for fornecido tem o logótipo da Sullavan Company, bem como a ban<strong>de</strong>irada União Europeia. Terá ainda <strong>de</strong> receber alguma formação básica em matéria<strong>de</strong> sobrevivência. A British Antarctic Survey ace<strong>de</strong>u amavelmente afornecer-nos os nossos quatro membros britânicos, no espírito da unida<strong>de</strong>e cooperação europeias. — Sorriu com frieza.— Com este prazo tão curto, provavelmente não vai ter a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> conhecer os outros membros da expedição, em conjunto ou mesmoindividualmente, antes <strong>de</strong> chegarmos todos a Kandahar. Temos um grupoamplo, falando numa perspectiva geográfica. O que <strong>de</strong> resto faz parte daessência do projecto – não se trata <strong>de</strong> juntar um pequeno círculo restrito <strong>de</strong>amigos que passaram todos por Cambridge.Richard Shoesmith não pertencia a um círculo restrito daquela natureza,concluía Alice. E o mesmo não acontecia com Lewis Sullavan.— Dispomos <strong>de</strong> uma equipa completa para toda a estação, formadapor <strong>de</strong>z pessoas. Seis cientistas, a contar consigo, e quatro pessoas para serviços<strong>de</strong> apoio.Alice percorreu a lista <strong>de</strong> nomes que ele lhe esten<strong>de</strong>u, do outro lado dasecretária.Oito pessoas que ainda não conhecia e com quem iria passar cincomeses, numa cabana <strong>de</strong>bruçada sobre uma orla branca, na distância maislongínqua da terra. Lá fora, em Londres, os barcos do tamanho <strong>de</strong> brinquedossubiam e <strong>de</strong>sciam diligentemente o rio e os táxis eram disputados peloshomens <strong>de</strong> negócio para irem almoçar.— Seis nacionalida<strong>de</strong>s — prosseguia Richard. — Sete, se consi<strong>de</strong>rarmosa galesa. Não se trata <strong>de</strong> uma estação imensa como McMurdo, ou atéRothera. Iremos ser pioneiros numa base antiga e seremos nós própriosquem <strong>de</strong>fine as regras, à excepção das <strong>de</strong> segurança. Estaremos lá para nosajudarmos mutuamente e cooperar em todos os aspectos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ciência aoentendimento internacional e à limpeza da cozinha da base. Se houver umatarefa para fazer, seja ela qual for, espera-se que participe na sua execução.Um fluxo <strong>de</strong> cor inundava lentamente as faces já coradas <strong>de</strong> Richard.Aquilo motivava-o, aquela re<strong>de</strong> forte <strong>de</strong> um grupo multinacional que trabalhavaao arrepio das convenções comuns, e isso levava Alice a sentir-seigualmente motivada.— Conhece a nossa história dos Pólos? É claro que conhece. Sabe quea aposta <strong>de</strong> Amundsen 7 em relação ao Pólo se relacionava com os interessesda Noruega. Era uma questão <strong>de</strong> orgulho e <strong>de</strong> ambição nacional. Já Scottambicionava conquistar o Pólo, claro, mas a verda<strong>de</strong>ira razão das suas expedições,o i<strong>de</strong>al pelo qual ele e a sua equipa lutaram e arriscaram a vida, eram7N.T.: O explorador norueguês Ronald Amundsen foi o primeiro homem a chegar ao Pólo Sul, em14 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1991. Amundsen disputou a obtenção <strong>de</strong>sse marco com Robert Scott, o qualacabou por morrer na viagem <strong>de</strong> regresso, com parte dos seus companheiros.82
a exploração e a <strong>de</strong>scoberta científicas. Nós estaremos lá, igualmente, pelobem da ciência.Constatava que Richard Shoesmith era um cientista <strong>de</strong> uma ponta àoutra. Devia ser um investigador meticuloso e obstinado, mas não conseguiriacertamente escrever um poema com uma tal paixão que viesse ainspirar duas gerações, tal como o fizera o seu avô, o amante da botânica.Alice sentia que a boa impressão e a simpatia em relação a ele estavam aaumentar.— Sim — anuiu.A reunião estava a aproximar-se do fim. Falaram mais alguns minutossobre aspectos práticos relacionados com os preparativos e a viagem, e emseguida Alice levantou-se e Richard acompanhou-a até à porta. Estavama apertar a mão, quando ele lhe perguntou — Tem disponibilida<strong>de</strong> paraalmoçarmos?Passavam vinte minutos do meio-dia e combinara encontrar-se comBecky à uma da tar<strong>de</strong>, num bar em Clerkenwell. — Lamento. Ia agora encontrar-mecom uma amiga.Ele não tinha obrigação <strong>de</strong> a convidar para almoçar. Isso não estavaincluído no processo <strong>de</strong> selecção. Estava a perguntar-lho porque isso lheinteressava. Ambos o sabiam. Ela sorriu-lhe <strong>de</strong> novo.— Claro. Bom, então <strong>de</strong>sejo-lhe boa sorte nos exames e em tudo oresto. Voltaremos a falar.— Sim. Obrigada pelo seu convite para participar na expedição. Estouansiosa por começar.Quando os olhos dos dois se encontraram pela última vez, ambos <strong>de</strong>ixavamtransparecer que esta tinha sido uma <strong>de</strong>claração ridiculamente supérflua.Becky já estava à sua espera. Entrelaçara as pernas no banco do barem metal martelado e tinha uma bebida ao seu lado, inclinando a cabeçasobre o Evening Standard. As ma<strong>de</strong>ixas <strong>de</strong> cabelo macio pendiam-lhe para afrente, formando uma cortina a emoldurar-lhe o rosto: Ao erguer a cabeça,avistou Alice. — Como correu? Espera, eu consigo perceber. És a rainha dopólo. Vais mesmo para lá? Meu Deus, Al, tu vais. Anda, vamos brindar aisso.Alice ria-se. Ainda não conseguia respirar <strong>de</strong>scontraidamente. — Vou— confirmou, com um ar <strong>de</strong>sfalecido. — Mal consigo perceber como tudoaconteceu, mas vou.— Por quanto tempo?— Cinco meses. A estação <strong>de</strong> Verão. Parto no final <strong>de</strong> Outubro e regressoem Março.À sua frente materializou-se uma bebida. Um copo alto com gelo e83
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ficar para o dia seguinte, o que eq
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alcance do outro. A seguir enfrento
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cópteros e das aeronaves a levanta
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A blusa da rapariga ergueu-se um po
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do com a sua experiência, a arte e
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pequena mesa rústica, e ainda uma
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Nessa manhã, Margaret respondia a
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tiu que a filha a conduzisse suavem
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