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Untitled - Saída de Emergência

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— O que posso eu fazer? — perguntou-lhe ele. — Não me queres ver,recusas-te a falar comigo. Não me <strong>de</strong>ixas explicar aquilo que aconteceu.Olhou à sua volta, para enfiar <strong>de</strong> seguida as flores num jarro que elausava para regar as plantas dos vasos. Atirou-se para a única ca<strong>de</strong>ira vazia ecolocou a cabeça entre as mãos. O cabelo erguia-se hirsuto, como se tivessepassado os <strong>de</strong>dos por ele, vezes sem conta, num <strong>de</strong>sespero permanente. Éclaro que Pete iria transformar a rejeição no amor, numa peça <strong>de</strong> arte perfomativa.De acordo com os seus princípios, iria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se barbear, comerou dormir.— Não consigo dormir. Perdi o meu apetite. Alice, isto não tem graça.Porque tens <strong>de</strong> ser tão exasperantemente empírica em tudo? Eu amo-te esinto a tua falta, e é isso o que importa. Quero que voltes para casa.— Pete, eu fui ao teu atelier e vi-te no meio <strong>de</strong> uma cena <strong>de</strong> sexo oralcom uma das tuas alunas. A mesma com quem te tinha visto no rio e amesma que estavas a beijar na nossa festa. Por outro lado, Harry viu-te numpub, próximo <strong>de</strong> Bicester, a beijar uma pessoa inteiramente diferente...— O quê? Não me parece que isso seja possível. Em <strong>de</strong>z anos nuncaestive num sítio próximo da maldita Bicester.−…sou empírica se interpretares assim a minha reacção em sequênciaà minha observação. De que outra maneira po<strong>de</strong>ria reagir àquela evidência?“Oh, vejam, está ali Peter com a Georgia. Aquilo que ele está a fazer éuma prova do seu amor por mim”.— Não consigo suportar esse teu modo assim tão sarcástico. Isso nãocondiz contigo.— De facto, já <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> me interessar aquilo que consegues ou nãosuportar em mim.— Alice, por favor. — Ergueu-se e aproximou-se <strong>de</strong>la. Enlaçou-a etentou puxá-la para si. Depois, ro<strong>de</strong>ou-lhe a cabeça com a palma da mãoe acariciou-lhe o cabelo. Teria sido fácil, sabendo como sentia tão intensamentea falta do seu calor e do seu cheiro, entregar-se, enterrar a cabeça noseu ombro e fingir que acreditava nele. Mas tudo não passaria <strong>de</strong> uma farsae Alice preferia os factos objectivos às especulações mais coloridas e persuasivasem relação à verda<strong>de</strong>.— Quero que te mu<strong>de</strong>s. Vou ficar em casa dos meus pais, até o fazeres.Dispões do tempo que precisares para encontrar outro sítio, mas esse é omeu <strong>de</strong>sejo.O rosto <strong>de</strong>le mudou <strong>de</strong> expressão.Sob a capa do remorso existira uma autoconfiança, porque ele partirado princípio que ia conseguir <strong>de</strong>molir as suas resistências. Ao constatar isso,Alice sentiu-se ainda mais abatida. Se ele assim o pensava, era óbvio quePete nunca a tinha conhecido verda<strong>de</strong>iramente. Tinham partilhado uma85

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