12.07.2015 Views

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

Untitled - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

sintonia mútua. O que <strong>de</strong> facto acontecia durante esse tempo é que ele <strong>de</strong>viaandar com uma dúzia <strong>de</strong> mulheres, não te parece?Ia dar uma gargalhada para afastar daquela possibilida<strong>de</strong>, mas um movimentosúbito dos olhos <strong>de</strong> Jo bloqueou-lhe o riso na garganta.— O que é que tu sabes? Jo, por favor conta-me.Jo hesitava. — Harry viu-o numa noite. Num pub, próximo <strong>de</strong> Bicester.— Todas as pessoas vão a pubs, Jo. De facto, uma gran<strong>de</strong> parte da vida<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> Pete parece processar-se ali. Como lhe chama ele? Uma inspiraçãoprovi<strong>de</strong>ncial.Mas ao ver que Jo ficava calada, Alice sentiu que ruía a sua última <strong>de</strong>fesa.Eu era feliz? pensava. Ou estava apenas <strong>de</strong>terminada a sê-lo? — Continua— pediu <strong>de</strong>scorçoada.— Pete não o viu, porque nessa altura tinha a língua enfiada na garganta<strong>de</strong> uma mulher qualquer. Foi assim que Harry <strong>de</strong>screveu a cena. Eledisse-me que eles não tinham o ar <strong>de</strong> quem iria sair do parque <strong>de</strong> estacionamentoantes <strong>de</strong>…bom. Desculpa, Al, sou tão <strong>de</strong>sajeitada. Já me <strong>de</strong>sabituei<strong>de</strong> falar com pessoas a sério, não achas?— Era Georgia?— Não me parece que fosse ela.— Não. Estou a ver.No berço portátil, Charlie agitou-se e emitiu um queixume experimental.Jo comentou — Está a regressar à fase da animação. Vai ficar acordadoaté cerca das <strong>de</strong>z horas da noite. De certa maneira, pensava que tu sabiasque Pete era assim e que era essa a maneira <strong>de</strong> lidares com isso. Sabendosem saber.— Talvez — murmurou Alice. A humilhação dava-lhe vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> sedobrar ao meio, como se estivesse cheia <strong>de</strong> dores no estômago.— Tu mereces melhor — afirmou Jo, retirando Charlie do seu berço,enquanto este irrompia num berreiro até ao máximo dos seus <strong>de</strong>cibéis.Embalou-o e falou-lhe em voz baixa, para o acalmar.— Talvez — disse Alice outra vez.— Tu ama-lo?Sim, ela amava-o. Ou seria antes a imagem <strong>de</strong>le, o conceito <strong>de</strong> Pete,o que ela amava? Não só a ilusão <strong>de</strong> um lar que ambos partilhavam, mastambém a própria forma como a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nação e ausência <strong>de</strong> precisão <strong>de</strong>letinham levado a melhor, <strong>de</strong> uma forma anárquica, sobre a disciplina que seimpunha a si própria?Talvez fosse isso. A sua obra e as suas esculturas correspondiam apenasao lado visível <strong>de</strong> uma pilha gigantesca <strong>de</strong> lixo. (Claro que são, dir-lhe-ia ele.Tudo correspon<strong>de</strong> a uma metáfora do mundo. Sistemas arbitrários agluti-52

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!