12.07.2015 Views

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— Edith, não percebo porque estás aqui. Não compreendo como <strong>de</strong>stecomigo…— Foi a Frankie que me disse.— Não o <strong>de</strong>via ter feito. — Frankie era uma velha amiga <strong>de</strong> Rooker.Era mais nova e embora se conhecessem há quinze anos, nunca tinhamdormido juntos. Gostava <strong>de</strong>ssa sensação, que a tornava para ele uma pessoadiferente. Por vezes enviava-lhe mensagens <strong>de</strong> correio-electrónico, a partirdo locutório da rua principal. Frances casara com um quiroprático, que conhecerano concerto <strong>de</strong> homenagem a Jerry Garcia, e residia agora com elee os três filhos, em Nova Iorque. Para Rooker era ainda surpreen<strong>de</strong>nte pensarem Frances com filhos, mas tudo levava a crer que ela <strong>de</strong>ixara para trásos seus dias <strong>de</strong> aventura e que agora tinha assentado para se tornar numamãe e mulher <strong>de</strong> família. Ele gostava <strong>de</strong> receber as suas mensagens, on<strong>de</strong> elalhe contava o que os filhos faziam e a última gracinha do bebé. O marido,Ross, era enfadonho, mas boa pessoa.— Bom, mas fê-lo.Controlou a cólera que sentia. Entre todas as namoradas <strong>de</strong> Rooker,Edith fora sempre a preferida <strong>de</strong> Frankie. E esta tinha a sua morada, porquelhe enviara um livro pelo aniversário. Dera-lhe A Pior Viagem do Mundo 1<strong>de</strong> Apsley Cherry-Garrard. O livro encontrava-se agora na estante atrás <strong>de</strong>si. Já tinha lido algumas páginas.— Rook? — proferiu Edith, baixinho. Pousara o copo em cima damesa e aproximava-se <strong>de</strong>le, <strong>de</strong> mãos estendidas. Ao ver que ele não as agarrava,puxou-o pelo colarinho da camisa e ergueu-se em bicos <strong>de</strong> pés paralhe po<strong>de</strong>r beijar a boca. Sabia a whisky.— Não faças isso — or<strong>de</strong>nou ele. Despren<strong>de</strong>u-se do seu abraço e virou-lheas costas. A sala era <strong>de</strong>masiado pequena e não havia sítio nenhumpara on<strong>de</strong> fugir daquilo.— Amo-te — disse-lhe Edith, com uma voz diferente, impregnada <strong>de</strong>um tom agudo e repleto <strong>de</strong> acusações.— Não, não amas. Já te esqueceste.Ele não esquecera. A última vez que estivera com ela tinha sido emDallas. Fora para lá, para ocupar o lugar <strong>de</strong> piloto <strong>de</strong> uma companhia aérea<strong>de</strong> voos charter, mas o emprego tinha-se logrado ainda antes <strong>de</strong> começar,forçando-o a candidatar-se novamente a trabalhos na área da construção.Edith arranjara um emprego <strong>de</strong> bailarina. Estavam a viver juntos, <strong>de</strong>sta veznuma ligação que durara apenas algumas semanas. Houve uma noite emque tinham saído para tomar um copo.1N.T.: The Worst Journey in the World no original, consiste no relato da última expedição do capitãoinglês Robert Scott à Antárctida, entre 1910 e 1912.13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!