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Untitled - Saída de Emergência

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ficar para o dia seguinte, o que equivalia a mais um dia. Juan arrastou-seem direcção à saída e Rooker fechou à chave o contentor <strong>de</strong> metal usadocomo ponto <strong>de</strong> apoio e <strong>de</strong>pósito das ferramentas. Na altura em que acabava<strong>de</strong> colocar o ca<strong>de</strong>ado no portão do gra<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> ferro, a escuridão já oro<strong>de</strong>ava por completo. Naquela latitu<strong>de</strong>, a noite chegava muito <strong>de</strong>pressa.Percorreu em passo acelerado o caminho <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida da colina, em direcçãoao centro da cida<strong>de</strong>. Aquela zona ainda pertencia aos subúrbios e asestradas que convergiam para as ruas principais não tinham sido limpas.Havia neve amontoada e suja junto aos <strong>de</strong>graus que davam para as portasestreitas das casas. Os edifícios assemelhavam-se a blocos <strong>de</strong> metal onduladopouco mais elaborados que o contentor do estaleiro, mas estavam pintados<strong>de</strong> cores garridas e na maior parte das janelas quase todas as cortinasestavam já corridas. À sua passagem, dois cães saltaram a rosnar por <strong>de</strong>trás<strong>de</strong>le, esticando as suas correntes <strong>de</strong> metal. Nesse momento, o frio já se intensificarafortemente. Ao virar à direita, sob a luz laranja e difusa <strong>de</strong> umcan<strong>de</strong>eiro, Rooker avistou as luzes <strong>de</strong> um avião a sobrevoar o céu, a baixaaltitu<strong>de</strong>. Tratava-se do voo nocturno <strong>de</strong> Buenos Aires, prestes a aterrar nonovo aeroporto.O bar para on<strong>de</strong> se dirigia não era nenhum dos estabelecimentos profusamenteiluminados, que se alinhavam na rua principal, paralela à amuradado porto. Esses locais estavam <strong>de</strong>corados com toalhas <strong>de</strong> mesa <strong>de</strong> xadreze quadros nas pare<strong>de</strong>s, e era aí que os turistas bebiam cerveja ou café a preçosextraordinários, antes <strong>de</strong> se dirigirem para as churrascarias. O <strong>de</strong>stino<strong>de</strong> Rooker ficava numa rua lateral, três <strong>de</strong>graus abaixo do nível do passeio eoculto por uma porta sem qualquer distintivo.Ao entrar, várias pessoas <strong>de</strong>sviaram os olhos das bebidas e algumasacenaram-lhe com a cabeça. Dirigiu-se ao balcão e uma empregada corpulenta<strong>de</strong>itou-lhe três <strong>de</strong>dos <strong>de</strong> whisky num copo, sem sequer lhe perguntaro que <strong>de</strong>sejava.— Hola — disse-lhe ela, entre <strong>de</strong>ntes, fazendo <strong>de</strong>slizar o copo pelo balcão.Já tinha perdido as esperanças <strong>de</strong> que Rooker lhe prestasse qualqueratenção.Este tomou o whisky em silêncio. O lugar não tinha qualquer atractivo,nem um ar confortável, munido apenas <strong>de</strong> bancos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e um chão <strong>de</strong>tábuas corridas e nuas. Tratava-se <strong>de</strong> um local seco e quente, com bebidasbaratas, e isso era o suficiente para quem quer que lá fosse. Era um bar paratrabalhadores sazonais, pescadores, marinheiros e ajudantes <strong>de</strong> cozinhavindos do estrangeiro, um sítio lúgubre numa cida<strong>de</strong> fronteiriça no pontomais longínquo do mundo. Ou quase o mais longínquo.Rooker estava a terminar a sua bebida e a <strong>de</strong>cidir se iria tomar outra,quando a luta começou. Surgiu sem qualquer aviso prévio, nem uma razão9

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