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Untitled - Saída de Emergência

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Heathrow a piscar à distância. Trevor fora, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre, um condutor assustadoramenterápido.— Como te sentes? — perguntou ele.— Sinto-me uma impostora. Não sou a mãe, nem uma pioneira ouuma exploradora. Receio o que possa vir a acontecer lá e que alguém metoque no ombro e diga “<strong>de</strong>sculpe, nós estávamos à espera <strong>de</strong> MargaretMather.” Tenho medo <strong>de</strong> os <strong>de</strong>sapontar. — E <strong>de</strong> me <strong>de</strong>sapontar a mim própria,po<strong>de</strong>ria ela acrescentar, ainda que a i<strong>de</strong>ia nunca a tivesse assaltado nomeio <strong>de</strong> todas as suas expectativas.Trevor retirou a mão do volante para lhe dar uma palmadinha no joelho,ao mesmo tempo que ultrapassava um camião, e Alice encolheu-se noseu assento.— Nunca penses nisso — or<strong>de</strong>nou. — Jamais serás uma impostora.Ela sorriu e ele voltou a colocar a mão no volante, endireitando <strong>de</strong>novo o carro.— Vamos ver — con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>u. Deixava muita coisa para trás, mastransportava consigo o amor do pai, um laço tão harmonioso e consistentecomo o fio <strong>de</strong> seda <strong>de</strong> uma aranha.Despacharam a bagagem e foram tomar um café num dos bares <strong>de</strong>primentesdo Terminal Três. Trevor tinha-lhe comprado um monte <strong>de</strong> jornaise <strong>de</strong> revistas, e as asas do saco <strong>de</strong> plástico cravavam-se nos <strong>de</strong>dos, enquantoos dois <strong>de</strong>ambulavam para matar o tempo. Ela pensou que nunca o tinhaamado tanto como agora.— Como é que foi, ao vê-la partir há tantos anos atrás?— Sentia-me tentado a implorar-lhe que não partisse. Por isso, ficavacontente quando ela se ia embora e eu tinha resistido a fazer essa súplica.Limitava-me então a esperar que ela voltasse.Se queres conservar alguém, primeiro dá-lhe liberda<strong>de</strong>.Trevor ficou imóvel junto à porta <strong>de</strong> embarque, a observá-la na filapara a apresentação do passaporte. Alice voltou-se para trás, antes <strong>de</strong> passarà frente do painel que a iria ocultar da sua vista.Atirou-lhe um beijo e o pai ergueu a mão.Depois seguiu em frente, <strong>de</strong>saparecendo-lhe da vista, em direcção àzona <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> metais e ao distante Sul.Entre a névoa e os salpicos <strong>de</strong> água, as instalações <strong>de</strong> Kandahar pareciamir crescendo.Ao olhar <strong>de</strong> novo para lá, Alice avistou uma linha <strong>de</strong> rochedos negrose a zona <strong>de</strong> rebentação. No meio do nevoeiro, <strong>de</strong>spontava um cais e doisoutros homens vestidos com impermeáveis laranja. Um <strong>de</strong>les, curiosamente,abria a boca num largo sorriso. O outro assobiava, como se aquela fosse97

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