12.07.2015 Views

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— Sabes uma coisa, Al? Quando sorris <strong>de</strong>ssa maneira, ficas incrivelmentebonita.Ela fechou os olhos e ele beijou-a. Mas não, sem que Alice lhe visseantes um trejeito nos cantos da boca e num brilho rápido nos olhos escuros,que não foi capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>cifrar.Pete foi o primeiro a terminar o beijo. Bebeu o resto do champanhe <strong>de</strong>um gole e ergueu-se, brandindo a taça como uma espada. A água e as bolhas<strong>de</strong> espuma escorriam-lhe pelas pernas, juntando-lhe os pêlos escuros emlinhas muito finas.— Vamos ter uma festa em gran<strong>de</strong> — afirmou ele. Não fez qualqueroutra pergunta acerca da Antárctida. Alice fora categórica ao dizer que nãoiria, por isso não valia a pena voltar a falar do assunto.Foi uma boa festa.No jardim das traseiras, Pete remexia e revirava as salsichas e os pedaços<strong>de</strong> frango, no grelhador. Havia velas em pequenos potes <strong>de</strong> vidros,suspensos nos ramos da árvore, e a noite estava tão calma que as chamasardiam sem qualquer tremor. Os convidados traziam para o exterior os pratos<strong>de</strong> papel com a comida e os copos <strong>de</strong> vinho, para se sentarem no meioda escuridão cheia <strong>de</strong> borboletas nocturnas, com a música que vinha das janelasa flutuar sobre as cabeças. Entre os preparativos <strong>de</strong> última hora, Alicetinha arranjado <strong>de</strong>z minutos para enfiar um vestido preto que lhe <strong>de</strong>stapavaa linha dos seios e uma sandálias novas com saltos <strong>de</strong> agulha, que a faziamsentir-se mais alta, embora lhe <strong>de</strong>ssem também a ligeira sensação <strong>de</strong> estarprestes cair para a frente sobre os próprios pés.— Que belo vestido — comentou Mark, o escultor, com os olhos fixosna parte da frente. Alice riu-se e enfiou o seu braço por <strong>de</strong>baixo do <strong>de</strong>le,para o conduzir até ao grupo <strong>de</strong> pessoas mais próximo. A casa e o jardimregurgitavam <strong>de</strong> pessoas diferentes, pintores, escritores, leitores e cientistas,e ainda os velhos amigos, com quem Alice crescera. Oxford fora a sua casadurante a maior parte da sua vida, e ela adorava esta miscelânea e a interacçãoente os elementos diferentes que a compunham. Movia-se entre a multidão,rindo e conversando, apanhando <strong>de</strong> vez em quando o olhar <strong>de</strong> Pete,para confirmar se ele também achava que tudo corria bem. Neste tipo <strong>de</strong>eventos actuavam numa sintonia perfeita. Ao perceber que a festa já adquirao seu ritmo próprio, ela entregou-se ao prazer <strong>de</strong> a <strong>de</strong>sfrutar.Jo, a amiga mais antiga <strong>de</strong> Alice tinha vindo com Harry, o marido.Traziam com eles os gémeos <strong>de</strong> três meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, que agora dormiam nasca<strong>de</strong>irinhas do carro no quarto <strong>de</strong> Alice e <strong>de</strong> Pete.— Al, ando tão esgotada — murmurava Jo. Estava com umas olheirasenormes e o cabelo liso pendia-lhe sobre o rosto. — Eles nunca dormem41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!