<strong>de</strong> ter dançado com ele, mas nunca se encontravam no sítio certo ao mesmotempo.À uma da manhã, Jo e Harry regressaram a casa, transportando asca<strong>de</strong>irinhas pela escada, uma <strong>de</strong> cada vez. Becky e Vijay partiram às duashoras.— Eu telefono-te amanhã — prometeu Becky, com uma expressãopreocupada.— Não te preocupes. Eu fico bem.Os convidados mais resistentes ficaram até ao nascer do dia. Alice gostava<strong>de</strong> se ter embriagado, mas apenas sentia que estava gelada. Pete tinhapassado a última hora a tocar a sua viola e a cantar com a meia dúzia <strong>de</strong>pessoas que iam ficando. Nesse momento, estava no sofá, <strong>de</strong> cabeça baixa,a <strong>de</strong>dilhar as cordas e a murmurar qualquer coisa. Aos seus pés havia umcopo com whisky.Alice parou em frente <strong>de</strong>le, e Pete ergueu a cabeça para a ver, sem conseguirfixar os olhos num ponto preciso. À volta <strong>de</strong>les, a sala parecia ro<strong>de</strong>á--los com um abraço sufocante, transbordando com o peso dos objectos <strong>de</strong>cada um e com os acontecimentos da noite.Pete <strong>de</strong>dilhou uma corda e cantou — Só nós os dois, só tu e…eu.— Pete, vem <strong>de</strong>itar-te.Havia uma luz agreste no quarto. Alice <strong>de</strong>spiu o vestido preto e pendurou-ono guarda-vestidos, e Pete <strong>de</strong>sembaraçou-se da roupa, <strong>de</strong>ixando-acaída num monte. Deitaram-se e Pete emitiu um longo suspiro, voltando-sea seguir para se encostar a ela e colocar o braço sobre as suas coxas.— Quem era ela? — perguntou Alice.— Quem era quem?— A rapariga da tatuagem.— Tatuagem? Não sei. Todas as raparigas têm tatuagens. Menos tu.— Riu-se com a boca próxima do seu cabelo e ela estremeceu com a primeiraonda <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong> por uma intimida<strong>de</strong> que já <strong>de</strong>saparecera.— Ela estava ontem contigo. Na chata.— Na chata? Ah, sim, ela. Georgia.Alice colocou-se <strong>de</strong> costas, a observar o tecto. Se ele disser mais algumacoisa, pensava ela, estava tudo bem. Se eu tiver <strong>de</strong> lhe perguntar oque fazia ele com ela, não está. Os segundos passavam. Pelo canto do olho,sentia o relógio digital em cima da mesa-<strong>de</strong>-cabeceira. Os números ver<strong>de</strong>siam mudando, 23, 24. Então apercebeu-se, pelo respirar lento <strong>de</strong> Pete, queeste tinha adormecido.44
Capítulo Quatro— A tua mãe não está muito bem — informou Trevor.Alice estava sentada à sua secretária, no Departamento <strong>de</strong> Geologia. Tentaraconcentrar-se no seu trabalho, mas o olhar persistia em fixar-se na moldura<strong>de</strong> céu que avistava da sua janela. Nesse momento, pressionava o auscultadordo telefone contra o ouvido e os mapas que estava a estudar perdiam asua <strong>de</strong>finição, para <strong>de</strong>sfilar à sua frente envoltos numa névoa cinzenta. — Oquê? O que é que se passa?— Apanhou uma infecção nos pulmões. O médico do hotel está ligeiramentepreocupado com o seu estado.— Posso falar com ela?— Neste momento está a dormir.— Há quanto tempo está doente?— Há um par <strong>de</strong> dias.— Porque não me disseram?Trevor suspirou. — Tu sabes como ela é.Pequena, feroz, inabalável, impaciente a lidar com a fraqueza. Tão teimosacomo uma formação rochosa. Sim, Alice, sabia como era a sua mãe.— Vai trazê-la para casa? Quer que vá aí?— Não há necessida<strong>de</strong> disso. Tudo o que precisa é <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso e antibióticos.— Tem a certeza? Eu telefono-lhe mais tar<strong>de</strong> para saber como ela está.Dê-lhe um beijo meu quando acordar.Depois <strong>de</strong> Trevor <strong>de</strong>sligar, Alice tentou regressar ao trabalho, mas sentia-sedominada pela ansieda<strong>de</strong> e acabou por <strong>de</strong>sistir. Estava quase na hora<strong>de</strong> almoço. A casa <strong>de</strong> Jo ficava perto e ela teria umas palavras <strong>de</strong> conforto.Mas era com Peter que <strong>de</strong>sejava falar agora. Ia ter com ele ao atelier, paralhe contar o que tinha acontecido a Margaret. Podiam comer uma san<strong>de</strong>s etomar um café. Alice saiu da secretária <strong>de</strong> imediato e embrenhou-se com asua bicicleta no meio do trânsito.O atelier estava instalado num antigo armazém, ao fundo <strong>de</strong> um beco.As instalações <strong>de</strong> Mark encontravam-se fechadas, mas a porta pesada do45
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dos CDs. Comeu muito pouco, mas est
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Heathrow a piscar à distância. Tr