12.07.2015 Views

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

conseguir <strong>de</strong>scobrir a lógica que ali existia. De facto, ela era igual a Trevor ea Margaret: apenas uma cientista, <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> imaginação.Sem conseguir raciocinar, voltou <strong>de</strong> bicicleta para o escritório, escovouo cabelo e bebeu um copo <strong>de</strong> água. A seguir embrenhou-se, com cinco dosseus colegas, num <strong>de</strong>bate exaustivo relativo à distribuição das verbas para opróximo ano. Dedicou-se à redacção da acta, anotando com precisão meticulosaos diversos pontos <strong>de</strong> vista em discussão. De uma ou outra vez,quando alguém lhe dirigia a palavras, dava consigo a olhar fixamente paraa pessoa, enquanto se esforçava por incutir um significado ao seu discursoatabalhoado.— Sente-se bem, Alice? — perguntou-lhe o professor Devine, assimque a reunião terminou. David Devine era o chefe do <strong>de</strong>partamento e umvelho amigo dos pais.Ela encarou-o <strong>de</strong> frente e sorriu. — Sim obrigada, estou bem. — Averda<strong>de</strong> é que se sentia doente.Já no seu gabinete, ligou para Jo. — Vais estar em casa? Posso passar aí,quando sair do trabalho?— É claro que estou em casa. É on<strong>de</strong> me encontro sempre. Mas hoje,os bebés estão a ter um dia particularmente agitado.— Eu dou-te uma ajuda.Joe e Harry viviam em Headington. Alice subiu lentamente a encosta<strong>de</strong> bicicleta, fustigada pela <strong>de</strong>slocação <strong>de</strong> ar à passagem dos autocarros, sentindoque as pernas lhe pesavam como sacos cheios <strong>de</strong> areia molhada. Bateuà porta <strong>de</strong> Jo e encostou-se à pare<strong>de</strong> do alpendre, enquanto aguardava queesta lhe abrisse a porta. Quantas vezes estivera ela ali?Jo abriu a porta, com um dos bebés encostado ao ombro. Tinha umamão a apoiar-lhe a cabeça e mantinha-o seguro com o queixo e o antebraço.Na outra mão, trazia um biberão. Alice beijou-a, sentindo uma mistura <strong>de</strong>cheiros do bolçar do bebé e do pó <strong>de</strong> talco.— Entra — convidou Jo, Encolheu-se <strong>de</strong> encontro ao carrinho <strong>de</strong> bebéduplo, que lhe atravancava a entrada, e levou-a para a cozinha. O segundogémeo encontrava-se num berço portátil, em cima da mesa. Estava acordado,com os olhos negros a mirar as sombras que passavam por cima <strong>de</strong>le, notecto. — Queres uma chávena <strong>de</strong> chá? Ou vinho?— Sabia-me muito bem uma chávena <strong>de</strong> chá, obrigada — disse Alice.Achava que não ia conseguir reter o vinho, embora o efeito entorpecente doálcool até viesse a calhar. — Posso pegar nele?Jo passou-lhe imediatamente o bebé. Este franziu e pestanejou na direcção<strong>de</strong> Alice, que sentia que o estava a agarrar com aquele cuidado hirto e intranquilo<strong>de</strong> quem não tem qualquer prática. Ele reagiu, ficando igualmentetenso e voltando o rosto franzido para cima, preparando-se para chorar.49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!