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Untitled - Saída de Emergência

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alcance do outro. A seguir enfrentou o homem ruivo, vendo pelo canto doolho o pessoal <strong>de</strong> segurança do bar a dirigir-se na direcção <strong>de</strong>les.— Mariconço — rugiu o outro.— Lá para fora — rispostou Rook.A noite estava quente e pesada. De início, Rook quase não se conseguiamover, tolhido pela pressão da contrarieda<strong>de</strong> e da repugnância, mas quandoo punho do homem lhe bateu no canto do olho quase por acaso, a doracen<strong>de</strong>u-lhe na cabeça um rastilho com a brancura do fósforo. Deu-lhe umsoco, e outro soco logo a seguir. O homem caiu quase instantaneamente.Rook viu-lhe o rosto completamente <strong>de</strong>scomposto, com os <strong>de</strong>ntes e ossosdiluídos numa massa <strong>de</strong> sangue, e teve a sensação <strong>de</strong> que o tinha matado.Um horror doentio e uma onda <strong>de</strong> memórias vieram ao seu encontro, fazendo-orecuar <strong>de</strong> mãos erguidas para ocultar aquela cena.Deixou o homem jazido no meio do chão. Tinha largado Edith algures,no interior do bar, pelo que voltou para casa no meio <strong>de</strong> um movimentolento, doloroso e confuso. No chão da casa <strong>de</strong> banho viam-se asmarcas dos pés <strong>de</strong> Edith, em contornos <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> talco. Esfregou-as como flanco do punho, parecendo-lhe que o chão se inclinava para ambos oslados e que a cara esmagada do homem o olhava fixamente, do outro ladodo espelho.Quando voltou a acordar, Rooker viu que estava na cama, completamentevestido, e que ela dormia a seu lado. Olhou-a <strong>de</strong> revés, porque sóconseguia abrir um dos olhos. Edith tinha a cara esborratada <strong>de</strong> pintura àvolta dos olhos e formavam-se bolhas entre os lábios inertes à medida querespirava. A luz do quarto tinha uma tonalida<strong>de</strong> cinzento-escura e respirava-seum ar pesado. Sentou-se muito <strong>de</strong>vagar, estremecendo com a dor. Naalmofada on<strong>de</strong> pousara a cabeça havia sangue pisado. A saliva tinha umsabor amargo na boca.Tenho <strong>de</strong> me afastar daqui, disto, pensou ele.Antes <strong>de</strong> conseguir fazer outro movimento, Edith mexeu-se. Olhoupara ele, com os olhos a piscar e concentrou-se por momentos no que via.— Meu Deus — murmurou.Rooker levantou-se e virou lentamente a cabeça em direcção ao espelhodo guarda-vestidos. O olho esquerdo estava inchado, com a pele numtom <strong>de</strong> carmesim brilhante. As pestanas estavam reduzidas a espigões pretos,envolvidas nos tecidos contundidos. Tinha um corte grosseiro cujosbordos, em sangue, subiam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o centro do queixo até ao canto do olho.O homem <strong>de</strong>via usar um anel enorme. Ergueu os <strong>de</strong>dos para tocar naquelaárea, enquanto a memória do que tinha acontecido na noite anterior ia regressandoem pequenos fragmentos nada agradáveis. Edith continuava nomesmo sítio, sem se mexer.15

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