12.07.2015 Views

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

puxava o fecho das calças. Depois, inclinou-se para o lado para apanhar amala e segurou-a por instantes em frente ao peito, como se esta fosse parte<strong>de</strong> uma armadura <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.Peter abanou a cabeça e passou a mão pelos cabelos. Durante instantes,permaneceu em silêncio.Foi a rapariga quem falou primeiro. — Bem, o que posso eu dizer?Tinha uma voz do tipo grave e arrastado. Alice sabia que o carro estacionadolá fora <strong>de</strong>via ser o <strong>de</strong>la, talvez uma prenda dos seus vinte e um anos,dada pelo papá. Pete apreciava raparigas que não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong>le. Elaprópria se incluía nessa categoria. O pensamento fê-la sentir uma pontada<strong>de</strong> surpresa <strong>de</strong>sconcertante. Pete estremeceu, ao percebê-la no seu rosto,afirmando-lhe então em voz rouca — Al, ouve, isto não é…— Não é o que eu estou a pensar? É isso o que ias dizer?Ele ergueu a mão. — Georgia, é melhor ires embora.Com uma parte do seu raciocínio, Alice observava o quanto ela era bonitae como parecia tão jovem. Em contraste com esta rapariga <strong>de</strong>slumbrante,sentia-se velha e insignificante. Espantava-a também o seu autodomínio.Ela colocara a mala ao ombro e olhava impassível em redor da pequena divisóriapara ver se não se esquecia <strong>de</strong> alguma coisa. Inclinou-se para a frentee retirou o CD do leitor. Depois <strong>de</strong> o guardar no interior da mala, pôs-se emfrente <strong>de</strong> Pete, com as costas voltadas para Alice. Esta seguia-lhe fascinadasas linhas graciosas do pescoço e dos ombros estreitos.— Quando volto a ver-te?Ele teve o tacto <strong>de</strong> manifestar algum <strong>de</strong>sconforto. — Não sei. Talvezleve algum tempo.— Estou a ver. Bom, nesse caso, eu ligo-te. — Deu meia volta, olhando<strong>de</strong> passagem para Alice. — Tenho muita pena, sinceramente. Não estavaprevisto que isto fosse acontecer assim. Mas, como se costuma dizer, noamor e na guerra…E partiu.O que é que se podia dizer numa circunstância como esta? reflectiaAlice. Pete aguardava, preparado para lhe pegar na <strong>de</strong>ixa. Parecia um meninoda escola, à espera <strong>de</strong> uma reprimenda, meio truculento, meio rebel<strong>de</strong>.Ela <strong>de</strong>sejava dizer-lhe que ele era um adulto, um homem crescido. Não iriaconseguir safar-se sempre com o truque do rapaz travesso.— Vim até cá, porque a minha mãe não se encontra bem. Estou preocupadacom ela. Pensei que pudéssemos almoçar. Só umas san<strong>de</strong>s ou qualquercoisa do género. — As suas palavras preencheram o espaço que os separava.A expressão <strong>de</strong> Pete <strong>de</strong>u lugar ao alívio, como se a sua pena estivessesuspensa.— É claro que sim. Vamos então. On<strong>de</strong> te apetece ir?47

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!