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Untitled - Saída de Emergência

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nente científica respeitável; provavelmente não está muito preocupado emsaber exactamente qual, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ela motive a a<strong>de</strong>são popular e que estejaassociada, <strong>de</strong> preferência, a alguns nomes famosos. É aqui que Margaret seenquadra.E a sua filha, por arrastamento, pensou cada um <strong>de</strong>les, sem o dizer.— Estou a ver.— Não te sentes tentada?Algures, a uma distância curta, ouvia-se o chiar <strong>de</strong> um cortador <strong>de</strong>relva. O jardineiro seria provavelmente Roger Armstrong, um matemáticocujos terrenos, do outro lado do relvado, eram cuidados com uma precisãomilimétrica, num contraste total com o <strong>de</strong> Peel. Trevor gostava <strong>de</strong> <strong>de</strong>ambularpor entre a vegetação e balançar-se em bicos <strong>de</strong> pés a espreitar paraos seus canteiros repleto <strong>de</strong> emaranhados <strong>de</strong> flores. Achava que um jardim<strong>de</strong>via ser um sítio para caminhar ou para se sentar a reflectir, um santuárioe não um local <strong>de</strong> trabalho. Nesse dia, como a testemunhar o seu ponto <strong>de</strong>vista, aquele local resplan<strong>de</strong>cia no meio do <strong>de</strong>salinho. As moitas <strong>de</strong> vergas<strong>de</strong>-ouroreflectiam a luz do sol e até o míldio nos ásteres tinha um brilhoesplendoroso. Graças à labuta <strong>de</strong> Roger Armstrong, o ar estava repleto doaroma luxuriante da relva no fim <strong>de</strong> estação.— De forma alguma — afirmou Alice, a sorrir. Era fácil dizê-lo, cominteira segurança.O pai ro<strong>de</strong>ou-a com o braço e apertou-a <strong>de</strong> encontro a si. No seu cheirohavia, como sempre, uma mistura a tabaco, a lã e a algo <strong>de</strong> si mesmo,perfeitamente limpo, mas também animal, como um cavalo ou um cão. Afilha roçou-lhe no ombro com uma das faces.— Estão está bem. Fico contente por te sentires assim tão realizada— comentou Trevor tranquilamente.Ao erguer a cabeça, Alice ouviu um suspiro seguido <strong>de</strong> um clique,como se o tempo tivesse parado pela segunda vez. Percorreu o caminhocom o olhar, até se fixar nas vergas-<strong>de</strong>-ouro, vendo-as como nunca as antesvira, marcadas por ondas <strong>de</strong> cor em vários cambiantes, enquanto escutava ozunido do cortador da relva numa série <strong>de</strong> notas vibrantes, que se espalhavamno ar como gotas <strong>de</strong> metal fundido.Era este o significado da felicida<strong>de</strong>? dizia para si. Apenas isto?O pensamento reflectia-se na sua cabeça como uma nota surda.Em seguida, o mundo voltou a lembrar-se do seu curso e seguiu emfrente. Tratava-se simplesmente <strong>de</strong> flores amarelas irregulares, nada maisque ervas daninhas em conjunto com o som do vizinho a trabalhar no seujardim, numa manhã <strong>de</strong> Verão cheia <strong>de</strong> sol.— E em relação à mãe? — perguntou Alice. — Vai conseguir fazê-la<strong>de</strong>scansar durante as férias?37

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