po<strong>de</strong>ria ser uma<br />

espa<strong>da</strong>, mas espa<strong>da</strong>s e cimitarras são objetos que estão por <strong>de</strong>mais distantes do nosso<br />

cotidiano. São raras as pessoas que possuem uma espa<strong>da</strong> em casa e, se têm, é para enfeite.<br />

Não há no Brasil, como no Japão, uma tradição <strong>de</strong> se reverenciar a espa<strong>da</strong>. É para nós um<br />

objeto perdido na história. Resta, portanto, o facão. Este sim, está muito próximo do nosso<br />

cotidiano. Nas mãos do ban<strong>de</strong>irante, <strong>de</strong>sbravou nossas florestas. Até hoje, no campo, é um<br />

objeto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nossos caboclos, no sul <strong>da</strong> Bahia, an<strong>da</strong>m com o facão na cintura<br />

para colher coco e cacau, cortar mato, etc. Em todo Brasil, on<strong>de</strong> existem canaviais lá está o<br />

facão na mão do trabalhador. Ferramenta indispensável no corte <strong>da</strong> cana para gerar álcool,<br />

açúcar e cachaça. Está presente também no sul do Brasil, nas <strong>da</strong>nças do folclore gaúcho.<br />

A imagem do facão que corta cabeças é uma imagem forte e significativa, representando com<br />

muita clareza o sentimento <strong>de</strong> um empregado num processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão. Faz parte portanto<br />

do imaginário coletivo do brasileiro. Mas ela não veio sozinha. A figura <strong>de</strong> linguagem<br />

13 Entrevistado E6<br />

14 Entrevistado E6

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