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De repente, viram uma enfermeira a dirigir-se para eles. — Po<strong>de</strong>mvir para o pé <strong>de</strong>la — informou-os. — Vestem isto primeiro, por favor?Abotoam-se trás. — Entregava a cada um <strong>de</strong>les uma bata azul <strong>de</strong> papel.Alice e Trevor ajudaram-se mutuamente a vestir aquelas capas crepitantes ea atar as fitas na nuca.Margaret encontrava-se agora num outro cubículo, um compartimentoenvidraçado situado na extremida<strong>de</strong> daquela área do hospital. Do outrolado da divisória <strong>de</strong> vidro estavam instaladas mais três camas <strong>de</strong> rodas. Elaestava recostada sobre almofadas, com uma máscara plástica transparentesegura ao rosto com uma fita elástica. A máscara parecia <strong>de</strong>masiado gran<strong>de</strong>,como se fosse <strong>de</strong>stinada a abranger todos os ossos das faces e do queixo.Havia ainda um tubo intravenoso ligado ao seu braço. Ao aproximarem-se,fixou-os com os olhos abertos pelo temor.— Aqui estamos nós — disse Trevor. Os dois ro<strong>de</strong>aram-lhe a cama.Logo a seguir ao vidro, havia uma cama ocupada por um jovem indiano,<strong>de</strong>itado <strong>de</strong> costas e <strong>de</strong> olhos fechados. — Aqui estamos nós — repetiuTrevor.Alice olhou <strong>de</strong> relance para o lado, e viu uma ca<strong>de</strong>ira do outro lado docorredor. Foi buscá-la e colocou-a junto <strong>de</strong> Trevor, para que este se sentasse.Ele <strong>de</strong>ixou-se cair ali, bruscamente, como se as suas pernas estivessem quasea ce<strong>de</strong>r. Inclinou-se para colocar a mão sobre o braço <strong>de</strong> Margaret e estavirou a cabeça para o ver melhor.Algum tempo <strong>de</strong>pois adormecia.O tempo foi passando, enquanto os minutos eram assinalados pela cadênciavagarosa do ponteiro <strong>de</strong> segundos, no relógio <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> mesmo nadirecção <strong>de</strong> Alice. Ela foi buscar uma água à máquina <strong>de</strong> bebidas e <strong>de</strong>u-a aopai, mas este não quis sair do seu lugar nem o tempo suficiente para comeralguma coisa.De meia em meia hora, uma enfermeira vinha medir a pulsação e atemperatura <strong>de</strong> Margaret. O burburinho e as vozes nos compartimentosmais próximos da zona <strong>de</strong> urgências pareciam vir até eles através <strong>de</strong> ondas<strong>de</strong>nsas <strong>de</strong> ar saturado. O jovem indiano foi levado por um funcionário <strong>de</strong>bata ver<strong>de</strong>, e o seu lugar foi ocupado logo a seguir por um homem idoso,que olhava em redor com uma estranheza amargurada. A noite foi chegando.Alice imaginava as filas dos faróis dos carros ao longo das ruas e as pessoasapressadas a dirigirem-se para os sítios familiares, no final <strong>de</strong> um diaigual aos outros.Apareceu uma enfermeira nova para dar continuida<strong>de</strong> às observações,o que significava que a equipa da noite entrara ao serviço. Alice já tinha<strong>de</strong>cidido que tinha <strong>de</strong> convencer Trevor a comer alguma coisa, quandoMargaret abriu os olhos. Durante um momento <strong>de</strong> espanto, o seu olhar fi-59