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Untitled - Saída de Emergência

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posta, nem teses sem provas. Gostava do seu trabalho, adorava-o até, masnão queria torná-lo na única razão da sua existência. A Antárctida era o<strong>de</strong>sconhecido e Alice preferia o mundo conhecido.As sobrancelhas <strong>de</strong> Margaret estavam unidas uma à outra e ela colocaraa cabeça <strong>de</strong> lado, como costumava fazer quando reflectia sobre umproblema. — Não estou a ver o que a felicida<strong>de</strong> tem a ver com seja o que for– disse, por fim.Não, comentou Alice para si própria.Para a mãe as obras eram concretizadas, tendo como base as melhorescapacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um e o aperfeiçoamento das mesmas. Não tinha medo,nem quaisquer dúvidas. Nem se importava com o conforto próprio, muitomenos quando havia um fim em vista., Na sua lista <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s a felicida<strong>de</strong>ocupava um lugar muito abaixo. Era isso o que Alice achava emborapensasse agora, ligeiramente surpreendida, que as duas nunca tinham faladosobre o assunto.— Lamento — repetiu.Trevor tacteava os bolsos do casaco <strong>de</strong> tweed, à procura dos cigarros.Por imposição <strong>de</strong> Margaret, ele fumava apenas no exterior da casa, e esta eraa sua forma <strong>de</strong> manifestar conscientemente o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> sair da sala.— Vou fazer café.— Ainda é cedo para tomarmos um cálice <strong>de</strong> xerez?Trevor e Alice falaram os dois ao mesmo tempo, num tom efusivo.Margaret levantou-se com dificulda<strong>de</strong> e dirigiu-se vagarosamente para asua mesa. Sentou-se <strong>de</strong> costas direitas, em frente ao teclado, aconchegandoao corpo o casaco <strong>de</strong> malha folgado.Decepcionei-a, pensava Alice. Isso não era um facto novo. Avançourapidamente para se colocar por <strong>de</strong>trás da ca<strong>de</strong>ira da mãe, ro<strong>de</strong>ando-lhe osombros com as mãos carinhosas.— Tomo uma chávena <strong>de</strong> café, obrigada.Mais tar<strong>de</strong>, Alice e Trevor passeavam no jardim.Tinham <strong>de</strong>scido o conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>graus atapetados a musgo, até alcançarema sebe que separava aquela proprieda<strong>de</strong> da do vizinho. Ao canto dasebe havia uma figueira-do-egipto que produzia <strong>de</strong>masiada sombra, peloque nada crescia <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong>la. A terra estava seca e nua, e cheirava a gato.Encostaram-se ao tronco irregular a fumar e a olhar para a casa <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>samarelecidas, ao cimo do jardim. Esta era <strong>de</strong>masiado gran<strong>de</strong> para duas pessoas<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e tinha adquirido um aspecto <strong>de</strong>scuidado. Nos caixilhos dasjanelas, a pintura estava já a <strong>de</strong>scascar e havia uma longa faixa <strong>de</strong> humida<strong>de</strong>no reboco, <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> um algeroz roto.Trevor traçou um sulco na terra com a ponta do sapato. — Tens a certeza?— perguntou, em jeito <strong>de</strong> tentativa.35

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